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Faz Bem!

Crossfit faz sucesso, mas tem médico que não apoia o treino hit do momento

Naiane Mesquita | 20/04/2016 06:15
Especialista em joelhos, Roberto Cisneiros já atendeu muita gente lesionada em crossfit (Foto: Fernando Antunes)
Especialista em joelhos, Roberto Cisneiros já atendeu muita gente lesionada em crossfit (Foto: Fernando Antunes)

Hit das academias, os treinos funcionais ou popularmente conhecidos como crossfit estão conquistando cada vez mais adeptos pela relação custo x benefício. Por serem de alta intensidade, os exercícios tem resultados mais rápidos e aparentes, como, por exemplo, na perda de peso. No entanto, para profissionais de saúde, a forma massificada como algumas academias trabalham com os alunos pode estar causando danos físicos de leves a complexos.

Um dos contrários a exercícios que não levam em conta as diferenças físicas de cada pessoa é o médico ortopedista, especialista em cirurgia de joelho, Roberto Cisneiros. “A quantidade de gente que recebemos que se lesionaram em treinos funcionais, em academias funcionais é muito grande. Isso acontece porque máquinas não dizem até que ponto você pode ir. Está lá o professor, ele passa 60 repetições de um determinado exercício para pessoas com diferentes tipos e necessidades físicas”, afirma Roberto.

O médico costuma brincar que é possível abrir uma clínica só para atender os lesionados em crossfit. “Eu exagerei, mas o número é grande mesmo”, ressalta.

Ao contrário do que alguns educadores físicos afirmam, nem sempre a dor é sinal de que o exercício está funcionando. Pode ser justamente o contrário. “As máquinas não são dimensionadas para pessoas, eu não sei qual é o seu limite, não sei qual é o limite dele ou o meu. Eu sei que meu corpo vai avisar que eu passei depois que eu passei do limite. Porque dói e quando dói já passou”, indica.

Especialista em joelho, Roberto é mais conhecido pelos pacientes com problemas nessa região do corpo, mas acredita que os treinos fazem vítimas em outros pontos, como tornozelo, ombros e costas. “O pior é que a dor é surda, você faz hoje errado, amanhã errado e só depois de um mês que vai doer. Normalmente a pessoa pensa o que eu fiz de errado hoje? Mentira, faz dois meses que você está errando. Qual é o problema desses treinamentos? Eu acho que não existe um dimensionamento correto do que cada corpo físico pode fazer em função do equipamento, que são suas pernas e seus braços, e você acaba indo fazendo treinamento exatamente igual a pessoas de perfis diferentes, idade e peso diferentes”, acredita.

Em casos de crossfit, nem sempre os exercícios são feitos com equipamentos e sim com o auxílio de pesos e até pneus, dependendo da estratégia adotada. A postura deve ser um dos cuidados que o paciente deve ter, assim como a forma correta de agachar ou saltar. Tudo influencia no melhor condicionamento físico e a evitar lesões futuras. “Pode não lesar agora, mas devargazinho. A hora que aparecer a dor vai ao médico. Todo mundo que você conversa, você percebe que não é um programa moldado a pessoa. É algo universal, você percebe que o treinador pode reduzir o peso, mas não observar o histórico de cada paciente”, aponta.

Para Roberto, o ideal é estabelecer um pré-limite. “A gente tem um limite físico que o corpo responde quando você ultrapassa esse limite. O certo é estabelecer um pré-limite, em que você vai aumentando gradualmente. Você estabelece esse pré-limite indo devagar, aumentar de forma lenta, de forma progressiva ou aumenta a carga ou aumenta a frequência, sempre em período espaçados e lentos. Quem avalia isso é você de forma intelectual ao lado do treinador. Não emocional, onde está aguentando? Vai mais. Porque o está aguentando pode ser que o seu corpo não esteja e não está te avisando”, frisa.

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