Emoções e dieta ruim podem causar Síndrome do Intestino Irritável
Barriga inchada ou estufada é mais do que a estética, é uma doença funcional, alerta médica especialista
Você já deve ter visto nas redes sociais vídeos onde a mulherada relata como acabou com a barriga estufada. As receitas vão desde coisas naturais, como canela em pó ou gengibre, a produtos prontos e caros que prometem resolver a famosa Síndrome do Intestino Irritável, ou SII. Mas, afinal, o que é isso? Para explicar o assunto, o Lado B trouxe a médica cirurgiã e endoscopista Déborah Garcia Said.
O problema é mais do que a estética, é uma doença funcional, ou seja, tudo aquilo que mostra fisicamente que não vai bem, mas que não é detectado em exames comuns.
De acordo com a médica, os pacientes que mais reclamam disso são pessoas jovens, que têm uma alimentação mais desregrada, com baixa ingestão de água durante o dia, ou aqueles que buscam resultados mais rápidos nos processos de emagrecimento ou ganho de massa muscular, por exemplo.
“Normalmente, é causada por essa disbiose, que é um desequilíbrio na microbiota intestinal, junto com fatores que podem piorar isso, que são ansiedade, depressão, estresse, o aumento do consumo de alimentos hipersaturados, hipercondensados e industrializados também."
A causa da síndrome não é unânime entre os estudos já publicados sobre o assunto, mas, nesses casos, pode haver uma hipersensibilidade intestinal responsável pelos sintomas, que pode se agravar pela ingestão de certos alimentos, como leguminosas, frutose, lactose e FODMAPs, que são um grupo de carboidratos de cadeia curta e açúcares que são mal absorvidos no intestino delgado.
Para quem ficou curioso sobre quais alimentos fazem parte da lista, segue uma pequena amostra: trigo, centeio, cebola, alho, alcachofra, leite, iogurte, queijos frescos, maçã, pera, mel, manga, ameixa e adoçantes artificiais como sorbitol, manitol.
“Tem gente que tem um pouco de sensibilidade ao queijo, por exemplo, mas pode ser outras doenças também. O paciente normalmente vai ao consultório e é feita uma investigação para ver se ele tem alguma intolerância à lactose, ao glúten. Sobre o SII, normalmente isso não tem nenhuma comprovação científica, não tem nenhum estudo que fale que vai ter tal enzima alterada, mas esse paciente tem uma hipersensibilidade visceral, ou seja, eles sentem mais essas alterações intestinais.”
Além disso, o tratamento também não é padronizado, não existe um único jeito de tentar melhorar o “efeito balão”.
“Normalmente, você aumenta a ingestão hídrica, às vezes a gente aconselha até o paciente a procurar um auxílio psiquiátrico, psicológico também, se tiver. Muito importantes os fatores emocionais. Fazer o uso de probiótico para tentar regular essa microbiota intestinal também, porque é um distúrbio multifatorial relacionado com alterações neurológicas diretamente relacionadas ao intestino.”
Déborah ressalta que o diagnóstico é feito seguindo alguns critérios de exclusão, como frequência do desconforto, cor das fezes, aspecto delas e se a dor melhora ou piora após o paciente ir ao banheiro.
“A dor abdominal deve ser recorrente, em média, pelo menos 1 dia por semana nos últimos 3 meses e deve estar associada a 2 ou mais alterações. Os sintomas podem ter uma forte relação com alterações psicossomáticas, como ansiedade, depressão, traumas e medo. Alguns pacientes apresentam dor abdominal associada a diarreia ou constipação, varia em cada paciente, podendo haver alternância desses sintomas no mesmo paciente.”
Ela destaca que a SII não causa complicações graves , mas caso haja sangramentos, perda de peso, desnutrição grave, é preciso realizar uma investigação mais cautelosa.

Sobre os vídeos dos produtos que prometem resolver o problema, a médica afirma que eles até podem ajudar a “desinchar” porque são à base de diversos chás e compostos diuréticos e antioxidantes. Mas que o resultado também pode ser obtido de graça apenas ingerindo água.
“Poderia ser resolvido somente com maior ingestão de água e alimentos à base de fibras e antioxidantes, como grãos, hortelã, frutas cítricas e vermelhas. E o outro produto é com termogênicos como a taurina, que podem ser encontrados em alimentos como peixes, frutos do mar e carne vermelha. Porém, em excesso, é prejudicial à saúde, podendo causar cefaleia, diarreia.”
Para ela, a associação de diversos produtos que não devem ser usados em excesso, pois têm efeitos colaterais, e sem orientação médica, é problemática, pois cada paciente tem suas particularidades.
“é sempre bom lembrar que o ideal é termos uma vida saudável, com alimentação balanceada, ingestão hídrica adequada e realização de atividade física proporcional a cada paciente, já que alterações como disbiose e má absorção podem ser solucionadas com isso.”
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