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Na luta contra o câncer, Mari descobriu na yoga a paz que faltava na vida

Naiane Mesquita | 16/12/2016 06:15
Marinez descobriu no yoga e na meditação uma forma de encontrar a paz (Foto: Alcides Neto)
Marinez descobriu no yoga e na meditação uma forma de encontrar a paz (Foto: Alcides Neto)

A vaidade foi o primeiro dos muitos pilares que Marinez Ayala, 35 anos, precisou derrubar dentro de si para seguir adiante com a luta contra o câncer. O diagnóstico que chegou pela segunda vez em fevereiro deste ano mostrava alterações no útero, ovários, intestino, bexiga e fígado. A notícia de que jamais teria a chance de engravidar e as inseguranças de seguir bem até o final do tratamento criaram crises de pânico frequentes, depressão e tristeza.

Nesse cenário de cirurgias e radioterapia, Mari descobriu no yoga uma chance de se reencontrar. “Em março quando eu fiz os exames o diagnóstico apontou que o câncer estava no útero, intestino, enfim. Tive que operar de novo para retirar o tumor, fazer a quimioterapia e a radioterapia”, conta Mari.

Essa não foi a primeira vez que a administradora precisou lidar com o câncer. Há um ano, exames apontaram alterações no ovário. “Fiz uma cirurgia, retirei os ovários, mas o útero permaneceu. Fiquei bem e repetia os exames há cada três meses. Nunca deu nada até fevereiro”, afirma.

Maju ao lado de Mari, companhia para a vida (Foto: Arquivo Pessoal)
Maju ao lado de Mari, companhia para a vida (Foto: Arquivo Pessoal)

Quando ficou frente a frente com a doença, Mari acreditou que a batalha que precisava travar era dentro de si. A busca pelo autoconhecimento e o amor a fizeram descobrir um novo caminho. “A primeira vez que o câncer apareceu eu coloquei na cabeça que eu precisava melhorar alguma coisa no meu interior, a ansiedade, eu não prestava atenção nas pessoas, até a questão da vaidade, eu sempre fui muito vaidosa”, explica.

Como a recuperação foi de certa forma rápida, Mari por vezes nem conseguia compreender o processo. “Eu tinha pavor pelo que passa na mídia. Tentei ser forte, procurei outros meios, naturais e fiquei mais tranquila. Tem dias que eu falava, nem parece que eu tive câncer. Mas, de repente aconteceu de novo. A doença é silenciosa, ela volta e aquele pesadelo retorna junto”, conta Mari.

Agora, com a segunda recuperação em vista, a jovem aprendeu que assim como a vida, o câncer precisa ser vencido todos os dias, aos poucos. Com os cabelos brancos e curtos, ela não tem medo de exibir a beleza naturalmente. Mantém o foco no amor pelo marido, a cachorrinha Maju e planeja um dia, finalmente, adotar uma criança.

“O tratamento em si não é doloroso porque o que mais afeta é a cabeça mesmo. Na primeira vez que o câncer apareceu, em 2014, o médico me disse, o que eu mais quero é que você fique bem da cabeça. Eu achava que era super forte, mas dá uma batida mesmo”, ressalta.

Agora, sentada no tapete do yoga duas vezes na semana, ela coloca a cabeça no lugar. Alinha os chakras e os pensamentos. Busca internamente a força para acreditar, que desta vez, é a última que precisa lutar contra a doença.

Nem mesmo a culpa de não ter engravidado antes a fez arrebatou. “Eu sempre quis me forçar, gosto muito de viver, viajar, sair. Estava em últimos planos ter um filho. Quando eu descobri que teria que tirar o útero também me deu aquela culpa, aquele remorso, me culpava muito por ter esperado. Mas, meu marido que foi um guerreiro e ficou ao meu lado o tempo todo, somos casados há 18 anos, me ajudou muito, me fez lembrar do porque resolvemos esperar e que sempre tinha sido a nossa escolha”, frisa.

Mari faz yoga duas vezes na semana e prática ajudou a superar os ataques de pânico e depressão que vieram com o tratamento do câncer (Foto: Alcides Neto)
Mari faz yoga duas vezes na semana e prática ajudou a superar os ataques de pânico e depressão que vieram com o tratamento do câncer (Foto: Alcides Neto)

De companhia, ao invés de bebês, uma cachorrinha. A poodle Maju veio como novidade na casa e hoje é de longe uma das maiores companhias de Mari, que sentiu na pele o isolamento social provocado pelos ataques de pânico e depressão.

“Eu me sentia muito sozinha, me afastei muito dos amigos, eu não era mais a mesma pessoa. Não conseguia sair de casa, tinha pânico de pegar o carro. Meu marido relutou um pouco, mas aceitamos a Maju e ela é uma companheira, trouxe vida a casa”, frisa.

Pronta para seguir em frente e com nenhum sinal de células cancerígenas no corpo, Mari é só alegria. “Me sinto em paz”.

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