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Faz Bem!

Todo dia na caminhada, eles viram figuras conhecidas no vai e vem da Afonso Pena

Thailla Torres | 21/01/2017 07:10
Saturnino diz que faz amigos pela avenida e ganha o melhor bom dia. (Foto: Thailla Torres)
Saturnino diz que faz amigos pela avenida e ganha o melhor bom dia. (Foto: Thailla Torres)

Na caminhada pela manhã na Avenida Afonso Pena, algumas pessoas até parecem familiares. Todos os dias, são as mesmas pessoas, cedinho, andando pela via mais importante da cidade, à vista dos que seguem para o trabalho ou escola.

O hábito de caminhar pela avenida, longe das academias, tem a justificativa de que na rua, além da liberdade, há cenas novas todos dias. Em uma hora, histórias como a do seu Saturnino, Jarbas e Rômulo, mostram como qualquer um pode mudar o dia para melhor.

É o caso do aposentado Saturnino de Oliveira Filho, que aos 70 anos, não se cansa de andar diariamente, há 13 anos na Afonso Pena.

Nascido na Bahia, registrado em Mato Grosso e criado em Mato Grosso do Sul, Saturnino não nega a felicidade e admiração por Campo Grande. "Naquele tempo, a situação era bem difícil, né. Meus pais saíram da Bahia em busca de trabalho. Não tinha carro, viagem era feita até a pé. Quando chegamos no Mato Grosso, eu tinha 13 anos, os documentos haviam se perdido e tive que ser registrado como se tivesse nascido ali", descreve.

Os anos seguintes foram vividos em Campo Grande e, por conta dos problemas de saúde da família, enxergou na caminhada um sentido para mudar de vida. Hoje, o reflexo é uma vida saudável, longe dos remédios aos 60 anos. "Não tomo nada, então coloco isso no primeiro plano. Engordar ou emagrecer, é uma consequência. Mas cheguei num hábito tão saudável que isso faz parte da minha rotina. Se eu faltar parece que o meu dia não é o mesmo", diz o aposentado.

Devagarinho, mas sem perder o sorriso, Jarbas, não perde a disposição aos 79 anos. (Foto: Thailla Torres)
Devagarinho, mas sem perder o sorriso, Jarbas, não perde a disposição aos 79 anos. (Foto: Thailla Torres)

Respiração e a parte digestiva foram as mudanças significativas com a chegada da idade. "Esses dias fui ao médico e não tenho problema com nada e ele me disse que é reflexo do exercício contínuo. Geralmente, eu saio às 7h30 e faço pelo menos 1 hora de caminhada", conta.

O cenário até parece o mesmo todos os dias, mas quem caminha consegue fazer uma história diferente por dia. De amigos a um bom dia sincero, quem escolhe ficar longe da academia garante contato com as pessoas. "Eu acho que academia não é pra sempre, mas confesso que quando eu venho aqui, tenho esse contato com a natureza e eu me sinto motivado a me renovar todos os dias", diz.

Alguns rostos já são até conhecidos para Saturnino. "A gente vira conhecido, enquanto caminha tem gente que passa e vai falando palavra de incentivo como, força, vá em frente e continue. Tem gente que até brinca chamando de teimoso em não desitir da caminhada", ri.

Em seguida, quem topou alguns minutos de conversa sem parar foi o pecurista Jarbas Correa, de 79 anos. Extrovertido e caminhando devagarinho, conforme o corpo aguenta, não demonstra cansaço e adora uma conversa.

Vivendo em Campo Grande há 40 anos, foi há um ano que a caminhada deu uma nova vida a Jarbas. "Se eu não fizesse isso aqui, poderia estar entrevado e sem andar para o resto da vida", lembra.

Rômulo, mesmo depois de aposentado, não abre mão do exercício físico. (Foto: Thailla Torres)
Rômulo, mesmo depois de aposentado, não abre mão do exercício físico. (Foto: Thailla Torres)

Foi no ano passado, durante um jogo de futebol que assistia com os netos, que sentiu uma forte dor na coluna. Sem saber o que era, Jarbas estava fora do País e conta que voltou ao Brasil preocupado. Não demorou muito para o diagnóstico mostrar um problema sério, que necessitava com urgência de exercícios físicos.

"Há muitos anos, quando era solteiro, capotei um carro, dias antes de marcar o meu casamento. Quebrei uma vértebra e naquele tempo o tratamento foi muito difícil. Mas depois disso segui minha vida normal, passei a vida fazendo todos os trabalho sem nenhuma dor. Mas quando estava fazendo 50 anos de casado, um dia meu filho me viu chorando de dor. Imagina só um velho chorando a essa altura do campeonato", brinca. 

Cheio de bom humor, Jarbas faz caminhada três vezes na semana, nos demais dias, por recomendação médica faz modalidades como pilates e aeróbicos. Mas não abre mão dos 30 minutinhos preciosos na avenida. "Isso daqui é maravilhoso. Preciso caminhar meus três dias sem falta", diz

Ele confessa que com a chegada da idade, a preguiça foi inevitável, mas conseguiu dar a volta por cima, graças ao hábito inserido na rotina. "Você vai ficando velho e fica preguiçoso, mas não pode se deixar abater. Veja bem, eu caminhava no Belmar Fidalgo, tinha minha turma, todo mundo de idade. Mas de repente todo mundo danou a morrer, aí resolvi largar mão e vir para a Afonso Pena, senão vai que o próximo era eu", brinca.

Bem disposto e carregando alteres nas mãos, feitos por ele com garrafa pet, Rômulo Teófilo Figueiredo, 68, é quem dá um show de determinação.

Aposentado do Exército, o hábito de caminhar na avenida acontece há 5 anos. Mas a rotina de exercício sempre fez parte do cotidiano.

"Olha, com esse tempo, melhorei tudo na parte mental, física, amorosa e tudo mudou para melhor. Nada para pior. Normalmente, saio de casa 7h ou mais cedo, porque não tem trânsito, então a gente consegue aproveitar tudo em todos os aspectos", conta. 

Rômulo diz que a caminhada diária mudou até a relação com as pessoas. "Deixa a gente mais delicado e amoroso. No fim de semana, uma parte do Parque dos Poderes é fechada, então, a gente tem contato com as famílias e amigos que fazem corridas. É saúde física e mental. A gente ganha de todos os lados caminhando. As pessoas têm que aproveitar e fazer, porque não é difícil", incentiva.

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