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Sabor

Documentário destaca mulheres que preservam a tradição da culinária pantaneira

Sete chefs e cozinheiras revelam histórias e sabores que mantêm viva a cultura gastronômica do Pantanal

Por Geniffer Valeriano | 17/11/2025 15:58
Documentário destaca mulheres que preservam a tradição da culinária pantaneira
Documentário reuniu sete mulheres que guardam a tradição da culinária pantaneira (Foto: Divulgação)

Por 90 minutos, o documentário "Mulheres da Fronteira – Uma Comitiva de Sabores" pelo Pantanal percorre a trajetória de sete mulheres que, há décadas, preservam o sabor e a tradição da culinária pantaneira em Mato Grosso do Sul. A produção levou nove meses para ficar pronta e cruzou diferentes cidades do Estado para registrar, passo a passo, o ritual que vai do mise en place à finalização dos pratos que carregam memória e identidade.

RESUMO

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O documentário "Mulheres da Fronteira - Uma Comitiva de Sabores" retrata a história de sete mulheres que preservam a tradição culinária pantaneira em Mato Grosso do Sul. Dirigido pelo chef Paulo Machado, o filme de 90 minutos é resultado de nove meses de produção e duas décadas de pesquisa sobre a gastronomia regional. A produção apresenta cozinheiras tradicionais, chefs e empreendedoras, incluindo a primeira chef indígena do Brasil, registrando suas histórias em cidades como Miranda, Aquidauana, Corumbá e Campo Grande. O documentário estreia em dezembro de 2023 e será disponibilizado gratuitamente no YouTube, com recursos de acessibilidade.

O projeto nasceu a partir de mais de duas décadas de pesquisa realizada pelo diretor-geral, chef e pesquisador Paulo Machado, que se dedica ao estudo da cozinha do Pantanal. “Dirigir Mulheres da Fronteira foi, antes de tudo, um mergulho profundo em histórias de vida que se encontram na cozinha”, afirma.

As entrevistas, gravadas ao longo de dois meses, tiveram como cenário o múltiplo ateliê da artista visual Lúcia Martins Coelho, em Campo Grande. Já as filmagens se estenderam por Miranda, Aquidauana, Corumbá e pela Capital, acompanhando desde a organização dos ingredientes até o momento decisivo de cada preparo.

O filme destaca mulheres que moldam a cozinha pantaneira, como: Dona Domingas Torales, cozinheira de tradição; Maria Adelaide de Paula Noronha, fundadora do Buffet Yotedy; Cristina da Rocha, pioneira do turismo gastronômico em Miranda e proprietária da Pousada Pioneiro; Lidia Aguilar Leite, turismóloga, chef e dona do Recanto Vale do Sol Turismo Rural, em Corumbá; Taina Elias Lopes, chef do restaurante Comitiva do Helinho, em Campo Grande; Kalymaracaya, primeira chef indígena do Brasil, da etnia Terena; e Jadi Tamasiro, responsável pelo emblemático Jadi Sobá da Feira Central.

Documentário destaca mulheres que preservam a tradição da culinária pantaneira
Chefs durant a gravação do documentário (Foto: Divulgação)

Lidia Aguilar Leite, que há 25 anos divulga a gastronomia pantaneira com fogão a lenha e doces típicos em Corumbá, resume sua história em uma palavra: orgulho. “Foi muito gratificante participar do documentário. Precisamos divulgar a nossa cultura fronteiriça, dar valor a ela e não deixar morrer nossas tradições, pois nós, Mulheres da Fronteira, fazemos parte da história”, afirma.

Para a chef indígena Kalymaracaya Nogueira, participar do filme significou reencontrar as “melhores lembranças” da infância na aldeia. “Cada prato que citei vai além de simples comida. Representa um ato de resistência e uma forma de manter viva nossa identidade, transmitindo os saberes para as próximas gerações. [...] Meu desejo é que o documentário sirva como reflexo para minhas ‘patrícias’, assim como uma porta de entrada para que mais pessoas possam nos conhecer, respeitar e valorizar a nossa cultura”, diz.

Nos bastidores, a produção também reúne nomes de peso. A direção de fotografia é assinada por Frico Guimarães, com experiência internacional no cinema, enquanto Mônica Guimarães assume a distribuição do filme, apoiada por uma trajetória consolidada em festivais.

A direção técnica, conduzida por Bruno Loiácono, transformou dezessete horas de material bruto em um filme que ele descreve como “uma tradução do Pantanal”. “O processo foi de escuta e precisão, como se cada corte fosse um compasso e cada transição uma passagem de ar. Tudo foi afinado à mão: o ritmo, as cores, o som, o silêncio”, detalha.

Documentário destaca mulheres que preservam a tradição da culinária pantaneira
Gravação das entrevistas durou dois meses, sendo realizada no múltiplo ateliê da artista visual Lúcia Martins Coelho (Foto: Divulgação)

Na trilha sonora, quem conduz a narrativa é a viola caipira. Sob a sensibilidade do produtor musical Rodrigo Faleiros, responsável pela composição e pela sonoridade do documentário, o instrumento se transforma em guia emocional.

“A viola caipira é o fio condutor que costura praticamente toda a trilha sonora do filme. É como um maestro que conecta as emoções e valoriza cada instrumento, cada elemento escolhido com cuidado para formar uma harmonia perfeita”, explica.

A pré-estreia do documentário será realizada no dia 8 de dezembro, no MIS (Museu da Imagem e do Som). No dia 10 de dezembro, será realizado o lançamento simultâneo com sessão no Cinemark e disponibilização no YouTube, às 19h. No cinema, os lugares serão destinados exclusivamente à imprensa, autoridades e equipe de produção.

A partir de 2026, o filme percorrerá festivais nacionais e internacionais de cinema, gastronomia e documentário. A produção é realizada com recursos da Lei Paulo Gustavo, sendo totalmente acessível, com audiodescrição, legendas e tradução em Libras.

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