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Meio Ambiente

Contra infestação de pombos, população apela para redes, garrafas e até CD usado

Não existem remédios ou produtos químicos que possam dispersar essas aves e matá-las também não é uma opção

Lucia Morel e Geniffer Rafaela | 21/09/2021 08:54
Ninho de pomba em estrutura metálica de garagem de condomínio. (Foto: Paulo Francis)
Ninho de pomba em estrutura metálica de garagem de condomínio. (Foto: Paulo Francis)

Comum ano após ano, a infestação de pombos, seja em prédios públicos ou particulares, ou em casas, é dor de cabeça e medo de doenças. Sem uma medida rápida e permanente, afastar esses animais depende de muita paciência, o que não envolve veneno, por exemplo. A melhor saída é criar barreiras físicas, já que não existem remédios ou produtos químicos que possam dispersar essas aves de maneira que não impacte o meio ambiente. Matá-las também não é uma opção, reforçam os especialistas no assunto.

Com frequência, o Campo Grande News é procurado por leitores que relatam ninhos de pombos no forro de suas residências e buscam ajuda de como proceder para que esse problema, muitas vezes, recorrente, não volte a acontecer. No entanto, especialista do CCZ (Centro Municipal de Controle de Zoonoses) afirma que livrar-se desses animais é trabalhoso.

Médica veterinária e gerente técnica do serviço de controle de raiva e outras zoonoses do CCZ, Cláudia Macedo diz que “todo trabalho de redução da população de pombos é exclusivamente com manejo e não é permitido (pelas leis ambientais) o uso de fármacos ou drogas. Não é algo muito rápido”, sustenta.

Tela danificada permite a permanência dos animais. (Foto: Paulo Francis)
Tela danificada permite a permanência dos animais. (Foto: Paulo Francis)

Assim, segundo ela, a forma mais eficaz para esse manejo é implantar barreiras físicas que impeçam o acesso das aves aos locais onde possam fazer ninhos. Outra medida determinante, é eliminar a oferta de alimentos, com lixos abertos, por exemplo, ou jogar migalhas para ver o passaredo. “Muitas pessoas acham que estão fazendo bem oferecendo alimento aos pombos, mas não é o ideal. Se eles têm alimento e onde se abrigar, vão se aninhar”, comenta.

Para a especialista, é necessário construir ou aumentar as barreiras físicas dentro dos telhados e até nas caixas dos aparelhos de ar-condicionado, colocando passarinheiras entre as telhas ou redes e telas. Mas tem gente que usa "espantalhos" modernos.

Em escola municipal, instalação de CD's para afastarem os animais funcionou por pouco tempo. (Foto: Paulo Francis)
Em escola municipal, instalação de CD's para afastarem os animais funcionou por pouco tempo. (Foto: Paulo Francis)

Diretora-adjunta da Escola Municipal Eduardo Olímpio Machado, no Bairro Ouro Verde, Cristiane Lahdo, 45 anos, conta que há cerca de quatro anos, a infestação era tanta que uma das saídas de baixo custo foi colocar garrafas pet nos espaços onde as pombas poderiam ficar. CD’s para espantar os animais através do reflexo da luz também foram instalados.

“No começo, pareceu funcionar, mas hoje, eles fazem ninho do lado das garrafas”, disse. Para ela, “a preocupação maior é que os pombos não são daqui, não sabemos de onde vêm e nos preocupamos com a saúde dos alunos”.

Conforme a veterinária do CCZ, o acúmulo de fezes de pombos, caso estejam infectados, são fonte de fungos que podem causar criptococose ou histoplasmose, doenças causadoras de meningite fúngica. Também podem disseminar pulgas – mais conhecidas como piolho de pomba – causando coceiras e dermatites.

Professora de Ciências na Eduardo Olímpio, Valquíria Carvalho Soares, de 39 anos, conta que os CD’s foram colocados, porque o reflexo deles afasta os pombos, “mas como o sol não fica o dia inteiro neles, não foi a solução mais eficaz. Os pombos são animais muito adaptáveis, por isso, que eles no começo sumiram, mas após um tempo, eles voltam”.

Morador ao lado da escola, Evandro Sebastião, 21 anos, diz que já teve muitos pombos em sua casa, mas que ultimamente, tem visto menos, provavelmente, porque os cinco cachorros da casa fazem com que os pombos não fiquem parados muito tempo por lá e “alguns acabam sendo comidos pelos cachorros”.

Exemplo de tela de proteção contra acesso de pombos. (Foto: José Henrique Zanoni)
Exemplo de tela de proteção contra acesso de pombos. (Foto: José Henrique Zanoni)

No estacionamento do Condomínio Garden São Francisco, no bairro de mesmo nome, as telas foram a saída para que houvesse mais “paz” e menos sujeira de fezes no local. A síndica Sandra Campos Faleiros, de 51 anos, conta que todos os dias, havia casos de veículos sujos ou o chão coberto de coco.

“As pombas são bonitinhas de longe, mas de perto, fazem muita sujeira. Elas fazem o ninho pros filhotinhos e embaixo fica muito sujo”, comentou, lembrando que quando os casos ficaram recorrentes, há cerca de cinco anos, tentou-se eliminar os animais com venenos que os afastassem pelo cheiro, mas sem matar. No entanto, eles acabavam indo para outro canto das estruturas metálicas.

“Conseguimos colocar as redes, uma telinha e graças a isso, conseguiu afastar, porque o produto pra afastar é temporário, mas com as telas, tivemos sucesso”, salientou. Ocorre que manutenção precisa ser dada e assim, alguns espaços já se abriram e há novamente alguns ninhos de pomba nas estruturas metálicas da garagem do prédio.

Para o engenheiro agrônomo, José Henrique Zanon, dono de uma dedetizadora, as medidas utilizadas para eliminar infestações de pombos são as vedações, "que podem ser feitas com telas ou outro material que impeça a entrada das aves nos ambientes onde formam seus ninhos" ou a captura, que "pode ser feita com gaviões ou falcões", mas por lei, "não se pode causar danos às aves", reforça.

Zanoni lembra que a limpeza de um local infestado deve ser feita com muito cuidado, principalmente, por quem vai realizá-la. "Devido ao perigo que é remexer nas fezes, recomenda-se a aplicação de solução de cloro (água sanitária) no local, antes de qualquer processo de higienização. As pessoas devem utilizar óculos bem vedados nas laterais, mascaras e luvas", ensina.

Eliminar a infestação com uso de animais predadores é outra forma de ação bem rudimentar, no entanto, deve ser analisado caso a caso e, geralmente, é usado em espaços maiores e na zona rural, conforme Cláudia Macedo do CCZ.

Em Campo Grande, no ano de 2015, aves de rapina foram usadas no Terminal Rodoviário da Capital para eliminar os pombos e deram certo.

As fezes que ficam no telhado podem causar várias doenças. (Foto: Kísie Ainoã)
As fezes que ficam no telhado podem causar várias doenças. (Foto: Kísie Ainoã)


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