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Meio Ambiente

Na contramão do País, desmatamento da Mata Atlântica avança em MS

Segundo monitoramento, Estado perdeu 140 hectares da vegetação original entre 2017 e 2018

Jones Mário | 27/05/2019 13:08
Relatório revelou que desmatamento das áreas de Mata Atlântica no Estado, como na Serra da Bodoquena, cresceu 21%. (Foto: Divulgação/Prefeitura de Bonito)
Relatório revelou que desmatamento das áreas de Mata Atlântica no Estado, como na Serra da Bodoquena, cresceu 21%. (Foto: Divulgação/Prefeitura de Bonito)

Mato Grosso do Sul perdeu 140 hectares de áreas de Mata Atlântica entre 2017 e 2018, segundo monitoramento da Fundação SOS Mata Atlântica e do Inpe (Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais). O número mostra avanço de 21% no desmatamento do bioma. Entre 2016 e 2017, foram eliminados 116 hectares no Estado.

De acordo com monitoramento, Mato Grosso do Sul hoje tem 712.374 hectares de Mata Atlântica em seu território, que correspondem a 11,2% da área original. O Estado foi o oitavo, de 17, na lista dos que mais desmataram entre 2017 e 2018. Os “campeões” em eliminação da vegetação nativa foram Minas Gerais (3.379 ha), Paraná (2.049 ha) e Piauí (2.100 ha).

De acordo com o diretor de Políticas Públicas da Fundação SOS Mata Atlântica, Mario Mantovani, o desmatamento em Mato Grosso do Sul se concentra na região da Serra da Bodoquena, que contempla municípios como Bonito e Jardim.

“É terrível. A Bodoquena carrega o lençol freático que sai em Bonito. O Código Florestal vem dando uma sensação de impunidade e fica difícil fazer um trabalho”, relata.

Mantovani explica ainda que a abertura de áreas para a agropecuária é o principal catalisador do desmate no Estado.

“Soja nas cabeceiras, drenagem das várzeas. Há uma cultura de degradação para abrir áreas. Hoje, O Estado poderia estar usando essas áreas para adequação, que a gente chama de CRA (Cota de Reserva Ambiental), mas não estamos conseguindo fazer isso em Mato Grosso do Sul”, completa.

O desmatamento da Mata Atlântica no Estado vai na contramão dos resultados nacionais. Conforme monitoramento, a destruição recuou 9,3% em relação ao período anterior (2016-2017), que, por sua vez, já tinha sido o menor desmatamento registrado pela série histórica. O relatório aponta que no último ano foram destruídos 11.399 hectares, ou 113 km², de áreas de Mata Atlântica acima de 3 hectares nos 17 estados do bioma. No ano anterior, o desmatamento tinha sido de 12.562 hectares (125 km²).

Em outubro do ano passado, o MPMS (Ministério Público de Mato Grosso do Sul) e de mais 14 estados iniciaram ação conjunta para identificar desmatamentos em áreas de Mata Atlântica, aplicar punições aos responsáveis e exigir a reparação de danos na ordem de R$ 5 milhões. Foram levantados 37 polígonos no Estado com cerca de 900 hectares de área suprimida na região em que se aplica a lei que protege o bioma.

De acordo com o Atlas da Mata Atlântica, restam 16,2 milhões de hectares de florestas nativas mais preservadas acima de 3 hectares, o equivalente a 12,4% da área original e a 15% do total do território brasileiro. Desses remanescentes, 80% estão em áreas privadas.

A reportagem procurou a Semagro (Secretaria de Estado de Meio Ambiente, Desenvolvimento Econômico, Produção e Agricultura Familiar), que não retornou até a publicação da matéria.

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