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Meio Ambiente

Sabatina de desmatamento de 12,3 mil hectares é marcada por críticas

População participou da audiência pública e por muitas vezes ficou sem defesa nas respostas de divergências

Gabriela Couto | 15/03/2023 23:53
Mesa da audiência pública para supressão de mata nativa do Pantanal, na fazenda Santa Maria. (Foto Reprodução)
Mesa da audiência pública para supressão de mata nativa do Pantanal, na fazenda Santa Maria. (Foto Reprodução)

Dezenas de perguntas foram feitas após a apresentação do projeto do EIA (Estudo e Impacto Ambiental) e Rima (Relatório de Impacto Ambiental) para supressão da mata nativa da Fazenda Santa Maria, localizada em Corumbá, próxima à vazante do Corixão, no Pantanal. A medida visa a implantação de brachiaria para alimentar o gado.

A audiência pública durou 2h30 na noite desta quarta-feira (15) e contou com a participação virtual de pessoas do Estado e do restante do País, preocupadas com o pedido.

Conforme apresentação do documento de 2017, a previsão do investimento de quase R$ 6 milhões é dobrar o número de cabeças de gado nos próximos quatro anos. Com 11.030 animais nas áreas já ocupadas na propriedade, a estimativa é chegar a 22.230 após a conclusão da troca de pastagem.

Dos 24,6 mil hectares da fazenda, apenas 35% da mata nativa será preservada, caso o Imasul (Instituto de Meio Ambiente de Mato Grosso do Sul) autorize o desmatamento. De acordo com legislação estadual, o instituto terá 60 dias para se posicionar após a audiência pública.

Todas as perguntas direcionadas ao órgão estadual que irá dar ou não a licença para a supressão vegetal não foram respondidas. Os questionamentos de pessoas que defendem o Pantanal também ficaram sem defesa ou argumentação de quem apresentou o relatório encomendado pelos donos da fazenda.

Parte do texto do relatório que explica o valor do investimento e da compensação ambiental para o desmate. (Foto Reprodução)
Parte do texto do relatório que explica o valor do investimento e da compensação ambiental para o desmate. (Foto Reprodução)

Apenas pontos técnicos foram ressaltados, como detalhes da retirada de 44,87% da propriedade. Dentre os pontos, vale ressaltar que se autorizado o projeto realizado há seis anos, serão cortadas todas as 601 árvores do local, com exceção das espécies protegidas como o babaçu, que alimentam animais ameaçados de extinção como a arara-azul.

Os responsáveis pelo estudo asseguraram que as árvores serão demarcadas e também servirão para garantir a sombra e proteção térmica do rebanho de cria, recria e engorda que irá ocupar o local.

Nos três primeiros anos serão retirados 3 mil hectares, a cada 12 meses, e no quarto e último ano de conclusão do projeto, o restante dos mais de 12 mil hectares de vegetação típica do Pantanal e do Cerrado. Além disso, o documento apresentado afirmou que em três dias de análise in loco na região, naquele ano de 2017, foram identificadas 1.293 espécies de animais silvestres diferentes na área a ser suprimida.

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