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Meio Ambiente

Sol é "tímido" mas anima produtores a retomarem ritmo de trabalho nas hortas

Basta uma trégua para horticultores de Campo Grande correrem contra o tempo para limpar áreas e preparar a terra nos canteiros.

Anahi Gurgel | 21/02/2018 18:56
Válter aproveita trégua da chuva em Campo Grande para retomar ritmo de trabalhos em horta. "Muita água prejudica a produção". (Foto: Saul Schramm)
Válter aproveita trégua da chuva em Campo Grande para retomar ritmo de trabalhos em horta. "Muita água prejudica a produção". (Foto: Saul Schramm)

O excesso de chuvas no mês de fevereiro tem preocupado os produtores rurais que cultivam hortas no perímetro urbano de Campo Grande. Após atrasos no plantio de mudas e perda na qualidade das folhagens, bastou um sol "tímido" na tarde desta quarta-feira (21), para animar a retomada do ritmo de trabalho nos canteiros da cidade. 

Na horta de Válter Neumann, 48, implantada em uma área de 7 mil metros quadrados, no Bairro Tiradentes, era intenso o serviço ao redor dos cerca de 80 canteiros de alface, rúcula, almeirão, cebolinha, salsa, coentro, brócolis, couve-flor.

“A chuva deu uma trégua e tive que correr para preparar a terra. Antes de tudo, tem que tirar o mato, que cresce muito rápido e invade as hortaliças. Depois, passo tratorito, adubo e planto as mudinhas, que estão na bandeja passando da hora de ir para os canteiros”, explica. 

Geralmente, a manutenção do terreno é feita por três pessoas, mas quando a chuva é intensa, Valter precisa contratar mais gente para dar conta do serviço de capinagem.

Por semana, com o tempo estável, são plantadas até 80 mil mudas, e comercializados de 4 mil a 5 mil pés de hortaliças. “Conseguimos manter essa venda, mas infelizmente o produto perde qualidade. A chuva machuca as plantas mais sensíveis, como alface, salsa.”, detalha, acrescentando problemas como solo encharcado e invasão de barro nos canteiros.

Canteiro de mudas em horta no Bairro Tiradentes. "Não se desenvolveram como esperado, devido ao período de chuva". (Foto: Saul Schramm)
Canteiro de mudas em horta no Bairro Tiradentes. "Não se desenvolveram como esperado, devido ao período de chuva". (Foto: Saul Schramm)

De modo geral, o excesso de chuva causa muitos problemas às hortaliças. Se o cultivo é feito a céu aberto, o risco é da chuva danificar as folhas, perdendo qualidade. Sem contar que, com muita umidade e calor, fica mais fácil o aparecimento de doenças.

"Em relação ao ano anterior, o fevereiro está excessivamente chuvoso, de forma atípica, e muitos produtores não estão preparados para enfrentar essas intempéries", avalia o inspecionista rural da Agraer (Agência de Desenvolvimento Agrário e Extensão Rural), Paulo Márcio Vieira da Silva.

“Nessa época já era para as chuvas estarem diminuindo, por isso está havendo atraso nas etapas do preparo do solo, como limpeza do terreno, gradiação, correção com calcário, adubação e plantio", diz. 

"A maioria dessas hortas é familiar, e os produtos são vendidos no local, nos mercadinhos de bairro, e o consumidor já tem percebido o impacto", acredita Paulo. 

Estimativa do Governo do Estado, é que existam cerca de 110 hortas no perímetro urbano da Capital, sendo apenas 20% implantadas no sistema de estufa.

Chuva "preparando" na tarde desta quarta (21), em Campo Grande. Alguns cuidados podem evitar prejuízos. (Foto: Saul Schramm)
Chuva "preparando" na tarde desta quarta (21), em Campo Grande. Alguns cuidados podem evitar prejuízos. (Foto: Saul Schramm)

Orientações – Quem dá algumas dicas para evitar prejuízos nas hortas devido às intensas chuvas é o agrônomo Victor Almeida, técnico do programa Hortifruti Legal, do Senar (Serviço Nacional de Aprendizagem Rural).

"A primeira orientação é quanto à escolha do local de plantio. Deve ser bem drenada, em terreno mais arenoso, para não ficar sujeito à encharcamentos. Se possível, faça o plantio em canteiros, não somente em covas no chão. Quanto mais elevada a terra, mais protegida a cultura", ressalta.

Atenção também para o investimento nas hortaliças mais resistentes, adaptadas e adequadas para cada época.

"Uma recomendação importante, principalmente para folhosas, é usar uma lona plástica como cobertura, para evitar que a força da água atinja as plantas. O respingo pode “ferir” a folha, e ela fica susceptível à fungos e bactérias", alerta.

De acordo com Victor, também é indicado o chamado telado, que reduz o impacto da chuva, além de proteger a horta do sol. O uso de defensivos é bastante comum, mas é fundamental respeitar as normas, como período de carência, quantidade, validade, EPIs (Equipamentos de Proteção Individual) e verificar se eles são próprios para a agricultura.

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