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Meio Ambiente

Turismo é alternativa aos produtores para evitar caça a onça-pintada

Renata Volpe Haddad | 06/04/2016 08:40
Turismo em avistamento de onça-pintada em MS movimentou R$ 30 milhões em 2015. (Foto: Aventureiros/ Divulgação)
Turismo em avistamento de onça-pintada em MS movimentou R$ 30 milhões em 2015. (Foto: Aventureiros/ Divulgação)

A grande população de onças-pintadas em Mato Grosso do Sul tem causado conflitos para os produtores de gado do Pantanal, pois os felinos costumam se alimentar de bezerros recém-nascidos. Para preservar a espécie e resolver o problema, entidades estão se unindo na causa.

Com essa situação a Ong (Organização não-governamental) Panthera, fundada em 2006, está trabalhando para levar soluções aos pecuaristas. O médico veterinário Rafael Hoogesteijn, esteve em Campo Grande na terça-feira (4) para dar uma palestra sobre o tema.

Há mais de 30 anos, o veterinário dedica a vida profissional a elaboração de estratégias de manejo de fazendas pecuárias e problemas de predação por felinos no rebanho. Hoogesteijn afirma que a onça do Pantanal é a maior do mundo, mas mesmo assim, não representa perigo nenhum de ataque.

"Temos que acabar com essa história de que onça ataca. Ela apenas se defende do ataque e na história, não há nenhum relato de humano que foi morto por uma onça-pintada", informa.

O veterinário que é venezuelano, comenta que entende o lado dos pecuaristas que enfrentam a seca, cheia e também tem que lidar com a perda de animais para a onça-pintada. "A importância do gado na dieta da onça-pintada varia muito entre as populações, de acordo com as condições ecológicas locais, como exemplo, a abundância de presas selvagens, sendo assim, o gado faz parte da dieta dos felinos", avalia.

Técnicas - Para que esse problema acabe, a fundação auxilia os produtores a usar métodos que inibem a aproximação do felino ao rebanho. "É preciso sim fazer um investimento, mas os prejuízos serão bem menores e os métodos eficazes", alega.

Um dos métodos avaliados e que tem dado certo, é colocar búfalos com o rebanho de gado. "O boi pantaneiro também é outra solução. Ele é forte e defende a boiada, assim como o búfalo, inibindo o ataque da onça", informa.

Bovino faz parte da dieta da onça-pintada no Pantanal sul-mato-grossense. (Foto: Divulgação)
Bovino faz parte da dieta da onça-pintada no Pantanal sul-mato-grossense. (Foto: Divulgação)

Outra alternativa utilizada pela fundação Panthera, é uso de currais noturnos com cerca elétrica com carga de alta voltagem. "Mas é preciso utilizar até cinco fios para que o felino não pule ou não passe por baixo. Fizemos muitos testes até aprimorarmos e realmente as onças sempre acham uma falha humana e ultrapassaram uma barreira mal feita", explica.

Utilizando a tecnologia, existe sensores de aproximação que são colocados no curral noturno. "Se algo se aproxima, um alarme sonoro dispara e uma luz acende, espantando a onça do local", comenta.

Turismo – Em contrapartida, o interesse de turistas de todo o mundo em ver a onça-pintada movimentou R$ 30 milhões em Mato Grosso do Sul no ano passado. 

O médico veterinário Rafael Hoogesteijn explica que se comparar as perdas anuais com gado e os ganhos com o turismo, os produtores saem no lucro. "No Pantanal de Mato Grosso do Sul, um pacote para turistas por três dias custa R$ 6,5 mil, o produtor ganha R$ 12 mil em menos de uma semana", alega.

Já com as perdas, o veterinário também faz uma conta rápida. "No ano, o produtor deve perder 63 animais que custam R$ 880 a cabeça, a perda anual é de R$ 50 mil, então o lucro com o turismo é bem maior", informa.

No entanto, as práticas inadequadas com o turismo para avistar uma onça, pode causar danos sérios. Hoogesteijn explica que muitos turistas usam cevas ou iscas para dar às onças. "Eles se aproximam muito dos felinos e colocam em risco a própria vida. O uso de iscas para aproximar os felinos de barrancos ou lugares abertos para ser vistos pelos turistas, faz com que a onça perca o medo do homem, associando gente com comida", alerta.

A onça-pintada é atrativo para turistas de todas as partes do mundo. (Foto: Aventureiros/ Divulgação)
A onça-pintada é atrativo para turistas de todas as partes do mundo. (Foto: Aventureiros/ Divulgação)

Instituto – Para o fundador e presidente do Instituto Homem Pantaneiro, Coronel Ângelo Rabelo, o Pantanal sul-mato-grossense possui um número significativo de onças-pintadas no conceito mundial. "Além disso, elas vivem em ambientes naturais, diferente da África, onde elas são confinadas em parque", informa.

Nos últimos dois anos, foram encontradas mais de 10 onças abatidas. "São registros de animais encontrados posteriormente, com marcas de tiros, vestígio de envenenamento e o que nos chama atenção é que felinos com colares que eram monitorados, também foram mortas", afirma.

O Instituto Homem Pantaneiro trabalha em uma área na serra do Amolar, um dos lugares específicos para a onça-pintada com mais de 300 mil hectares. "Fazemos a proteção desta área com apoio da Polícia Militar Ambiental, privilegiando e conservando a fauna silvestre, principalmente o felino e proteção da área", comenta.

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