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Política

Alegando traição, ex-aliado de Olarte delata esquema para cassar Bernal

Paulo Yafusso | 27/05/2016 16:41
Carta entregue ao Gaeco fala como Gilmar Olarte atuou para cassar o prefeito Alcides Bernal (Foto: Arquivo)
Carta entregue ao Gaeco fala como Gilmar Olarte atuou para cassar o prefeito Alcides Bernal (Foto: Arquivo)

Uma carta entregue ao Gaeco (Grupo de Atuação Especial de Repressão ao Crime Organizado) por Ronan Edson Feitosa de Lima, ex-assessor do vice-prefeito de Campo Grande, Gilmar Olarte (Pros), é mais uma das provas que desde março deste ano passaram a integrar a investigação da Operação Coffee Break. No documento, Ronan se disse “traído e esquecido por aqueles que se diziam meus protetores” e relata parte das supostas negociações para cassar o prefeito da Captial, Alcides Bernal (PP).

A carta foi entregue no início de outubro do ano passado e, em março, foi solicitada perícia para atestar se a assinatura é mesmo de Ronan Feitosa. No dia 18 de março último, as peritas do IC (Instituto de Criminalística) Maria das Graças Mujol da Silva e Glória Setsuko Suzuki assinam o laudo atestando que a rubrica e a assinatura são de Ronan Edson Feitosa de Lima. E, no fim do mês, o Gaeco pediu que o atestado passe a integrar o procedimento.

No documento, Feitosa afirma que desde a realização da Operação Adna pelo Gaeco no início do ano passado, ele era mantido sempre fora da cidade. “(...) Me foi prometida uma casa, tendo sido adquirida pelo valor de R$ 90 mil, porém até esta data repassaram apenas R$ 35 mil. Pagamento de R$ 5 mil por mês, para minhas despesas pessoais e ajuda de custo para viagens no valor de R$ 2 mil por semana. No entanto, desde junho passado isso não está sendo cumprido”, diz trecho da carta, que tem a data de 6 de outubro de 2015.

Segundo ele, desde a Operação Adna ele foi mandado para São Paulo, Rio de Janeiro, Santos, Dourados e outros lugares que não nominou. Ronan Feitosa afirma que, por conta da traição e das dificuldades que a família dele vem atravessando, decidiu procurar o Gaeco e que estará à disposição para dar informações detalhadas para a Polícia Federal e o Gaeco.

Ronan Edson Feitosa de Lima teve participação direta na arrecadação de dinheiro usando cheques de terceiros, supostamente para pagar despesas de campanha de Gilmar Olarte para vice-prefeito de Alcides Bernal. Ele afirma que nunca usufruiu do dinheiro pego emprestado junto a agiotas e que tudo era para o esquema de Olarte.

A Operação Adna foi deflagrada para investigar a captação de dinheiro para pagamento de despesas de campanha de Olarte, usando cheques de terceiros. Em troca, teria ocorrido negociação de cargos na Prefeitura, caso ele assumisse no lugar de Alcides Bernal.

Conforme consta no documento, além de Gilmar Olarte, teriam atuado na cassação de Alcides Bernal, Rodrigo Pimentel, André Scaff, Elizeu Dionizio e Fernando Pineis. Pimentel teria pedido a Olarte uma Secretaria na Prefeitura e “cargos no jurídico”. Scaff também teria uma secretaria caso o plano desse certo. Feitosa afirma ainda, que foi coagido e induzido a dar entrevista a uma emissora de televisão para inocentar Gilmar Olarte e assumir a culpa pelos empréstimos.

Alcides Bernal acabou sendo cassado pela Câmara de Vereadores no dia 12 de março de 2014, por 29 votos favoráveis e 6 contra. Na administração dele, Rodrigo Pimentel assumiu a Secretaria de Governo e André Scaff a Secretaria de Finanças. Já Fernando Pineis é procurador Jurídico da Câmara Municipal, e Elizeu Dionizio (PSDB) era o relator da CPI do Calote, criado para investigar o não pagamento a fornecedores da Prefeitura por Alcides Bernal. Atualmente, Dionísio é deputado federal.

Rodrigo Pimentel disse que em nenhum momento foi intimado pelo Gaeco a prestar informação mesmo como testemunha na Coffee Break. Afirmou ainda, que antes mesmo da cassação da Bernal já atuava como advogado de Gilmar Olarte em várias vezes, entre elas quando o partido pelo qual foi eleito vice-prefeito, o PP, tentou expulsá-lo. Pimentel enfatizou que não se envolveu no afastamento do prefeito e assumiu cargo na gestão de Olarte pela questão profissional e sem indicação ou negociação política.

O procurador jurídico da Câmara Municipal, Fernando Pines, também assinala que nunca foi chamado pelo Gaeco para prestar qualquer tipo de informação sobre a Operação Coffee Break. Ele acredita que Ronan Feitosa tenha citado o seu nome, porque na época era o procurador Jurídico do Legislativo que acompanhava os procedimentos da Câmara, entre eles os trabalhos da Comissão Processante.

O Campo Grande News também tentou ouvir os outros citados: André Scaff e Eliseu Dionísio. Foram feitas várias ligações nos celulares, mas eles não atenderam. Também foi procurado o advogado Jail Azambuja, que defende Gilmar Olarte em vários processos. Azambujza também não atendeu as ligações.

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