ACOMPANHE-NOS     Campo Grande News no Facebook Campo Grande News no Twitter Campo Grande News no Instagram
MARÇO, QUINTA  28    CAMPO GRANDE 27º

Política

Bernal sofre 2ª derrota na Câmara, em sessão marcada por discussão

Fabiano Arruda | 19/12/2012 16:09
Pregando independência do legislativo e acusando Bernal de falta de diálogo com a Câmara, vereadores aprovaram emenda que reduz autonomia do prefeito eleito. (Foto: Luciano Muta)
Pregando independência do legislativo e acusando Bernal de falta de diálogo com a Câmara, vereadores aprovaram emenda que reduz autonomia do prefeito eleito. (Foto: Luciano Muta)

Vereadores de Campo Grande aprovaram, na sessão desta quarta-feira, a emenda ao orçamento 2013 que reduz de 30% para 5% a possibilidade de abertura de créditos adicionais ao Orçamento municipal sem a necessidade de que as alterações passem pelo crivo do Legislativo.  Na prática foi um recado claro: sem conversar com a Casa ele terá dificuldades para governar.

A medida diminui a autonomia do prefeito eleito Alcides Bernal (PP) sobre os recursos públicos no ano que vem e foi aprovada, em primeira votação, mesmo após um pedido a cada um dos vereadores feito por Bernal, via telefone. E, numa sessão marcada por discussões acaloradas, os parlamentares impuseram, após a aprovação do congelamento do IPTU para o ano que vem, a segunda derrota do progressista na Casa.

A aprovação do orçamento, em primeira discussão, foi encerrada por volta das 14 horas. Tudo começou com a análise de destaque para cinco emendas ao projeto, feita pela vereadora Rosiane Modesto. As cinco proposições afetam a atuação de Bernal a partir do próximo ano, como a da suplementação. Além de Rose, parlamentares como Thaís Helena (PT), Marcos Alex (PT) e Marcelo Bluma (PV), defendiam que as matérias fossem apreciadas de forma separada ao relatório do orçamento.

O pedido de destaque foi colocado em votação e rejeitado pela maioria. Dez vereadores votaram favoráveis: Flávio César (PTdoB), Magali Picarelli (PMDB), Mário César (PMDB), Loester Nunes (PMDB), Vanderlei Cabeludo (PMDB), Cristóvão Silveira (PSDB), Airton Saraiva (DEM), Paulo Pedra (PDT), Lídio Lopes (PP) e Carlos Augusto Borges, o Carlão (PSB).

Outros nove foram contrários, votos vencidos: Clemêncio Ribeiro (PMDB), João Rocha (PSDB), professora Rose, Grazielle Machado (PR), Jamal Salém (PR), Marcos Alex, Thaís Helena, Athayde Nery e Marcelo Bluma.

Com isto, os apoiadores da redução dos critérios de suplementação para 5% conseguiram que as emendas fossem analisadas juntamente com o relatório do orçamento, ou seja, os parlamentares contrários ao tema, tiveram que votar da mesma forma a todo o relatório.

Em seguida, vereadores contrários e favoráveis ao relatório foram designados para fazer sustentação oral antes da votação, com tempo de dez minutos cada, conforme determinação regimental.

Vereadora Professora Rose foi uma das mais descontentes com o desdobramento da sessão.
Vereadora Professora Rose foi uma das mais descontentes com o desdobramento da sessão.

Athayde Nery e Mário César, que substituiu o relator do orçamento, Herculano Borges (PSC), ausente por motivos de saúde, foram os escolhidos para defender a disposição das peças com as emendas incorporadas. Marcos Alex e Thaís Helena representaram o outro lado.

Nery, que foi aliado de Bernal na campanha e adotou posição contrária nesta quarta, defendeu a redução para 5% da abertura de créditos adicionais como momento histórico para a Câmara Municipal, que, segundo ele, prova independência e autonomia com o posicionamento.

Alex criticou a situação. Lembrou que os prefeitos anteriores, André Puccinelli (PMDB) e Nelson Trad Filho (PMDB), tiveram 30% para suplementação e considerou a votação como retaliação política. “O Bernal tem que ser cobrado ao longo de seu exercício”.

Em aparte, Paulo Pedra afirmou que a diferença é que os peemedebistas priorizavam o diálogo com o legislativo municipal o que, para ele, não ocorreu com Bernal até agora.

Já Mário César lembrou que o prefeito eleito teve oportunidade de interferir e reverter a votação, ontem (18), quando foi chamado para participar da reunião com os vereadores, que discutiam o assunto. “Senão há diálogo com o prefeito eleito temos que legislar”, disse, ressaltando que as portas da Casa estão abertas para recebê-lo.

Carlão assegurou que a votação não se trata de retaliação política. Além disso, jurou que, caso Bernal procure os vereadores no ano que vem para pedir aumento do índice de suplementação, vai apoiá-lo.

A mais irritada com o desfecho dos trabalhos, Thaís Helena criticou os vereadores que impediram que a votação das emendas fosse feitas em destaque porque foi obrigada a votar contra o relatório do orçamento.

“O Bernal está em Brasília, onde cumpre agenda no Ministério das Cidades como senador Delcídio do Amaral e o deputado federal Reinaldo Azambuja. Ele pediu sensibilidade na votação”, comentou.

Ainda reclamou que não foi dada a oportunidade do debate em torno das emendas e argumentou que seu interesse era que Bernal tivesse as mesmas condições, sobretudo, em seu primeiro ano de mandato, que Nelsinho tem para administrar.

Passados os discursos, a “base” do progressista sofreu nova derrota e a matéria foi aprovada por 12 votos a 7.
Athayde voltou ao microfone durante a votação para lembrar que os vereadores tiveram consideração com Bernal e alguns, que possuíam mais de 70 emendas ao orçamento, retiraram a maioria num consenso para que cada um apresentasse apenas três proposições, sinalizando que o prefeito eleito não atendeu os parlamentares quando foi solicitado.

Outros vereadores também explicaram durante a sessão que, pela lei orgânica no município, a suplementação ao orçamento para Bernal poderia ser 0%, mas eles deram 5%. Tudo porque o chefe da administração municipal a partir de 1º de janeiro não dialogou com o legislativo.

Nos siga no Google Notícias