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Política

Bernal terceiriza serviço na Agetran e servidores ficam sem fazer nada

Zemil Rocha | 15/04/2013 08:01
Sinalização na avenida das Bandeiras é feita por empresa terceirizada (Foto: Divulgação/facebook Alcides Bernal)
Sinalização na avenida das Bandeiras é feita por empresa terceirizada (Foto: Divulgação/facebook Alcides Bernal)

O prefeito Alcides Bernal (PP), através da Agência Municipal de Trânsito (Agetran), vem contratando empresas terceirizadas para fazer pinturas de sinalização de ruas e avenidas de Campo Grande, mesmo tendo equipes de servidores especializados paradas, sem ter o que fazer. São cerca de 13 funcionários públicos, de duas equipes, que ficam sentados o dia inteiro porque a Prefeitura contratou terceirizada pra fazer esse serviço.

Um desses funcionários, revoltado por estar sem fazer nada, informou ao Campo Grande News que as duas equipes de pintura de vias da Agetran estão sem trabalho desde a posse do prefeito Alcides Bernal, em 1º de janeiro. “Se o serviço é muito não temos nada contra a prefeitura contratar empresa terceirizada, mas não dá pra aceitar que façam isso com o nosso pessoal parado”, desabafou ele, que preferiu não se identificar para não sofrer represálias da administração municipal.

Até o ano passado, quando o prefeito era Nelsinho Trad (PMDB), o setor de pintura de vias da Agetran trabalhava num ritmo intenso. “Eu trabalhava na equipe da noite e fazia o serviço das 18 horas até a meia noite. A gente chegava a fazer 600 a 800 metros de pintura por noite”, contou o trabalhador. A maior parte do serviço era pintura linear e de faixas de pedestres. “As da pista de ciclismo fomos nós que pintamos, assim como da área central”, lembrou. “Serviço era bastante”, acrescentou.

Hoje, segundo o mesmo funcionário, as duas equipes, da noite e da manhã, estão “praticamente paradas” por falta de serviços nas vias urbanas de Campo Grande. “Às vezes a gente faz serviço que é de fora do nosso setor, como cortar galhos de árvores”, revelou. Os funcionários mais antigos do setor de pintura de vias ganham em média R$ 1,9 mil por mês e os que são mais novos, R$ 1,2 mil.

Na obra mais recente, o caso recapeamento da avenida das Bandeiras, uma empresa terceirizada está fazendo a pintura de sinalização da pista. “É a empresa do Paulo Teixeira”, informou o funcionário da Agetran. Além de tirar serviço de equipes da própria prefeitura, as terceirizadas também estariam utilizando material de qualidade inferior.

“É material à base de água e daqui a pouco está tudo solto. Nosso material da Agetran é melhor”, garantiu ele.
Apesar das chuvas que estão caindo na cidade, segundo o funcionário, há muito serviço de pintura por ser feito nas vias urbanas de Campo Grande, enquanto as duas equipes da Agetran estão paradas. Parte do problema, segundo ele, é que , embora as equipes tenham equipamento, há deficiência na área de transporte. “Estamos sem caminhão, os veículos estão pifados”, disse.

Outros setores da Agetran, segundo o funcionário, também estão nas mãos de empresas terceirizadas, embora tenha servidores especializados para o serviço, como é o caso da colocação e manutenção de semáforos. “Alguns semáforos foram colocados por teceirizadas, mas isso já acontece desde a época do prefeito Nelsinho. E tem equipe para fazer esse serviço na Agetran, que acaba ficando só para manutenção, trocando lâmpadas”, explicou.

Há ainda paralisação involuntária de servidores que cuidam de implantação e manutenção de pontos de ônibus, além da implantação de cobertura e postes. “ Nesse caso, precisa fazer, mas não tem material, não tem combustível”, apontou ele.

Câmara investigará - O vice-presidente da Comissão de Transporte e Trânsito da Câmara de Campo Grande, vereador Alceu Bueno (PSL), ao tomar conhecimento da denuncia sobre a onda de terceirização, informou que vai propor investigação dessa situação e verificar a situação dos trabalhadores subutilizados pela Agetran. “Vamos ter audiência na terça das tarifas de ônibus e a partir dessa denúncia vou levantar as informações sobre essa situação”, disse o vereador.

Alceu Bueno afirmou que não lhe causou surpresa a existência dessa situação. “Parte do contrato de pintura das vias estava na mão da Solurb, que pegou várias vertentes da administração pública e isso é uma coisa que o Nelsinho não deveria ter feito. A Solurb tinha que cuidar daquilo que tem know how, que é a questão do lixo, mas pegou parte do serviço de bocas de lobo, pintura de meio fio, sinalização de transito e recolhimento de lixo, que era feito pelas caçambinhas”, criticou.

A reportagem do Campo Grande News tentou ouvir a presidente da Agetran, Kátia Maria Moraes Castilho, e o prefeito Alcides Bernal, mas sem sucesso. Bernal não atendeu às ligações telefônicas. Kátia tem dividido seu tempo entre Campo Grande e Juiz de Fora (MG), sua cidade natal. 

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