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Política

BNDES concedeu R$ 101 milhões a Bumlai, apesar de pedido de falência

Leonardo Rocha | 01/11/2015 10:05
Pecuarista José Carlos Bumlai conseguiu empréstimo com o BNDES, mesmo com pedido de falência (Foto: Gabriela Bilo/Estadão)
Pecuarista José Carlos Bumlai conseguiu empréstimo com o BNDES, mesmo com pedido de falência (Foto: Gabriela Bilo/Estadão)

O BNDES (Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social) concedeu crédito de R$ 101,5 milhões ao pecuarista de Mato Grosso do Sul, José Carlos Bumlai, amigo do ex-presidente Lula, apesar de existir uma norma interna que proíbe empréstimo às empresas que tenham pedido de falência pela Justiça.

De acordo com o jornal Folha de São Paulo, o empréstimo foi autorizado em julho de 2012, época em que o empresário já tinha sérios problemas financeiros, tanto que nove meses depois, ele entrou com pedido de recuperação judicial, por não conseguir pagar as dívidas.

Bumlai foi citado pelo delator Fernando Baiano, na operação Lava Jato, por receber recursos para repassar para familiares do ex-presidente Lula, fato que ele negou, dizendo que o montante foi justamente para pagar dívidas com trabalhadores de uma de suas empresas, por meio de um empréstimo legal.

Quando requisitou este crédito junto ao BNDES, o pecuarista já tinha tido pedido de falência pela Justiça, em novembro de 2011, em função de um fornecedor alegar dívida de R$ 523,2 mil, por esta razão, segundo a reportagem, este pedido deveria ter sido negado pela banco, que possui normas sobre o assunto.

A empresa que recebeu esta quantia foi a Usina de Etanol São Fernando Açucar e Álcool, que fica em Dourados, a 233 quilômetros de Campo Grande. Ela integra o grupo de empresas do pecuarista que podem chegar a falência. O grupo São Fernando inclusive teve este pedido (falência) feito pelo BNDES e Banco do Brasil, por não conseguir honrar seus compromissos.

Segundo o jornal, a dívida chega a R$ 1,2 bilhão, sendo R$ 330 milhões apenas ao BNDES, com parcelas atrasadas desde o ano passado. Quando a empresa entrou com pedido de recuperação judicial, culpou a política da Petrobras, que teria desestimulado o setor, gerando crise financeira.

Na época de expansão do setor, entre 2008 e 2009, a empresa chegou a receber R$ 395, 2 milhões do BNDES, em empréstimos em parceria com o grupo Bertin. Hoje o grupo do pecuarista tem sua gestão feita por uma administradora judicial, nomeada pela Justiça de Mato Grosso do Sul.

Defesa - A reportagem da Folha ouviu o BNDES que confirmou a existência desta norma (empréstimo), mas disse que ela é "flexível", dependendo do caso e da instituição, mas negou qualquer favorecimento ao amigo de Lula. "Cabe avaliar se a simples existência de um pedido de falência é ou não um impeditivo para contratação de financiamento", diz a nota.

A empresa São Fernando Energia explicou que foi uma operação indireta, pois outros bancos fizeram o repasse e assumiram o risco. O Banco do Brasil que intermediou disse que nenhuma das normas que regulam o setor foram desrespeitadas. O BTG não quis comentar ao jornal.

Já o advogado de Bumlai, Arnaldo Malheiros Filho, respondeu que não houve nenhum favorecimento do BNDES e que "banco público e de fomento existe justamente para conceder crédito para quem não consegue tomar recursos no mercado".

Ainda destacou que a maior prova que Bumlai não conseguiu benefícios por ser amigo de Lula, é que seu grupo está em recuperação judicial.

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