ACOMPANHE-NOS     Campo Grande News no Facebook Campo Grande News no Twitter Campo Grande News no Instagram
ABRIL, QUINTA  18    CAMPO GRANDE 24º

Política

CPI dos Cartões de Crédito recomenda medidas para reduzir risco

Karine Melo, da Agência Brasil | 11/07/2018 12:48
Leque de cartões de crédito; ter vários pode ser armadilha (Foto: Agência Brasil/Arquivo)
Leque de cartões de crédito; ter vários pode ser armadilha (Foto: Agência Brasil/Arquivo)

A Comissão Parlamentar de Inquérito dos Cartões de Crédito encerrou os trabalhos nesta quarta-feira (11) com a aprovação simbólica do relatório do senador Fernando Bezerra Coelho (MDB-PE). O documento recomenda ao BC (Banco Central) e demais órgãos reguladores do sistema financeiro a adoção de medidas para reduzir o risco de crédito, ampliar a concorrência no mercado, melhorar a educação financeira e evitar que os consumidores se endividem além do necessário.

Entre as principais medidas sugeridas no relatório está a de que o BC imponha um teto para a tarifa de intercâmbio na função crédito e que sugere à autoridade monetária e ao Cade (Conselho Administrativo de Defesa Econômica) estudo de medidas de desverticalização do mercado. “A verticalização do mercado de cartões, com os maiores bancos se tornando importantes emissores e controladores de adquirentes e bandeiras, permite que se crie uma série de subsídios cruzados, distorcendo os preços relevantes como, por exemplo, tarifa de intercâmbio, tarifa de desconto e anuidade dos cartões, com o objetivo de afastar a concorrência”, aponta Fernando Bezerra Coelho em seu o relatório.

Ao destacar ser prática comum nos Estados Unidos, Reino Unido e União Europeia a cobrança de tarifa de abertura de crédito rotativo, quando não é pago o valor mínimo exigido da fatura, o relatório propõe que o Brasil adote a cobrança de uma combinação de tarifa fixa e juros no caso do crédito rotativo.

Outra recomendação pede a transformação de recebíveis em títulos negociáveis dentro e fora do mercado financeiro e a alteração da forma de cobrança do cheque especial. Com isso, segundo o relatório, a expectativa é de que os lojistas poderiam, por exemplo, oferecer os recebíveis em garantia para fornecedores ou vender os títulos para fundos de direito creditório.

Para o cheque especial, o relatório recomenda que a cobrança atual, que corresponde a um percentual sobre o saldo negativo, seja modificada para uma combinação entre a tarifa fixa e o montante variável, proporcional ao valor do empréstimo. A expectativa da comissão é que em seis meses todas essas recomendações estejam implementadas.

Lojistas - O texto aprovado hoje (11) sugere ainda que o prazo para pagamento de recebíveis de compras com cartão de crédito a lojistas seja reduzido de 30 para 15 dias, e que em um período de 18 meses seja estudada a possibilidade para que esse prazo seja de apenas 2 dias.

Celeridade - O relatório recomenda que ganhem prioridade a tramitação de projetos considerados importantes pela CPI para o aperfeiçoamento do mercado de crédito. Na lista estão, por exemplo, o que trata do Cadastro Positivo; o projeto de lei sobre Recuperação Judicial e Falência (6.862/17); o projeto de lei que reduz a litigiosidade bancária (5.900/16); e o Projeto de Lei do Senado 243/2014, que permite a contratação de operações financeiras por meios eletrônicos/remotos, todos em análise na Câmara dos Deputados.

Há ainda uma proposta que estabelece a obrigação de que os bancos publiquem em seu site taxas de juros máxima, média e mínima, anuais e mensais, dos cartões de crédito que oferecem, bem como uma recomendação ao Banco Central para que adote, desde já e no âmbito de sua competência, as medidas possíveis para a implementação dessas medidas.

Outra proposta da CPI pede celeridade na votação que veda que a instituição emissora ou credenciadora do cartão de crédito exija exclusividade quanto à antecipação de recebíveis e imponha trava bancária além do volume de recebíveis necessários para garantir a operação de crédito.

Novos projetos - Além dos que já estão tramitando na Câmara e no Senado, o relatório sugere novos projetos de lei, como o que cria títulos de crédito (para os comerciantes) a partir dos recebíveis.

Outra proposta quer obrigar bancos e estabelecimentos comerciais a investirem parte do faturamento em ações de educação financeira, dando maior transparência sobre os juros cobrados por meio de orientações claras e didáticas aos consumidores.

Um terceiro projeto de lei proposto pela CPI dos Cartões de Crédito proíbe propagandas com referência ao chamado “parcelamento sem juros” que, segundo o relator Fernando Bezerra Coelho, “é uma mentira”.

Histórico - Criada para investigar os juros extorsivos cobrados pelas empresas operadoras de cartão de crédito, a CPI dos Cartões de Crédito foi instalada em abril de 2018. Nesse período realizou cinco audiências públicas e ouviu cerca de 30 pessoas entre representantes de consumidores, lojistas, bancos privados e públicos, operadoras de crédito e órgãos do governo.

Nos siga no Google Notícias