Fiems critica e deputados dizem que reduzir a desoneração é bom para o Brasil
O presidente da Fiems, Sérgio Longen, criticou, nesta sexta feira (26), a posição dos deputados federais de Mato Grosso do Sul, Carlos Marun e Geraldo Resende, ambos do PMDB, por terem votado a favor da redução da desoneração da folha de pagamento na última quinta-feira (25). Mas os deputados disseram que votaram a favor do Brasil.
“Só quem não está vendo a escalada dos problemas são os parlamentares que estão votando com o Governo. Eles estão alimentando o desemprego com o aumento de imposto e isso está matando o setor produtivo. O mais complicado é fazê-los entender que isso não vai recuperar a economia e só penaliza o empresário. Já dissemos isso por várias vezes”, afirmou Longen.
O deputado Marun disse que não discorda do posicionamento do presidente da Fiems, porém no momento não havia outra alternativa a não ser aprovar a redução da desoneração. “A medida pode ser ruim, mas não entendo mais de economia que o ministro Levy (da Fazenda Joaquim Levy). Pior que aprovar seria não aprovar”, declarou.
Sérgio Longen reforçou ainda que a principal evidência da “mortalidade” do setor industrial são os números divulgados pelo IBGE ontem, que apontou taxa de demissões de 6,7% em maio, a maior para o mês desde 2010, quando foi de 7,5%. “A cada dia que passa ficamos mais preocupados com a economia brasileira. Não estamos vendo uma ação proativa do Governo Federal, a não ser programas que devem trazer resultados a partir de 2018. Na contramão disso, os impostos são reais e têm aumentos constantes. O que é necessário e todo sistema indústria está dizendo faz muito tempo é o corte do próprio custeio do poder público, coisa que eles não estão fazendo e nem sinalizando”, analisou.
Geraldo Resende foi mais incisivo e disse que seu mandato não é da Fiems, mas sim do povo sul-mato-grossense e brasileiro. Segundo ele, o tema foi discutido com exaustão no Partido e com o relator do projeto Leonardo Picciani (PMDB-RJ). “Votamos pelo fim da desoneração para evitar o abismo e a catástrofe que estaria por vir se não fosse aprovado”, afirmou.
Resende lembrou que a presidente Dilma Rousseff, nos últimos dois anos do primeiro governo dela, tomou as medidas de desoneração para contentar as demandas do setor industrial, “que vinha usufruindo dos benefícios há muito tempo.” Porém, segundo o deputado, as medidas no momento só aprofundaria ainda mais a crise. “Precisamos reverter a situação, corrigir os rumos do governo e defender os interesses do povo brasileiro”, reiterou.
Parlamentares - Dos 253 votos a favor do projeto de lei que reduz as desonerações das folhas de pagamento de 56 segmentos da economia, dois foram de deputados federais de Mato Grosso do Sul: Carlos Marun e Geraldo Resende, ambos do PMDB, enquanto Elizeu Dionizio (Solidariedade), Luiz Henrique Mandetta (DEM) e Tereza Cristina Corrêa da Costa Dias (PSB) votaram contra, sendo que Vander Loubet (PT), Zeca do PT e Dagoberto Nogueira (PDT) não estavam presentes na sessão. “No nosso entendimento, parece que os deputados Marun e Geraldo estão dessintonizados da realidade do setor empresarial de Mato Grosso do Sul e não estão entendendo o que está acontecendo em nosso Estado”, criticou Sérgio Longen.
Geraldo Resende questionou o fato de o presidente da Fiems não fazer agradecimento e elogio público quando os parlamentares votam em favor do setor, como aconteceu no início do ano em que ele e o Marun votaram a favor do PL 4330, que trata da regulamentação da terceirização.
Marun relatou que, diante da situação, sentia-se igual a um paciente terminal que está deitado numa cama de UTI (Unidade de Tratamento Intensivo) e o médico chega com muito remédios e uma injeção daquelas difícil de tomar, que pode ter efeitos colaterais. “O médico é o Levy e não vou dizer que ele está errado. Se ele disse que vai salvar, espero que salve”, enfatizou.
“A nossa esperança agora se direciona ao Senado mais uma vez. Espero que eles corrijam esse erro que a Câmara cometeu e mudem o texto do projeto que foi aprovado pelos deputados”, projetou o presidente da Fiems. O projeto de lei agora segue para avaliação dos senadores, devendo passar por pelo menos três comissões antes de ir a plenário para votação.
Desoneração - De acordo com o projeto aprovado na Câmara dos Deputados, a maioria das empresas que recolhe 2% do faturamento para a Previdência passará a arcar com 4,5%, enquanto a maior parte daquelas que pagam 1% terão de recolher 2,5%. Atualmente, a indústria de transformação paga uma alíquota de 1% e a da construção, 2%.