PP e PL dividem "espólio" tucano após saída de Riedel e Reinaldo
Com novas filiações, PP chega a 20 prefeitos, PL lidera com 23; PSDB segue com 22, mas ainda deve perder nomes

A saída do governador Eduardo Riedel (PP) e do ex-governador Reinaldo Azambuja (PL) do PSDB desencadeou uma verdadeira “divisão de espólios” do ninho tucano em Mato Grosso do Sul, último reduto do partido no país.
RESUMO
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Com a filiação de quatro novos prefeitos neste sábado (3), o PP saltou de 16 para 20 administrações municipais, enquanto o PL, que recebeu Azambuja em setembro, já havia atraído 18 prefeitos de uma só vez e chegou a 23. O PSDB, que ainda resiste com 22 prefeituras, deve perder mais nomes nos próximos meses.
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Segundo Azambuja, a mudança foi resultado de uma costura conjunta. “Houve uma estratégia nesse assunto. Nós conversamos, eu, o Riedel, a Casa Civil e o Sérgio de Paula e, junto com os prefeitos, montamos qual seria a melhor estratégia”, afirmou.
Ele destacou que as definições de rumo foram “todas combinadas” e reforçou que o PSDB “não acabou”. “Alguns prefeitos vieram comigo para o PL, outros se filiaram hoje ao PP, e muitos permaneceram no PSDB, que não acabou. O partido ainda tem o maior número de vereadores, um grande número de prefeitos, seis deputados estaduais e três federais. Então, continua sendo a maior sigla. Se você olhar os núcleos, eles permanecem fortes”, disse o ex-governador.
Azambuja justificou a ida ao PL como uma forma de “fortalecer a direita e dar musculatura política para o crescimento no Mato Grosso do Sul”. Ele disse ainda não ter dúvidas de que o PSDB estará aliado na construção de “um projeto prioritário”, em referência à reeleição de Riedel e ao objetivo de conquistar mais espaço no Legislativo. “A eleição de dois senadores, se possível, e a maior bancada federal e estadual”, declarou.
O ex-governador também frisou que a disputa central não será “entre aliados de ontem”, mas contra adversários da esquerda. “Acredito muito que teremos discernimento para organizar bem essas estruturas que estarão ao nosso lado. O adversário estará do outro lado: o presidente Lula, o PT e os partidos mais ligados à esquerda. É com eles que vamos debater o futuro político de Mato Grosso do Sul e do Brasil”, afirmou.

Já Riedel diz que a decisão dos prefeitos foi feita caso a caso. “A discussão com os prefeitos que estavam no PSDB foi muito natural. Foi decisão deles. Alguns disseram: ‘Olha, eu me sinto mais confortável aqui’, outros preferiram acompanhar em novos grupos políticos, que na verdade representam uma ampliação do mesmo grupo. Mas o propósito continua o mesmo”, afirmou.
Ele negou que tenha havido barganha por apoios. “Não houve esse negócio de ‘você fica com fulano ou sicrano’, porque isso não existe. Cada prefeito analisou sua realidade local e decidiu. Tem prefeito que preferiu permanecer no PSDB, o que é ótimo, porque é uma força política importante e tem grande alinhamento conosco também. Estamos muito tranquilos em relação a isso. O que importa é que todos seguem alinhados em torno dessa agenda para o nosso Estado”, disse Riedel.
Apesar dos rumos partidários distintos, Riedel destacou que a parceria com Azambuja continua. “Primeiro, não é que éramos grandes parceiros, nós somos grandes parceiros. Isso não mudou absolutamente nada. Até porque o que define uma parceria é o propósito e a agenda. Eu estive com o Reinaldo por oito anos, trabalhando em cima de uma agenda para o Estado de Mato Grosso do Sul, e ganhei uma eleição propondo essa mesma agenda dentro do meu governo”, afirmou.
Novos filiados – Além da palestra de Riedel sobre “O papel de Mato Grosso do Sul no Brasil e do Brasil no mundo”, com ênfase no protagonismo dos municípios no desenvolvimento, o encontro de sábado (4) marcou novas filiações. O evento reuniu cerca de 50 lideranças, entre prefeitos, vices e secretários. As justificativas variaram entre “gratidão política” e “mudança de cenário”.
Um dos novos filiados ao PP é o prefeito de Antônio João, Agnaldo Marcelo da Silva Oliveira, o Marcelo Pé. Ele disse ser grato a Reinaldo e Riedel “por tudo o que fizeram pelo Mato Grosso do Sul e pelo meu município”, mas afirmou que o pedido da senadora Tereza Cristina foi decisivo.
“Sou muito grato pelo acolhimento que ela [Tereza] me deu em 2020, no Democratas, quando disputei minha primeira eleição para o Executivo. Sem ela, não teria sido prefeito naquela oportunidade. Esse foi um dos motivos que me levaram a decidir ir para o PP, em gratidão à lealdade da Tereza e do amigo Marco Santullo comigo”, afirmou.

Outro que deixou o PSDB para se filiar ao Progressistas foi o prefeito de Três Lagoas, Cassiano Maia. Segundo ele, a mudança foi motivada pela necessidade de fortalecer a gestão municipal.
“A gente tem que acompanhar o cenário da política nacional. Hoje é fundamental para um prefeito ter o apoio da bancada federal, da estadual e contar com o governo do Estado próximo ao seu município. E, como temos acompanhado o que vem acontecendo no meu ex-partido, o PSDB, pelo qual tenho muito respeito, entendemos que é preciso aproximar Três Lagoas do melhor formato de gestão pública, para que a cidade possa se desenvolver e colher os frutos desse processo", disse Cassiano.
De acordo com o prefeito de Três Lagoas, a filiação foi construída em diálogo com Riedel e a senadora Tereza Cristina. “Foi dessa forma, conversando com o nosso governador Eduardo Riedel, que também veio para o PP a convite da nossa senadora Tereza Cristina, que buscamos criar um ambiente ainda melhor para o município de Três Lagoas, para que ele continue se desenvolvendo e mantendo todo esse progresso”, declarou.
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