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Política

Vereadores surfam na “onda Damares” e criticam “pode tudo” do Carnaval

No debate sobre prevenção à gravidez na adolescência alguns parlamentares disseram até que menina engravida para chamar atenção

Izabela Sanchez e Fernanda Palheta | 18/02/2020 12:22
Plenário da Câmara Municipal de Campo Grande durante sessão legislativa desta terça-feira (18) (Foto: Fernanda Palheta)
Plenário da Câmara Municipal de Campo Grande durante sessão legislativa desta terça-feira (18) (Foto: Fernanda Palheta)

A política de prevenção contra a gravidez na adolescência da ministra Damares Silva foi como tsunami no qual políticos surfaram na manhã de hoje na Câmara Municipal de Campo Grande. Na sessão legislativa desta terça-feira (18), ficou claro que a corrente conservadora domina a casa. Os vereadores reclamaram sobre o que consideram verdadeiro “pode tudo” do Carnaval. Durante a palavra livre, foram ouvidas até frases como “pessoas que saem trepando pela rua”

Incentivados pela campanha de abstinência sexual da chefe do Ministério da Mulher, da Família e dos Direitos Humanos, nem a distribuição gratuita de preservativos, campanha da saúde pública, ficou de fora dos ânimos exaltados dos parlamentares.

Quem inaugurou o assunto do dia foi o vereador Eduardo Cury (sem partido), médico pediatra que discorreu sobre casos de gravidez de meninas até com 9 anos, segundo ele. Para o vereador, com a chegada do Carnaval, “parece que tudo pode”. Cury elogiou Damares que caracterizou como “muito feliz” com a iniciativa de abstinência. “O que choca é ver crianças tão novas engravidando”, disparou.

Outro médico, o ginecologista e obstetra Wilson Sami (MDB) criticou campanha que já foi movida por gestão anterior do Executivo de Campo Grande que, na opinião dele, criava nas adolescentes "o desejo de engravidar", “porque recebem atenção”. Para o vereador, assim como o “batom da estação”, “se a amiga engravida, todo mundo quer engravidar”. “Tinha uma atenção especial para essa gestante que era levada até para conhecer a maternidade e ela se sentia a rainha do pedaço”, declarou.

Em seguida o policial federal André Salineiro (PSDB) não economizou na adjetivação e criticou uma época que, para ele, a ideia é de muita libertinagem, incentivada, diz, pelo Ministério da Saúde“Parece que o Carnaval é só putaria e as pessoas saem trepando pela rua”, disse. O vereador ainda contou sobre ocasião, durante o período da festa popular, em que ao tomar vacina em posto de saúde da Capital, chocou-se com as caixas que continham “camisinhas e até lubrificantes”.

Na avaliação dele, o “Ministério da Saúde tinha que focar na prevenção primária, levar adolescentes que engravidaram para dar testemunho nas escolas”, opinou. Para Salineiro, o que o Ministério da Saúde faz hoje é "apologia ao sexo” ao distribuir camisinhas de graça.

Waldir Gomes (PP) criticou a mudança “nos valores”. “Tinha uma idade para as pessoas serem sexualmente ativas, hoje as mães deixam os namorados dormirem em casa. Essa cultura de camisinha não existe, é uma utopia”, declarou.

O único a defender as campanhas educativas, rerpoduzidas no Brasil e exemplo do que prega a Organização Mundial de Saúde, foi o enfermeiro e vereador Hederson Fritz (PSD). Ele destacou a importância das políticas e campanhas do Ministério da Saúde – a exemplo da distribuição de preservativos e pílulas do dia seguinte – que previnem, disse, não só a gravidez, como as DSTs (Doenças Sexualmente Transmissíveis). “O mais importante é a informação”, concluiu.

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