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Reportagens Especiais

Onças até tentaram, mas sucuris que foram as "estrelas" do Pantanal

Teve sucuri "Vovozona" acasalando com vários machos e cobra digerindo animal inteiro nas águas de Bonito

Gabrielle Tavares | 23/12/2022 10:25
Campo Grande News - Conteúdo de Verdade
Sucuri "Vovozona" com machos durante acasalamento. (Foto: Reprodução/Vídeo)
Sucuri "Vovozona" com machos durante acasalamento. (Foto: Reprodução/Vídeo)

No ano em que as onças sul-mato-grossenses brilharam por todo o País com a novela Pantanal, as sucuris ainda foram as queridinhas dos moradores de Mato Grosso do Sul e lideraram no ranking de leituras. A que mais despertou curiosidade foi a cobra fêmea "Vovozona", como foi apelidada pelo guia de turismo Vilmar Teixeira, acasalando com vários machos.

Teve ainda sucuri gigante abocanhando animais inteiros nas águas cristalinas de Bonito, a 297 quilômetros de Campo Grande, mas também virando comida de jaguatirica.

As onças não deixaram a desejar e os registros se espalharam pelo Estado durante o ano todo: foi pescador sortudo que encontrou sete de uma vez só, predador que resolveu se esconder no banheiro de uma residência e quase matou moradora de susto e até felino “cancelado” na internet por matar uma capivara.

Setembro é o mês que inicia o período de reprodução das sucuris, espécie que habita na América do Sul. Neste ano, o guia de turismo Vilmar Teixeira veio para Mato Grosso do Sul com o objetivo de registrar o acasalamento da serpente e passou dias buscando uma cobra específica, conhecida há muito tempo por ele e apelidada de “Vovozona”. Ele a encontrou no Rio Formoso, em Bonito, a filmou em um “bolo” com outras serpentes e o registro foi para o Youtube.

Ainda em Bonito, no Rio Sucuri, outra sucuri foi vista com parte da barriga estufada após engolir um cateto. A digestão “pesada” foi flagrada também em setembro, durante uma excursão de turistas.

Um dia de caça, outro de caçador: um mês depois, em outubro, a sorte virou para outra serpente, que virou comida de jaguatirica. Outro guia de turismo filmou o felino se alimentando de uma cobra inteira em Miranda, a 180 quilômetros de Campo Grande.

Em março, um filhote de sucuri amarela foi parar em um auditório do Centro de Convenções, na área portuária de Corumbá, município distante 428 quilômetros de Campo Grande.

A PMA (Polícia Militar Ambiental) realizou a captura da cobra de aproximadamente dois metros e constatou que ela não apresentava ferimentos. Posteriormente, o animal foi solto em área com vegetação nas proximidades do Rio Paraguai, distante do perímetro urbano.

Policial militar ambiental durante a captura do animal, em Corumbá. (Foto: Reprodução/PMA)
Policial militar ambiental durante a captura do animal, em Corumbá. (Foto: Reprodução/PMA)

Na Capital, uma mulher de 75 anos levou um susto ao encontrar cascavel de 1,5 metro dentro do quarto da própria casa.

Para a PMA, a moradora disse que só viu a serpente porque o cachorro passou a latir e indicou que havia algo no quarto, debaixo da cama. Ao verificar, a idosa se deparou com a cobra. A cascavel foi capturada com o uso de gancho especial e cambão e colocada numa caixa de contenção, depois levada para o Cras (Centro de Reabilitação de Animais Silvestres).

Nem onça, nem cobra. Outro animal que intrigou a população foi o misterioso caso do burro encontrado esquartejado em uma estrada vicinal de Campo Grande, na saída para São Paulo, em maio.

As quatro patas do burro foram cortadas e colocadas em sacos plásticos. A cabeça também havia sido separada do corpo. Já as vísceras foram acondicionadas em cinco sacos plásticos. O material foi localizado por moradores que passavam pela região, acharam a cena estranha e ligaram para o 190.

Estrada onde o burro foi encontrado esquartejado. (Foto: Mariely Barros)
Estrada onde o burro foi encontrado esquartejado. (Foto: Mariely Barros)

Em Nioaque, a 185 quilômetros de Campo Grande, outra jaguatirica ficou famosa depois que resolveu tirar um cochilo na cama de uma criança, enquanto a família estava em um show do Almir Sater, em julho. Ela foi encontrada pelo avô da criança, "tranquilona", e em seguida resgatada pela PMA.

Jaguaritira deitada na cama do quarto. (Foto:Divulgação)
Jaguaritira deitada na cama do quarto. (Foto:Divulgação)

Uma onça-parda também precisou ser resgatada após ser encontrada em uma residência em Paranaíba, a 407 quilômetros de Campo Grande, escondida no banheiro dos fundos da casa, em novembro. O Corpo de Bombeiros foi acionado para "socorrer um animal de grande porte" e quando chegou ao local, se surpreendeu com a oncinha.

O macho não apresentava ferimentos e estava em ótimo estado de saúde. A PMA de Aparecida do Taboado levou a onça para uma reserva distante da cidade, seu habitat natural.

Onça se escondeu em casa de Paranaíba. (Foto: Divulgação/PMA)
Onça se escondeu em casa de Paranaíba. (Foto: Divulgação/PMA)

Também oriunda de resgates, um "gatinho", com menos de dois meses de vida, foi resgatado de uma fazenda localizada no município de Rio Verde, a 188 km de Campo Grande, numa quarta-feira (14) de setembro. O filhote de onça parda (puma concolor) vagava sozinho quando um produtor rural o avistou próximo da propriedade.

A hipótese é de que a mãe tenha se assustado com a presença dos cachorros no local ou com máquinas de colheita e tenha fugido deixando para trás os filhotes. O filhote foi resgatado pelos agentes e o encaminhado ao Cras (Centro de Reabilitação de Animais Silvestres), de Campo Grande.

Longe do perímetro urbano e de volta ao Pantanal, um guia de pesca foi acompanhar um passeio de turistas e encontrou sete onças de uma vez só. E não é história de pescador, tem até vídeo para provar: "Vou pescar todo dia, então já vi várias vezes (onça), mas sete assim, de uma vez, nunca. Uma ou duas é normal, mas sete foi a primeira vez", disse Matheus Reis da Silva, de 25 anos, em agosto.

O vídeo foi feito no Rio Miranda, entre o Morro do Azeite e o trecho das Laranjeiras. O guia trabalha na região há cinco anos e acredita que as onças tenham saído da mata para tomar água do rio, devido à seca.

E nem as queridinhas que estrelaram a novela Pantanal ficaram longe do "tribunal da internet". Em abril, uma onça-pintada foi "cancelada" após o estudante e fotógrafo João Pedro Salgado, de 22 anos, registrar pela primeira vez o felino predando uma capivara.

No Twitter, a postagem rendeu comentários em que as pessoas promoveram um cancelamento do felino por matar e comer o mamífero roedor. Na ocasião, internautas sugeriram que o fotógrafo deveria ter impedido a situação e outros afirmaram que a cena era uma romantização da natureza.

Onça-pintada foi flagrada matando uma capivara no Pantanal de MS. (Foto: João Pedro Salgado)
Onça-pintada foi flagrada matando uma capivara no Pantanal de MS. (Foto: João Pedro Salgado)

Símbolo do Estado, as capivaras também ganharam defensores na internet após a UFMS (Universidade Federal de Mato Grosso do Sul) cercar parte do Lago do Amor e impedir que elas andassem livremente pela Avenida Filinto Müller.

O objetivo era evitar o descarte de lixo no lago e ampliar a proteção da biodiversidade, da fauna, da flora e das pessoas, mas o vídeo delas esbarrando na grade comoveu o coração dos internautas. A UFMS, no entanto, não se afetou e as grades permanecem no local.

Em outubro, um passarinho roubou a cena das imagens de monitoramento da BR-163. Cansado da viagem, ele resolveu pousar em frente à câmera da CCR MSVia e "posar" para uma foto.

O vídeo foi feito às 09h05, no km-683 da BR-163/MS, trecho que fica no município de Rio Verde de MT, localizado a 228 quilômetros de Campo Grande. A pausa em frente às lentes dura poucos segundos. Com pressa, ele parece curioso com o equipamento, dá algumas bicadas no vidro e voa para seu destino.

Para encerrar o ano com chave de ouro, um filhote de tamanduá-bandeira albino (alteração genética que atinge a produção de melanina) foi encontrado na Fazenda Barra Bonita I, na região de Três Lagoas, distante 327 quilômetros de Campo Grande, no dia 20 de dezembro. 

Os tamanduás-bandeira normalmente possuem uma pelagem marrom-acinzentada com uma grande faixa preta nas costas. Batizado como Alvin, ele recebeu um colar de monitoramento via GPS colocado por pesquisadores do ICAS (Instituto de Conservação de Animais Silvestres) e agora será alvo de estudo inédito para compreender como será a adaptação dele, com características incomuns, no Cerrado.


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