ACOMPANHE-NOS     Campo Grande News no Facebook Campo Grande News no Twitter Campo Grande News no Instagram
ABRIL, QUINTA  18    CAMPO GRANDE 22º

Economia

Criador ensina pecuária que “protege” o Pantanal e atrai 400 "alunos"

Bruno Chaves | 27/04/2014 16:43
Trabalho é desenvolvido há oito anos pelo dono da fazenda, Higino Hernandes. (Foto: Via Livre)
Trabalho é desenvolvido há oito anos pelo dono da fazenda, Higino Hernandes. (Foto: Via Livre)

Com o objetivo de difundir um tipo de pecuária que “protege” o Pantanal, a Fazenda Baía Grande, que fica em Rio Verde de Mato Grosso, a 207 quilômetros de Campo Grande, abriu as porteiras para divulgar um conceito batizado de "pecuária natural". Localizada no Pantanal sul-mato-grossense e com um rebanho com três mil animais, a propriedade rural alia sustentabilidade e rentabilidade por meio de um ciclo de reprodução com duração menor que o tradicional.

O Dia de Campo que mostrou como funciona a produção na fazenda atraiu os criadores, na sexta-feira (25). A pista de pouso da fazenda recebeu 36 aviões e um helicóptero. A fazenda recebeu também cerca de 45 veículos, totalizando a participação de 400 produtores rurais, conforme os dados divulgados pela Acrissul.

O trabalho é desenvolvido pelo proprietário da fazenda, Higino Hernandes, há oito anos. O objetivo é antecipar o período de desmama dos bezerros para 11 meses, com peso estimado de 412 quilos, mesma medida de um animal adulto. O que chama a atenção é o fato de a prática ser feita no Pantanal e de o criador ter percebido um aumento de 30% na eficiência da propriedade e do lucro.

“A desmama ocorre em no máximo 12 meses, super precoce. Pegamos o bezerro na essência do desenvolvimento. Começamos a fazer a seleção e procuramos ser eficiente para ter o padrão de peso correto. Depois ele vai para o cocho, até 90 dias, e ganha peso para o abate. Nossa proposta é manter o animal até a idade de desmama no pé da vaca. Com isso, o potencial de venda é fantástico”, explicou.

Dessa forma, o bezerro produzido na Fazenda Baía Grande é abatido com peso de boi. Para Higino, a prática utilizada na propriedade é simples de ser seguida. A monta ocorre de forma natural e o intervalo de parto é de 14 meses. Já o índice de prenhez é de 93%. Higino estudou essa forma de manejo por meio da literatura americana e aplicou o conhecimento na produção local.

Fazenda tem três mil animais criados. (Foto: Via Livre)
Fazenda tem três mil animais criados. (Foto: Via Livre)

Para o presidente da Acrissul (Associação dos Criadores de Mato Grosso do Sul), a experiência na Fazenda Baía mostra aos demais pecuaristas do Estado que é possível criar gado em Mato Grosso do Sul sem agredir o Pantanal, “que é o bioma mais preservado do mundo, com índice de 86%”, como observa. “Está provado que se pode ter alta produção aliada a sustentabilidade. O Pantanal não precisa de barreiras, precisa de incentivos”, analisou.

Maia ainda reforça a ideia de que o produtor rural é a categoria que mais está atuando na preservação do bioma sul-mato-grossense. “Ele produz bem, com critérios e ainda respeita a natureza. O Pantanal tem muita potencialidade e é possível termos uma pecuária tecnificada com altos índices de qualidade. Isso tudo preservando a natureza”, reforçou.

O diretor de originação e compra de gado do frigorífico JBS, Eduardo Pedroso, afirmou que produzir com qualidade não depende de um manejo sofisticado. Ele destacou a importância da parceria entre o produtor e a indústria e recordou que o frigorífico apenas preserva a qualidade do animal que vem do campo. “Vemos que é possível fazer qualidade e produtividade com simplicidade e a custos competitivos, tornando a pecuária local moderna e eficiente”, concluiu.

 

Nos siga no Google Notícias