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Saúde e Bem-Estar

Dengue na gravidez aumenta risco de parto prematuro e morte neonatal

Estudo da Fundação Oswaldo Cruz foi publicado na revista Nature Communications

Por Ângela Kempfer | 26/09/2025 11:21
Dengue na gravidez aumenta risco de parto prematuro e morte neonatal
Imagem ampliada do mosquido Aedes aegypti (Fonte: Divulgação FGV)

Doenças transmitidas pelo mosquito Aedes aegypti, como dengue, zika e chikungunya, representam uma ameaça crescente à saúde materno-infantil no Brasil. Um estudo da Fundação Oswaldo Cruz, publicado na revista Nature Communications, analisou mais de 6,9 milhões de nascidos vivos entre 2015 e 2020 e revelou que a infecção por esses vírus durante a gravidez está associada a complicações graves para mães e bebês, incluindo parto prematuro, baixo peso ao nascer, anomalias congênitas e até morte neonatal.

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A infecção por dengue, zika e chikungunya durante a gravidez está associada a graves complicações para mães e bebês, revela estudo da Fundação Oswaldo Cruz publicado na Nature Communications. A pesquisa, que analisou 6,9 milhões de nascimentos entre 2015 e 2020, identificou riscos aumentados de parto prematuro, baixo peso e morte neonatal.Em Mato Grosso do Sul, a situação é preocupante, com 7.928 casos confirmados de dengue e 17 mortes em 2023. O estado avança na vacinação, tendo aplicado 181.578 doses em jovens de 10 a 14 anos. A Fiocruz recomenda fortalecer a prevenção durante a gestação e ampliar a cobertura vacinal.

A pesquisa, conduzida por cientistas da Fiocruz Bahia, mostra que não apenas a zika, mas também a dengue e a chikungunya apresentam impactos sérios na gestação. O risco de más-formações congênitas, por exemplo, mais que dobrou em casos de zika. Já a dengue esteve ligada a parto prematuro, baixo peso e alterações no desenvolvimento fetal. A chikungunya, por sua vez, aumentou as chances de morte neonatal.

"O estudo desmistifica a ideia de que apenas a zika é uma grande ameaça na gravidez. Demonstramos que a chikungunya e a dengue também têm consequências graves, o que exige atenção da saúde pública", destacou o pesquisador Thiago Cerqueira-Silva, em entrevista à Agência Brasil.

Até a 34ª semana epidemiológica, Mato Grosso do Sul já contabiliza 7.928 casos confirmados de dengue, 13.446 casos prováveis e 17 mortes confirmadas. Outros sete óbitos estão em investigação. Embora não haja municípios em situação de alta no momento, 48 cidades já enfrentaram picos de incidência ao longo do ano, entre elas Jateí, Figueirão e Inocência.

A vacinação avança como estratégia de proteção. O Estado recebeu 241.030 doses da vacina contra dengue e aplicou 181.578 até agosto, direcionadas a crianças e adolescentes de 10 a 14 anos, faixa etária mais vulnerável a hospitalizações.

No caso da chikungunya, foram registrados 13.716 casos prováveis em 2025, com 7.086 confirmações, incluindo 71 em gestantes. O Estado soma 16 mortes pela doença, em municípios como Dourados, Naviraí, Sidrolândia e Maracaju.

A Fiocruz defende o fortalecimento da prevenção durante a gestação, não apenas com medidas de combate ao mosquito, mas também com ampliação da cobertura vacinal contra dengue e inclusão da vacina da chikungunya no calendário nacional.

Segundo os pesquisadores, os riscos variam conforme o vírus e o trimestre da infecção, o que reforça a necessidade de acompanhamento constante das gestantes. Além disso, comunidades mais vulneráveis socialmente sofrem com maior exposição ao mosquito e menos acesso a cuidados, o que agrava os impactos.

"Garantir vacinas gratuitas, ampliar campanhas educativas e monitorar as gestantes são medidas que podem salvar vidas e evitar complicações permanentes", conclui Cerqueira-Silva.