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Lado B

Com a alfaiataria na moda, **Lado B** mostra preços e homens do corte e costura

Ângela Kempfer | 25/06/2012 12:11
JB dá recado na porta da alfaiataria. (Fotos: Minamar Júnior)
JB dá recado na porta da alfaiataria. (Fotos: Minamar Júnior)

Quem é alfaiate há anos não tem papas na língua na hora de atacar a roupa de autoridades “mal vestidas” que vivem aparecendo nos jornais. “Olha isso, o terno de um é grande, de outro é torto, de outro é curto. Como uma autoridade pode sair tão mal na foto”, reclama JB, com uma reportagem local em mãos. Ele é dono da alfaiataria de mesmo nome, a mais antiga de Campo Grande.

A sobrevivência de JB não é novidade porque o ateliê continua há décadas em uma das principais avenidas do Centro, a 26 de Agosto. Mas pelos bairros também há gente ainda no corte e costura de ternos e camisas masculinas.

Como a alfaiataria voltou com tudo, o Lado B saiu por aí fazendo uma pesquisa de preços.

Na rua Anhandui, perto do Horto Florestal, Juracy Alta Costura (3321-1952) produz blazer por R$ 350,00. Mesmo preço cobrado pelo ateliê Moderna, na Cândido Mariano (3324-2309) e pela alfaiate Almeida, na rua Maracaju (3382 – 30 41).

Já o alfaiate Ferraz (9999-4819) trabalha há anos no bairro Santo Antônio e do outro lado da cidade a concorrência é feita por Valdir Telles, na região do Monte Carlo (3351-5817).

A concorrência é feita por Valdir Peres, na região do Monte Carlo.
A concorrência é feita por Valdir Peres, na região do Monte Carlo.

Na rua Palmital, Valdir nem sequer tem placa da oficina de costura na fachada da casa. Mas é só entrar para perceber que a clientela é grande. Na sala, a maior mesa tem pilhas de camisas prontas, de diferentes estampas, com os nomes dos donos em fita crepe, presos a gola.

Na lista de fregueses, Valdir enumera desembargadores que “só se vestem com alfaiataria”, comenta. Mas 80% dos compradores são advogados.

Ele mesmo só tem um terno. Gaúcho, Valdir lembra que ao chegar em Campo Grande procurou lojas de tecido para oferecer os serviços e depois o talento foi se espalhando na base do boca a boca.

A maior surpresa, conta o alfaiate, foi ao descobrir que por aqui, apesar do clima quente, os homens usam mais blazer que no Rio Grande do Sul. “Não entendo isso, mas não reclamo não”, brinca.

O preço é estabelecido de acordo com a mão de obra, o tecido é comprado pelo cliente. A camisa custa R$ 50,00, o blazer R$ 370 e a calça R$ 80,00. “Para quem paga, pode até parecer caro, mas para quem faz é um preço super justo. O corte é certo, respeita o corpo do cliente. É uma peça para durar anos.”

O modelo também segue o pedido da clientela, mas o alfaiate dá as dicas. “Cada 5 ou 6 anos a modelagem muda, mas é um vai e vem a moda. A calça com a boca maior, por exemplo, voltou de novo. O blazer há dois anos tinha 3 botões, agora a moda é ter apenas 2”, explica.

O veterano JB adora conhecer tendências via TV e garante: “Só continuo trabalhando para assegurar a elegância masculina. Fico aqui também para arrumar as roupas industrializadas das pessoas, que aparecem pedindo reparos.”

É em telejornais e programas de auditório que o velho alfaiate percebe as transformações. “Não vejo os apresentadores daqui, porque eles não se vestem como deveriam. Mas nas emissoras nacionais há muita coisa boa. Infelizmente, nesses dias estava vendo o Faustão, na entrega dos melhores do ano e só ele estava com um blazer feito por alfaiate”, lamenta.

Até para a “geração jeans”, conforme o experiente JB, a alfaiataria é algo a ser prezado. “Nada melhor que um bom jeans e um blazer, fica sofisticado”, faz a propaganda.

Fica a dica estampada em uma placa na porta do ateliê JB: “Mais vale um homem feio bem vestido, do que um bonito mal vestido”.

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