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50 anos de Psicologia no Brasil

Por Pedro Kemp (*) | 15/08/2012 09:28

O mês de agosto é para nós, que de alguma forma estamos ligados à psicologia, um mês especial, pois comemoramos o Dia da (o) Psicóloga (o) no dia 27, data do reconhecimento legal de nossa profissão no Brasil.

Porém, neste ano, a comemoração é especial, uma vez que completamos 50 anos da profissão.

Temos o que comemorar? Como certeza. E, muito. Mas, também, aproveitamos a data para refletir sobre a trajetória da psicologia e suas contribuições junto ao povo brasileiro.

A psicologia vem se desenvolvendo e se expandindo em nosso País como ciência, na produção de um conhecimento cada vez mais inserido e comprometido com os desafios da realidade atual e adequada às necessidades da sociedade brasileira.

Enquanto exercício profissional, a psicologia se consolidou nas mais diversas áreas – na clínica, saúde, assistência social, no campo das organizações, no meio jurídico, na educação, no esporte, na mídia, no trânsito e tantas outras – e continua a conquistar outros espaços da convivência humana e da produção material de pessoas.

Talvez, a maior conquista dos produtores de conhecimento e dos profissionais da psicologia nesses 50 anos, é que a psicologia vem deixando de existir como oportunidade privilegiada de poucos e se constituindo como direito de todos e toda.

Vem extrapolando os espaços privados do fazer de psicólogos (as) e acontecendo, sempre mais, nos serviços públicos, nas unidades básicas e centros de saúde, nas instituições educacionais, nos centros de referência da assistência social, nas unidades educacionais de adolescentes infratores, nos abrigos de mulheres vítimas da violência, nas delegacias especializadas, nas instituições de idosos e pacientes terminais, nos centros especializados voltados às pessoas com deficiência. Da psicologia para poucos, para uma psicologia para todos.

E, diria mais ainda, de uma psicologia que foi muito utilizada em determinados contextos histórico-políticos para legitimar e justificar injustiças e as desigualdades sociais em nosso País, para uma psicologia profundamente comprometida e solidária com todas as lutas e iniciativas da sociedade na defesa e na promoção dos direitos fundamentais e da dignidade da pessoa humana.

A ciência psicológica hoje vai além da visão disciplinar de um saber que pensa seu objeto como pura interioridade, dissociado da história. A subjetividade é cada vez mais pensada em suas articulações com a vida social, visando o bem-estar de toda a sociedade.

A prática de psicólogos e psicólogas hoje caminha para firmar-se também, como prática política, que entende que ninguém pode ser verdadeiramente feliz numa sociedade excludente e decadente nos valores e ideais, que mercantiliza as relações e coisifica a pessoa, que priva milhões de sua cidadania.

Em contradição com os extraordinários avanços das forças produtivas e revoluções tecnológicas, nunca a indústria farmacêutica comercializou tantos ansiolíticos e antidepressivos. A felicidade pessoal só terá sentido e será completa no contexto da igualdade de direitos e oportunidades, ou pelo menos, no contexto da luta por esse objetivo.

Em tempos de 50 anos de profissão, os psicólogos e psicólogas são desafiados pro velhos desafios, novos olhares e diversos questionamentos e, sobretudo, pelo propósito de construção de uma sociedade dinâmica, democrática, transformadora, solidária e generosa com todos e todas.

Encerro homenageando a profissão que abraçamos com as palavras de um brasileiro que confortou muitos corações empobrecidos e aflitos, quem sabe até suprindo a falta de profissionais da psicologia no meio do povo, o Chico Xavier, com seu poema “Mais ou Menos”.

A gente pode morar numa casa mais ou menos, numa rua mais ou menos, numa cidade mais ou menos, e até ter um governo mais ou menos. A gente pode dormir numa cama mais ou menos, comer um feijão mais ou menos, ter um transporte mais ou menos, e até ser obrigado a acreditar mais ou menos no futuro.

A gente pode olhar em volta e sentir que tudo está mais ou menos...Tudo bem!

O que a gente não pode mesmo, nunca, de jeito nenhum... é amar mais ou menos, sonhar mais ou menos, ser amigo mais ou menos, namorar mais ou menos, ter fé mais ou menos, e acreditar mais ou menos.

Senão a gente corre o risco de se tornar uma pessoa mais ou menos.

(*)Pedro Kemp (PT) é deputado estadual. Texto lido durante a Sessão Especial realizada nesta terça-feira (14) na Assembleia Legislativa de MS em homenage aos "50 anos da Psicologia no Brasil"

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