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A Copa acaba e a educação continua

Por Ronaldo Mota (*) | 07/08/2014 16:20

Algumas coisas acabam; a Copa, por exemplo. Outras são permanentes e ao longo da vida, como a educação. Talvez a maior e a melhor novidade educacional contemporânea seja sua transcendência, no tempo e no espaço, exigindo repensar profundamente as formas com que ensinamos e as maneiras pelas quais aprendemos.

Atualmente, mais de 40% de nossos estudantes universitários têm mais de 25 anos, sendo que a maioria deles tem emprego, estudam à noite, são casados e oriundos de famílias de classe média, predominantemente baixa.

Perfil bem distinto do caso clássico de antigamente, ou seja, o jovem solteiro, que trabalha enquanto estuda, recém-egresso do ensino médio, oriundo das classes média e média alta e que estuda durante o dia. Boa parcela das práticas e métodos de ensino-aprendizagem ainda supõe que dirigimo-nos quase exclusivamente ao perfil antigo e parte significativa dos docentes não percebeu ainda que seu público mudou e mudará mais ainda no futuro próximo.

O perfil adulto desse novo público, com suas características específicas, demanda naturalmente novas metodologias, abordagens didáticas diferenciadas que levem em conta processos de ensino-aprendizagem próprios da andragogia, que reconhece o andros (homem, em geral, no caso significando adulto), em contraposição aos métodos pedagógicos dirigidos a paidós (criança em grego). Obviamente que esses procedimentos e técnicas inovadoras também se aplicam ao público jovem, mas devem conter a abrangência do todo, sem exclusão.

Enquanto o denominado bom aluno de antigamente estudava depois que o professor ensinava, na andragogia esse modelo dá espaço a uma nova concepção, espacial e temporal, de estudante fortemente induzido a preparar-se previamente para uma nova dinâmica de sala de aula (presencial ou virtual). O espaço de aprendizagem tipicamente delimitado pela escola espalha-se pelo não espaço, que contempla o ambiente doméstico, incluindo o do trabalho e o caminho de um para outro.

Na abordagem inovadora dos estudantes é exigido preparo anterior à ocorrência dos momentos presenciais (ou virtuais coletivos). Assim, faz-se necessário que material didático seja disponibilizado antecedendo as aulas e em formato atraente. O correto uso das tecnologias digitais, juntamente à ênfase na aprendizagem independente e no aprender a aprender, representam os grandes diferenciais positivo dos novos tempos.

Fazem parte do passado as formaturas que encerravam ciclos escolares com os alunos transformando-se, da noite para o dia, em profissionais preparados para o mundo do trabalho. A realidade atual evidencia que o profissional terá que realizar ciclos infindos de permanentes formaturas, em acordo com as necessidades de seus campos de atuação.

Enfim, a Copa é finita, tal qual alegria ou tristeza; a educação, por sua vez, é contínua, prazerosa sempre e deve nos acompanhar ao longo de toda a vida.

(*) Ronaldo Mota é diretor corporativo de Pesquisa da Estácio e professor titular aposentado da Universidade Federal de Santa Maria

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