Estudantes do Aero Rancho fazem papel usado virar sementes de árvores
Iniciativa faz parte das ações do itinerário formativo de qualificação profissional
Um projeto de educação ambiental tem dado novo destino ao papel descartado nas atividades escolares da Escola Estadual de Tempo Integral Professora Neyder Suelly Costa Vieira, no bairro Aero Rancho, em Campo Grande. Iniciada neste ano, a iniciativa envolve alunos do Ensino Médio e segue um modelo de produção sustentável com reflexos diretos na comunidade.
RESUMO
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Alunos da Escola Estadual Professora Neyder Suelly Costa Vieira, em Campo Grande, desenvolvem projeto de reciclagem que transforma papel usado em papel semente e bombas de sementes. A iniciativa, que recolhe cerca de 10 quilos de papel diariamente, utiliza sementes coletadas na horta da escola e no Parque Ayrton Senna. O projeto, realizado em um contêiner-laboratório cedido pelo Sesi, envolve estudantes do Ensino Médio em atividades extracurriculares. Em setembro, durante o Dia da Árvore, as sementes produzidas serão distribuídas à comunidade, visando contribuir com a arborização da região do Aero Rancho, que apresenta déficit de 113 hectares.
Batizado de EcoNeyder, a ação transforma folhas usadas em papel semente e bombas de sementes, pequenas cápsulas que podem ser plantadas diretamente no solo e se decompõem de forma natural.
Entre as espécies cultivadas estão o ipê-amarelo, a pata-de-vaca e ervas como a alfavaca. As sementes utilizadas são coletadas tanto na horta da escola quanto no Parque Ayrton Senna.
A iniciativa é abastecida com a média de 10 quilos de papel que são descartados pela escola diariamente.
Extraclasse - A produção ocorre em um contêiner cedido pelo Sesi, que funciona como laboratório equipado para os experimentos e utiliza recursos próprios, incluindo doações de alunos e professores.
Desenvolvido de forma extracurricular, sempre às terças e quartas-feiras à tarde, a ação envolve alunos do itinerário formativo de qualificação profissional em Administração, Inteligência Artificial, Publicidade e Gastronomia.
Como é feito - A produção é feita em etapas. Tudo começa com a coleta de papel em pontos estratégicos da escola. Em seguida, o papel é picado e deixado de molho na água por 24 horas. Depois, o material é coado e batido no liquidificador com cola e, por fim, peneirado.
O produto resultante é espalhado em uma forma e misturado a sementes já coletadas. Por fim, o papel semente é estendido no varal até secar, quando pode ser utilizado para a impressão.
Já a bomba de semente passa pelo mesmo processo, mas ao invés de ser estendida no varal, o produto é misturado a sementes e transformado em formato de bolinhas.
Prática e aprendizado - Para a estudante Joana Isabel Sawaris, de 16 anos, a experiência vai além da prática sustentável.
“Ajuda a entender melhor sobre as plantas e contribui para as disciplinas”, comenta.
Já Fernanda Cabral da Costa, também de 16 anos, destaca que o aprendizado está na conscientização.
“Aprendi sobre desperdício de papel e poluição”, afirma.
O colega Janderson Ferreira Vilhalba, de 15, afirma que o projeto se tornou um espaço de tranquilidade.
“É bem diferente da sala de aula, uma atividade calma e relaxante”, descreve.
Como surgiu - Segundo a coordenadora do projeto, professora Letícia Fernanda Messias Rosa, a ideia nasceu de pesquisas na internet e de consultas com especialistas.
“Queríamos evitar o desperdício de papel e trabalhar com lixo zero. E estamos conseguindo”, explica.
Letícia e uma equipe de professores têm atuado na orientação dos alunos, como é o caso do professor Odair Bacanelli, que supervisiona os alunos e está muito animado com a produção.
A professora Letícia explica que o ponto de partida para ações sustentáveis começou o ano passado com a criação da horta da escola, que já foi premiada em iniciativas ambientais estaduais e nacionais, como Empreendefest, Medalha Legislativa “Francisco Anselmo de Barros” e Prêmio Selo ODS. Este é uma iniciativa do governo federal que reconhece as práticas que contribuam com os ODS (Objetivos de Desenvolvimento Sustentável) da Agenda 2030.
Agora, a meta é conquistar reconhecimento também com a produção de papel e bombas de sementes.
Impacto na comunidade - Em setembro, durante a comemoração do Dia da Árvore, as sementes produzidas pelos alunos serão distribuídas à comunidade, com a expectativa de arborizar a região e fortalecer a consciência ambiental. Segundo a professora Letícia, a região do Aero Rancho tem déficit de arborização com 113 hectares em degradação.