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Chance de convergência

Por Robson Braga de Andrade (*) | 01/06/2017 14:12

Duas medidas imediatas são absolutamente necessárias para o Brasil voltar a crescer com consistência e gerar empregos: reduzir o risco na arregimentação da força de trabalho e enfrentar o crescimento do déficit da Previdência Social. Com a primeira iniciativa, as contratações e a formalização do trabalho aumentarão. Com a segunda, ao menos se estabilizará a relação entre a dívida pública e o Produto Interno Bruto.

A necessidade das duas reformas fica clara por um motivo singelo: elas foram, em algum momento, também propostas por partidos que não fazem parte da atual coligação governista. A política é assim mesmo: cabe sempre à oposição oferecer o céu; ao governo, resta a missão de fazer o avião aterrissar. Então, se a oposição recusa qualquer possibilidade de consenso, sobra ao governo fazer o trabalho que dele se espera.

O Brasil é recordista mundial, ou está entre os recordistas, em processos trabalhistas, juros reais e desigualdade social. Sem desatar esses pontos, o emaranhado da legislação diminui o apetite empresarial por novas contratações.

No segundo, a marca insuperável em juros reais funciona como trava ao investimento produtivo e ao consumo. No terceiro, sem oferta de emprego, não há como distribuir renda de modo consistente.

Existe, ainda, outro aspecto na questão. Demonizar as reformas, como se atendessem apenas ao interesse dos empresários, é injusto. Equilibrar as contas públicas, baixar a inflação e fortalecer o mercado de trabalho é um objetivo nacional comum. Quando as empresas vão bem, os trabalhadores também vão. O contrário é igualmente verdadeiro, como demonstra a terrível recessão que temos enfrentado há dois anos e meio.

Seria possível apresentar números e mais números para sustentar esse ponto de vista, mas não é necessário. Os dados são conhecidos. O que falta, basicamente, é a coincidência de interesses dos diversos partidos no Parlamento. Estamos diante de uma oportunidade única. As incertezas são tantas que não se sabe nem quais serão os candidatos nas próximas eleições presidenciais, muito menos quem sairá vencedor das urnas.

Se ninguém tem certeza dos resultados, muitos certamente acham que têm chance de vencer. Aliás, já há uma meia dúzia de nomes se apresentando. Bendita incerteza. Por isso, pode haver, agora, uma convergência em torno de medidas que aliviem a tarefa do próximo presidente.

É sempre melhor assumir com a casa mais arrumada. Será extremamente importante que, a partir de 2019, estejamos construindo o futuro, em vez de continuar remendando o que recebemos como triste herança do passado.

(*) Robson Braga de Andrade é empresário e presidente da CNI (Confederação Nacional da Indústria)

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