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Combater a crise pela raiz

Por João Doria (*) | 17/11/2015 13:59

A crise do país é essencialmente de natureza política. E o guarda-chuva que abriga outras crises: econômica, hídrica, energética e, sobretudo, a crise moral que solapa as bases do nosso edifício democrático. No Brasil, a natureza política se torna incompatível com um modelo racional de Estado e uma gestão moderna de democracia. E a crise tende a se expandir.

O País não sai do impasse porque simplesmente não consegue avançar na trilha das mudanças políticas. Em consequência, vive permanentemente dentro de um ciclo de precária governabilidade, agravado pela tensão entre os Poderes Executivo, Legislativo e Judiciário, e também pelas enormes carências sociais, e pela grandeza territorial, com suas marcantes diferenças socioeconômicas e culturais.

A questão se coloca: como cortar o nó que mantém o país em uma situação de inércia? Que reformas se fazem necessárias para promover a dinâmica do país? As indicações para se obter um estágio de modernização, de maneira quase consensual, assinalam para as necessidades de mudanças na estrutura do Estado, entre elas, a redefinição de atribuições e melhor divisão de competências entre os três poderes; do sistema político-eleitoral; do sistema tributário-fiscal e da previdência, reformas consideradas prioritárias para o redimensionamento do perfil institucional do país, aperfeiçoamento do sistema político e formação de uma burocracia voltada para a eficácia.

Essas reformas definirão novos padrões de organização social e produtiva. No entanto, por mais bem feitas e planejadas, não conseguirão gerar resultados suficientes para alterar, de modo profundo, a fisionomia cultural do país.

A Câmara aprovou um conjunto de resoluções, encaminhadas ao Senado. Essa Casa acolheu o parecer do senador Romero Jucá, diminuindo tempo de campanha, tempo de programação eleitoral, regulamentando coligações proporcionais e proibindo doações para campanhas por pessoas jurídicas. Ao voltar para a Câmara, os deputados desfizeram o acerto feito pelos senadores. Praticamente, a reforma repõe o que já existe. O que se pode concluir desse vai-não-vai? Que a modernização do país ocorre a conta-gotas, não atendendo aos verdadeiros anseios da sociedade.

O Brasil só avançará quando a reforma fundamental, a mãe de todas as reformas, conseguir contemplar a base da sociedade. E que reforma é esta? A reforma educacional, começando com a educação básica. Vamos aos fatos: a escola pública está deteriorada; milhões de brasileiros permanecem fora do sistema educacional; medidas como as de combate à fome e à miséria, integram-se a uma visão meramente assistencialista têm seus méritos, no curto prazo, para minorar o desespero que se alastra em algumas regiões, mas não ajudam os carentes a sair do seu estado.

Precisamos combater a crise pela raiz. A grande revolução que o Brasil precisa empreender é na esfera do conhecimento e da educação. Só assim o País poderá começar a diminuir o abismo social que envergonha a nação.

(*) João Doria é jornalista, presidente do Grupo Doria e pré-candidato à prefeitura de São Paulo

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