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Da hora, tio!

Por Francisco Haberman (*) | 19/10/2017 07:37

Confesso que estou com saudade dos tempos já vividos. Dos tempos em que às oito da matina as crianças já estavam na escola desde às sete e Marta e eu já no trabalho.

Agora, ando implicado com o relógio. Acordo cedo, mas me surpreendo com a celeridade das horas. Como os ponteiros andam depressa, gente!

E, nessa semana, piorou. Esse tal de horário de verão faz o tempo deslizar. Quando se percebe, a manhã ou o dia já passaram. Dizendo assim, parece que é falta do que fazer mas não é isso verdade, não. Estou sempre devendo serviço, aqui, ali e acolá, além das obrigações profissionais inadiáveis. E tem mais, vivo entre jovens, e, com eles, fico surpreso.

Quando pergunto aos jovens modernos como eles estão vendo a vida, respondem: tá ‘massa’, tio. Entendo que tudo esteja como eles querem, ou seja, ‘tá legal’, ‘muito louco’, ‘fera’, muito ‘top’. Assim eles dizem da vida. Eu fico na minha, claro. Mas de olho no relógio...

Como demoro em acertar meu ritmo pessoal com os ponteiros do novo horário, fico, agora, comparando a intensidade do brilho do sol e as horas que passam. Antigamente, isso era muito importante por dois motivos.

O primeiro era a deficiência tecnológica geral que não permitia o trabalho confortável após o término do ciclo diário com o brilho e o calor solar. Nem luz artificial brilhante adequada havia para estudar à noite, por exemplo. Era uma luz amarela, fraquinha.

O segundo era a implacável exigência do trabalho manual para quase toda a atividade extenuante diária. Dela dependia a sobrevivência humana ( como acontece hoje ) e não permitia ( ou não permite ainda ) intervalo durante o dia. Após essas observações tenho tido gostosas surpresas.

Uma delas é, de novo, com os jovens. Quando pergunto se estão gostando do novo horário de verão, eles rapidamente respondem: esse horário é ‘da hora’, tio. A noite chega logo prá balada...

Então, já vi tudo. O tio aqui tá mesmo é passando da hora. E com uma dúvida cruel: Tô ‘fera’ ou fora?

‘Bora’ pro ‘trampo’! Tá na hora.

(*) Francisco Haberman, professor da Faculdade de Medicina da Unesp de Botucatu.

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