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DIWALI – Celebração de luzes e cores

Por Enildes Corrêa (*) | 29/12/2013 10:53

Natal é um período em que é agradável passear pela cidade e apreciar a decoração de luzes. Quanto mais luz, mais atraídos ficam os nossos olhos. Sentimos vontade de, simplesmente, parar e apreciar os locais decorados por cortinas, cascatas e contornos de luzes. A luz exerce atração e fascínio sobre nós, seres humanos, não é? Por isso os grandes mestres espirituais da humanidade nos atraem de forma irresistível, pois são Seres repletos de Luz.

Gosto de observar e constatar o interesse das crianças pelas luzes. A inocência e o entusiasmo com tudo o que veem expressa uma totalidade de atenção à vida, que, infelizmente, o adulto perde. A sociedade doentia em que vivemos nos distancia do nosso estado natural de contentamento.

Passeando com o meu neto pelas ruas iluminadas, surpreendi-me com as palavras do meu “Pequeno Buda”, forma carinhosa como costumo chamá-lo: “Vó, as luzes vão acender todas na noite de Natal”. Fez uma curta pausa e prosseguiu, olhando-me com os seus lindos e brilhantes olhos azuis: “Eu também vou ficar cheio de luz”. E a sua fala foi totalmente espontânea. Ele fez a conexão das luzes lá fora com o mundo interno. Inocentemente, falou uma verdade, que exprime o espírito de Natal. Quantos de nós relacionam a iluminação da decoração natalina com a luz dentro de si?

Reportei-me a conversa que tive com Kiran Kanakia, na noite de Diwali, em Poona. Diwali é o último dia do ano do calendário Vikram, um dos calendários hindus. Eles comemoram essa passagem de maneira muito especial. Normalmente, viajo para a Índia em dezembro, mas, naquele ano, fui mais cedo e tive a feliz oportunidade de passar lá essa data em que acontecem várias e importantes celebrações religiosas do hinduísmo.

Recordo-me de que desembarquei em Mumbai no dia 5 de setembro, à noite. Naquele dia, celebrava-se o Festival de Ganesh – o Deus da Boa Sorte (aquele com rosto de elefante), padroeiro da cidade de Mumbai. Qual não foi minha surpresa ao ver a cidade toda iluminada e tanta gente nas ruas.

Diante daquela visão luminosa e inesperada, acabando de chegar de uma longa viagem, tudo parecia um sonho. Por pura coincidência, havia chegado à Índia em data tão especial! Pensei: que bom agouro para esta minha chegada. De fato, foi uma das viagens mais abençoadas que fiz ao país de nascimento de Buda – um prêmio da Existência na minha vida. Foram muitas as celebrações religiosas a que assisti. A que mais me impressionou foi o Festival do Diwali, que significa “celebração de luz” e simboliza o triunfo da luz sobre a escuridão.

A Índia é um país religioso e a celebração do Ano Novo hindu revela esse direcionamento espiritual. No dia do Diwali, os hindus oram, meditam e fazem pujas – oferendas espirituais – à Deusa Lakshmi, homenageada nessa data. Lakshmi é a deusa da luz, felicidade, riqueza e beleza. O perfume dos incensos e das flores está presente por onde quer que passemos.

As pessoas acendem velas ou lâmpadas de óleo na porta da frente de suas casas, em pares, uma de cada lado. Enfeites coloridos adornam as sacadas e soltam fogos de artifício. As cidades ficam iluminadas pela decoração com lâmpadas elétricas nas ruas. Vemos ainda belos desenhos coloridos no chão da entrada das casas com um pó próprio para essa finalidade – verdadeiras obras de arte no chão, que depois são desfeitas!

Nessa data, os parentes e amigos se encontram, trocam presentes, vestem roupas novas, comem e repartem doces. Visitei Kiran e sua família no dia do Diwali. Ele explicou-me o significado dessa celebração de luzes e cores. Nos tempos antigos, era o reflexo do contentamento interior, a expressão da celebração interna, atualmente, havia se tornado um ritual. E, quando as pessoas têm que seguir a tradição, não há alegria para ser refletida. Dessa forma, disse ele, aquela comemoração havia perdido muito do significado original.

Mas, seja como for, pelo que eu vivenciei naquele inesquecível dia em Poona, percebi a força espiritual que reina no ambiente quando milhares de pessoas se unem em prece e meditação. A energia no dia do Diwali é muito forte e especial, favorece uma abertura espiritual, principalmente se estivermos na presença de um Ser Derperto, Fonte pura de Luz e Amor.

É lastimável que, no Ocidente, as comemorações de final de ano tenham sido esvaziadas pela visão exacerbadamente materialista. Prevalece muito mais o aspecto material e consumista no Natal do que a celebração do verdadeiro espírito natalino. A área econômica do mundo ocidental conseguiu, inclusive, substituir o Menino Jesus pela figura do Papai Noel.

Mas, deixando de lado as minhas memórias da Índia e as comparações de diferentes tradições, desejo ao leitor que o Ano Novo seja uma celebração de luzes e cores, tal qual o Diwali dos hindus. Que cada um de nós coopere com a vida para a vitória da luz, abrindo-se para a devida compreensão que permite a todos acenderem a própria chama e ser uma fonte de luz para si e para o ambiente ao seu redor.

Namastê!

(*) Enildes Corrêa é administradora e terapeuta corporal Ayurveda. Ministra palestras e seminários vivenciais a organizações governamentais e privadas. Autora do livro “Vida em Palavras”.

E-mail: omsaraas@terra.com.br
Website: WWW.solautoconhecimento.com.br

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