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Greve? Definhe. Por Ruy Sant’Anna

Por Ruy Sant’Anna (*) | 08/08/2012 08:58

Há dias, 23 categorias de servidores do Governo Federal estão em greve as quais totalizam mais de 350 mil funcionários que estão de braços cruzados.

Nessa relação estão professores universitários, fiscais sanitários, de agências reguladoras, Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), além dos ministérios da Agricultura e Saúde, Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária (INCRA), Instituto Brasileiro de Meio Ambiente (IBAMA), servidores do Poder Judiciário, e mais recentemente a Polícia Federal.

Tais paralisações, contudo, ainda não acontecem em todos os estados, mas a ligação de fundamento baseia-se na falta de proposta do governo diante das reivindicações dos servidores.

A mobilização de greve é em protesto pelas falhas nas negociações com o governo federal para reestruturação da carreira e dos salários dos servidores.

“A decisão do governo de responder às reivindicações dos servidores federais, em greve parcial, apenas na semana do dia 13 de agosto tem levado a um acirramento da paralisação. A categoria pede reajuste linear de 22% a todos os servidores públicos da União”, observou o jornal Valor Econômico, de dois deste mês.

É evidente que o governo está cometendo erro de avaliação, ao talvez achar que se as paralisações aumentarem a população vá esvaziar, de alguma forma tais movimentos.

No Rio de Janeiro grevistas estão conscientizando a população sobre o porquê das paralisações. E quem não tem um parente, um amigo, um familiar na condição de prejudicado com o salário baixo, condição de vida até aviltada? Está mais ou menos na condição do que tem pessoas de suas relações que já foram assaltadas, roubadas ou furtadas. Raramente alguém escapa ileso de tais comparações.

Assistimos a articulação de um sindicalismo que não pertence a grupos ou partido políticos. Sente-se a articulação objetiva, sem correia de transmissão por nenhuma área política.

As greves estão aí com reclamações trabalhistas, sem abrir mão de seus direitos. Respeitam também o direito da população ao atendê-la dentro do limite legal que impede a paralisação total de serviços essenciais. Está ordeira.

Não há greve apenas por me dá cá aquela palha, na medida em conscientiza os servidores de seus direitos, e por extensão a todas as classes trabalhadoras deste imenso Brasil. E isso acontece de maneira responsável.

Isso equivale dizer que a greve como está, não é um mero ou hediondo crime.

É um direito que está sendo usado dentro da responsabilidade sociotrabalhista. E veja o leitor que as greves só estão ocorrendo após longos períodos de tentativa de negociação, onde o governo sempre aposta no esvaziamento das greves.

Os grevistas tentaram as negociações, que sempre são mais importantes que a paralisação.

O Brasil se quiser sustentar-se como país líder na América do Sul ou no Mercosul, não pode querer manter-se com uma falsa política de solidariedade sociotrabalhista. Muito menos pode deixar que a remuneração de seus principais sustentáculos na movimentação da engrenagem administrativa, recebam salários injustos que prendam o País no atraso.

Se todas as categorias enumeradas acima e outras mais greveiam, os palacianos do Planalto só não greveiam por falta do que reivindicar. Essa é uma realidade.

De mais a mais, a continuar essa aparente indiferença governamental, lamento observar que as autoridades econômicas não enlouqueceram. A loucura deles aí exposta e em andamento é normal.

A inércia na decisão governamental é baseada na arte de não levar a nada. Quando vê que não tem condição de fazer teatrinho com as dificuldades dos outros, perde a mobilidade. Então já que os problemas trabalhistas e sociais estão aí e não acabaram o governo espera. Espera que definham, esvaziem-se.

Pela minha criação, confiança no direito e respeito às instituições acredito que essa movimentação consiga sensibilizar ao Governo Federal. Por motivo eleitoral ou não, o que basta é o atendimento imediato e/ou parcelado das reivindicações trabalhistas. Por isso. cumprimento a todos com meu bom dia, o meu bom dia pra vocês.

(*) Ruy Sant’Anna é advogado e jornalista.

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