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Jerusalém: história e religiões

Por João Paulo Vani | 18/12/2017 08:37

Nos últimos dias, o mundo se viu perplexo diante da declaração do presidente americano, Donald Trump, reconhecendo Jerusalém como capital do Estado de Israel. Ainda que na prática isso já esteja estabelecido, essa posição do líder do mundo livre não beneficia, de modo algum, as relações entre Israel e Palestina, ou ainda, a posição dos Estados Unidos como principal articulador da paz na região.

Para que se possa entender os meandros da disputa envolvendo Israel e Palestina, ou árabes e judeus, ou ainda, ismaelitas e israelitas, é fundamental voltar na história. De acordo com a mitologia hebraico-cristã, a disputa começa 2 mil anos antes de Cristo, com a promessa de Deus ao patriarca Abrão: “À sua descendência darei esta terra”, cuja extensão ia do Rio do Egito ao Rio Eufrates e, em termos atuais, compreenderia os territórios do Estado de Israel, Palestina, Cisjordânia, Jordânia ocidental, sul da Síria e sul do Líbano.

Abrão teve dois filhos: o primogênito ilegítimo, fora do casamento, com a escrava Agar, Ismael; e o filho legítimo – mas não primogênito – Isaac, filho de Sara, sua esposa. E aí começa o desentendimento pela “herança” de Abrão, a Terra Prometida.

Ao longo de quarenta séculos essa disputa se acirrou e, por questões políticas, econômicas e estratégicas, parece uma demanda sem solução. Nesse período, Deus confirma a Isaac a aliança que tinha feito com seu pai, Abrão, época em que Isaac contava com 100 anos e Jacó, seu filho, tinha 40 anos. Portanto, Abrão, Isaac e Jacó – que após lutar com Deus recebe d’Ele o nome “Israel”, são consagrados como os Três Patriarcas de Israel, três gerações de signatários da promessa divina.

Dos filhos de Jacó/Israel, nasceram as 12 Tribos de Israel, os clãs que deram continuidade à cultura judaica. Na quarta geração de Abrão, a inveja dos irmãos em relação ao amor do pai, Jacó/Israel para com José, fez com que o vendessem ao Egito como escravo. José foi preso injustamente e, após um longo período na prisão, caiu nas graças do Faraó ao interpretar um sonho. Com isso, José é constituído sobre todo o Egito.

O desenrolar dessa história trará diversos outros personagens, como Moisés, que liderou a libertação do povo judeu do Egito, em uma saga conhecida como Diáspora; Davi e Salomão, pais e filho, reis memoráveis por seus feitos, sabedoria e temor a Deus, e chega em Jesus Cristo.

Note-se que Abrão, Isaac, Jacó, José, Moisés, Davi, Salomão e Jesus figuram não apenas como protagonistas da cultura judaica e do cristianismo, mas também entre os 25 profetas do Islã.

Para Trump, é evidente que somente o jogo de poder importa. Por sua vez, Jerusalém é hoje uma cidade culturalmente unificada, ainda que não exista esse reconhecimento político. Sagrada para as três religiões abraâmicas, abriga israelenses e palestinos; judeus, árabes e cristãos, e há de ser sempre defendida não apenas por aqueles que a querem como sua capital, ou que a dela se sentem “herdeiros”, mas por todos que condenam o ódio e respeitam sua história e simbolismo.

João Paulo Vani é Presidente da Academia Brasileira de Escritores, Mestre em Teoria Literária e Doutorando em Letras pelo Programa de Pós-Graduação em Letras da Unesp de São José do Rio Preto. Contato: jpvani@editorahn.com.br

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