ACOMPANHE-NOS     Campo Grande News no Facebook Campo Grande News no Twitter Campo Grande News no Instagram
ABRIL, TERÇA  16    CAMPO GRANDE 24º

Artigos

Queremos estar na Série A

Por Marco Antonio Tavares* | 06/12/2011 18:44

Chegou ao final o Brasileirão da série A e nos bate uma melancolia que nos reporta aos anos 77, quando o galo da bandeirante (Operário Futebol Clube) estava nessa galera mostrada ao vivo pela TV, a milhões de brasileiros e porque não, a estrangeiros (tomara que tenha passado na Argentina).

Naquela época, ainda garoto, ia com meu pai e meus irmãos ao Morenão gritar nomes como: Castilho, Manga, Artuzinho, Pastorial, Marião, Everaldo e outros. Como era bom ter o poder, a certeza, a razão de ver o Operário surrar equipes como Palmeira, Fluminense, Vasco, São Paulo (ops, esse fomos roubados).

Hoje, todos querem ver Mato Grosso do Sul nesse cenário mágico da Série A, onde apenas 20 valorosos guerreiros bebem dessa água pura de prazer. Eu digo todos, porque também me incluo nesse universo de pessoas, que querem ver novamente o Morenão lotado de torcedores, torrrrcenndoooo por um time nosso, pantaneiro mesmo.

Aí, começo a comparar as épocas e as condições para que essa visão do Olimpo se realize. Começo pelo Estádio Pedro Pedrossian, onde o gramado era um tapete verde maravilhoso, cuidado pelo saudoso Major Maravieski, que tratava daquele campo de jogo de 105x75m como se fosse o gramado de sua casa, regado no inicio da manhã e ao final da tarde (naquela época não se fazia shows).

Vem-me a mente os jogadores Manga e Artuzinho que eram nomes nacionais, que vinham aqui sabendo que receberiam os seus enormes salários. Aí pergunto ao meu pai, naquela época, empresário do ramo de couros, como se pagava esses salários? Fácil, me responde, havia 100 empresários que doavam R$ 4.000,00 (naquela época 4 milhões de reais novos ou velho, nem sei mais) todo mês, rigorosamente. E outros doavam mais. Era paixão.

Hoje, um atacante do América Mineiro (rebaixado) tem salários de R$ 200.000,00. Quanto seria a folha do Sport Club Corinthians (campeão). E pasmem, o Atlético Paranaense caiu para a Série B. Clube com uma das melhores estruturas do futebol brasileiro (categorias de base para dar inveja a muitos clubes europeus) e patrocínio de uma multinacional russa KYONCERA.

Projeto então uma equipe pantaneira na Série A. Vamos começar disputando a Série D, onde, segundo uma consultoria esportiva, é necessário um investimento de R$ 600.000,00 mensais. Entre apresentação de jogadores a final, lá se vão 6 meses e três milhões e seiscentos mil reais de investimento.

Estamos na Série C, todo mundo empolgado e reunimos entre amigos uns 8 milhões para chegarmos a final dessa 3ª divisão. Festa na Afonso Pena, carreata com carro de bombeiros para os jogadores, etc. Estamos na Série B – 2ª divisão do Brasileirão.

O ano é 2014. Copa do Mundo no Brasil. Todas as competições adiadas para o 2º semestre, melhor, temos tempo de arrumar a casa. Precisamos correr, construir um CT (é isso aí, Centro de Treinamento) com muitos campos, refeitório, hotel para concentração, CEFIS.......dinheiro, precisamos de dinheiro. Só uns 30 milhões (o orçamento do Corinthians para 2012 é de R$ 100.000.000,00). Mas tudo bem, somos brasileiros não desistimos nunca. Só falta esse pulinho.

2015. Estamos na elite do futebol brasileiro. Sonho de um povo que um dia viveu essa glória em ser o 3º melhor clube do Brasil, lugar conquistado no Estádio Morumbi, diante do poderoso São Paulo Futebol Clube. Olho para traz e lembro-me das dificuldades, as viagens, as concentrações, o choro, as vaias, treinamento, concentração, mais viagens, 90 milhões de reais.....QUANTO????... 90 MILHÕES. Volto a sonhar.

(*) Marco Antonio Tavares é professor de Educação Física, mestre em Educação e vice-presidente da FFMS

Nos siga no Google Notícias