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Recuperar o terreno perdido

Por Benedicto Ismael Camargo Dutra (*) | 25/09/2014 13:59

A globalização se fez calcada no imediatismo da minimização dos custos e maximização dos lucros, desconsiderando os aspectos humanos e a sustentabilidade urbana, nivelando tudo por baixo. Cada país e cada povo precisa se movimentar e ter assegurados os meios de subsistência condigna, o que não tem recebido a atenção por parte dos investidores.

Algumas corporações começam a despertar para sua responsabilidade com a sociedade, posto que os governos se envolveram em interesses particulares, descuidando de sua tarefa e do futuro que se insinua ameaçador com a limitação dos recursos, consumo sem disciplina, população se expandindo. É imperioso o desenvolvimento de sérios estudos avançados sobre os erros que estamos cometendo, pois se trata do futuro, nosso e dos nossos descendentes, que está em jogo.

A fase é de crescimento pífio. Após a crise de 2008, muitas pessoas não conseguiram retornar aos postos de trabalho destruídos. Segundo a OIT, o número de desempregados se situa ao redor de 200 milhões, e até 2019 poderá alcançar 213 milhões. No Brasil, o crescimento é baixo e os déficits aumentam; temos atraso em muitos setores. Estamos enfrentando dificuldades na indústria, no setor de energia, na produção de etanol, nos desmandos na Petrobras. Quando houve um plano econômico voltado para o progresso do Brasil e sua população? Educadores já falaram do atraso no preparo dos jovens. Médicos mostraram a precariedade alimentar das crianças.

Ficamos por baixo e agora enfrentamos a renhida competição global. O empresário Dimas Zanon é bem o exemplo da situação: a capacidade de produção da Difran, empresa que fundou em 1985, era de 300 mil peças por dia, e empregava 420 funcionários. Hoje são 130 funcionários para uma produção máxima de 100 mil peças. Segundo o empresário, boa parte dos problemas da indústria de autopeças se deve ao elevado custo Brasil e à "nefasta" política cambial, que tira a competitividade do produto nacional e abre espaço para peças vindas do exterior, especialmente da China.

O economista Delfim Netto, em artigo publicado no jornal Valor Econômico, esclareceu que “o uso exagerado da taxa de câmbio (e preços públicos) para controlar a inflação (que destruiu o setor de biocombustível e a Petrobras) roubou US$ 230 bilhões de demanda do setor manufatureiro entre 2010 e 2014, que foi substituído por importações. A indústria perdeu suas condições isonômicas de competição: uma carga tributária absurda, que é desonerada ficticiamente; a maior taxa de juros real do mundo; um custo de energia e insumos alto e crescente; um irracional sistema de tarifas efetivas; uma política comercial frouxa e prisioneira de compromissos regionais problemáticos; a ausência de um regime de "draw-back" verde e amarelo e, por último, e ainda mais importante, uma política cambial errática a serviço do combate à inflação”. Como recuperar o terreno perdido?

A sociedade tem vivido de uma forma lamentável e artificial, inventada pelo homem e seus interesses materiais, descuidando do real sentido da vida. Perdemos o conhecimento do que é natural; tudo passou a girar em torno do dinheiro, relegando tudo o mais a plano secundário, inclusive os valores humanos. A paz, o progresso e a alegria teriam de ser naturais numa existência dedicada à evolução da humanidade.

(*) Benedicto Ismael Camargo Dutra é graduado pela Faculdade de Economia e Administração da USP, e associado ao Rotary Club de São Paulo. Realiza palestras sobre temas ligados à qualidade de vida. É também coordenador dos sites www.vidaeaprendizado.com.br e www.library.com.br, e autor dos livros “ Conversando com o homem sábio”, “Nola – o manuscrito que abalou o mundo”, “O segredo de Darwin”, e “2012...e depois?”. E-mail: bicdutra@library.com.br; Twitter: @bidutra7

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