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Socorro nas águas

Por Afonso Motta (*) | 12/07/2014 18:00

O martírio se repete e o avanço do rio Uruguai na Fronteira Oeste e regiões Norte e Noroeste do Estado provocaram danos e prejuízos à população gaúcha. As águas subiram e milhares de pessoas tiveram de abandonar suas casas e perderam seus bens, ficando na dependência das precárias instalações proporcionadas pelas municipalidades através da Defesa Civil.

Esta última ocorrência, típica desta época do ano em nosso Estado, foi de grandes dimensões e superou em prejuízo a histórica enchente de 1983, que deixou embaixo d'água Itaqui, Iraí, São Borja e Uruguaiana. Esta foi, portanto, das maiores cheias já ocorridas no Estado. E repete-se nesta hora trágica o vazio entre o cidadão e o Estado. A imprevisibilidade, a dificuldade do socorro e a lenta burocracia para que os recursos cheguem aos atingidos expõem a fratura da institucionalidade.

Já é difícil em normalidade, mas na emergência é ainda pior. Desta vez, o Rio Uruguai deixou um rastro de destruição e duas mortes, mais de 20 mil desabrigados, 90% destes na Fronteira Oeste. Itaqui registrou mais de nove mil pessoas fora de casa, seguida de Uruguaiana e São Borja. Barra do Guarita e Iraí estão em situação de calamidade pública. São 133 os municípios afetados.

As respostas do poder público à emergência acontecem, mas de forma precária. Alimentos, medicamentos, materiais de higiene, lonas, telhas, alojamento, transporte. Na esfera federal, com o decreto de situação de emergência em mãos, começa o martírio dos prefeitos pela busca de recursos para a recuperação das localidades atingidas. Desta vez, em formato coletivo, talvez o decreto produza efeito e agilize a liberação dos recursos. É o que todos esperamos.

Em meio a tudo isso, é preciso destacar a ação rápida e organizada da Defesa Civil que, nas últimas décadas, dá mostras de agilidade para promover o socorro. Evoluindo como organização da sociedade civil, pude constatar no meu trato com as prefeituras, durante o período em que respondi pela secretaria do Gabinete dos Prefeitos, a urgência daquele momento decisivo em que as pessoas estão fragilizadas pela tragédia, afastadas de suas casas, sem alimentos, temendo pela preservação dos seus lares após as cheias.

É nessa hora que a presença dos socorristas surge como salvadora, um amparo imediato que só se concretiza porque resulta da efetiva combinação das regras de segurança e proteção acessíveis. Mas na outra ponta, distante de tudo, segue a solidariedade se desdobrando para contribuir com os irmãos desabrigados.

(*) Afonso Motta, advogado e produtor rural

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