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Cidades

Mortes por síndrome respiratória são alerta de subnotificação da covid

Reportagem nacional evidencia MS e MG como Estados onde os óbitos por SRAG não identificada podem esconder subnotificcão de covid

Lucia Morel | 19/06/2020 17:32
Fonte: Revista Piauí
Fonte: Revista Piauí

O dado mais recente de mortes por SRAG (Síndrome Respiratória Aguda Grave) em Mato Grosso do Sul indica 237 até 16 de junho, segundo a SES (Secretaria de Estado de Saúde). Todas elas ocorreram sem que se conseguisse identificar o vírus causador da doença, que pode ser tanto por covid-19, gripe ou outros semelhantes.

Reportagem da Revista Piauí, de 15 de junho, indica que Mato Grosso do Sul, junto com Minas Gerais, apresentam situação semelhante em relação aos casos da síndrome e de covid-19. Em ambos, o número de mortes por SRAG não identificada podem representar casos não notificados de covid.

Pelos dados do material, em todo Brasil, houve avanço gigantesco dessa situação, no entanto, esses dois Estados se destacam, porque são justamente onde a quantidade de casos e mortes pelo novo coronavírus são os menores do País.

Para se ter uma ideia, para cada 10 pessoas que morreram por covid-19 no Brasil, mais 8 morreram por SRAG sem causa determinada. Até a primeira semana de junho, conforme a publicação, foram 23 mil casos. Os sintomas são os mesmos da Covid-19. A faixa etária das vítimas também: 7 de cada 10 têm 60 anos ou mais.

Na análise assinada por Amanda Rossi e Renata Buono, tanto os casos da síndrome quanto de covid-19, cresceram juntos, a partir da oitava semana do ano e segundo elas, os dados fazem parte das fichas de pacientes enviadas pelos hospitais para o Ministério da Saúde, além do InfoGripe, da Fiocruz.

“Mato Grosso do Sul e Minas Gerais são os estados com a menor taxa de mortes por covid-19 do país – 8 e 17 mortes por 1 milhão de habitantes, respectivamente. Se forem somadas as mortes incógnitas, a taxa do Mato Grosso do Sul sobe para 73 e a de Minas para 92 por 1 milhão de habitantes”, revela trecho da matéria publicada na coluna “= igualdades”.

Na comparação, a reportagem analítica evidencia que “no Acre, para cada 10 vítimas da covid-19, há apenas 1 vítima de SRAG indeterminada. Em Minas Gerais, 45. No Paraná, 51. No Mato Grosso do Sul, 87”. Isso significa que a cada vítima fatal do novo coronavírus em MS, outras 8,7 morreram da síndrome sem identificação de agente causador.

E enfatiza que sobre o InfoGripe, que "o sistema foi desenhado para monitorar a influenza, mas se revelou um indicador da subnotificação de mortes pelo coronavírus".

Apesar disso, o material detalha que “os números de SRAG indeterminada cresceram mais nas regiões mais afetadas pela pandemia”, como na Norte, que tem a maior taxa de covid-19 por habitante do país, sendo que a cada 1 pessoa que normalmente morria de SRAG indeterminada, outras 23 morreram este ano. Já no Sul, que tem a menor taxa, foram 6.

Vale ressaltar que a reportagem se baseia em dados coletados até 5 de junho deste ano. Mas mesmo se for levado em conta os dados mais atualizados, de 237 mortes por SRAG até 16 de junho e as 36 mortes por covid-19 em MS até a mesma data, a proporção é de uma morte pelo novo coronavírus para outras 8,5 provocadas por SRAG.

Em resposta, a SES encaminhou mesma nota que embasou esta matéria, ressaltando que não é possível identificar uma tendência de subnotificação de casos e óbitos de covid-19 com base nas mortes por SRAG, já que os 237 óbitos pela síndrome até 16 de junho são menores que os 292 registrados no mesmo período de 2016.

“Do exposto, tem-se que no ano de 2020 a quantidade de casos fica 18,8% inferior ao período de 2016, de onde, não se pode inferir que os óbitos declarados e notificados como SRAG, são casos de COVID-19 não identificados”.

O Campo Grande News procurou a Fiocruz (Fundação Oswaldo Cruz), que através da plataforma InfoGripe, auxiliou nos dados da matéria da Piauí, mas o responsável pelas informações está afastado e não pôde dar esclarecimentos. Pelo Ministério da Saúde, também não houve resposta.

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