MS "fura" projeções e segue com aumento acelerado dos casos de covid-19
Estudo da Fiocruz identifica que pior semana já era para ter passado, mas aumento de casos e óbitos continua
Estudo desenvolvido pela Fiocruz (Fundação Osvaldo Cruz), do Rio de Janeiro, coloca Mato Grosso do Sul entre os estados que estão desafiando as projeções feitas para o período mais crítico da covid-19.
Os levantamentos indicavam que o pico seria alcançado na semana epidemiológica 24, e depois a curva cairia. Em MS e em mais 9 unidades da federação, não é isso que vem ocorrendo.
Esta é a semana 26 na tabela epidemiológica e, ainda assim, a linha traçada pelo crescimento dos casos é íngreme. Já são quase sete mil confirmações, desde a primeira, em 14 de março. O número de mortes bateu 69.
Desde domingo, são 22 óbitos.
Ontem, haviam sido confirmados 320 casos. Hoje, foram mais 390. Em percentagem, os registros de pessoas com novo coronavírus aumentaram, de um dia para o outro, em 21%.
"É uma escalada absurda", definiu o secretário de saúde Geraldo Resende durante a transmissão ao vivo para anunciar os dados atualizados.
Em avanço - O estudo da Fiocruz coloca Mato Grosso do Sul junto com os estados de Espírito Santo, Goiás, Mato Grosso, Minas Gerais, Paraíba, Piauí, Rio Grande do Norte, Rondônia e Sergipe apresentaram a semana 24 como a de maior concentração de casos até o momento, "indicando que, nesses lugares, a epidemia ainda está em processo de ascensão, notificando um elevado número de pacientes infectados pelo novo coronavírus", segundo reportagem de O Globo.
Com base no Monitoracovid, plataforma da Fundação, o levantamento cita a interiorização dos casos como uma preocupação em todo o País.
Há diversos recortes, com imagens e gráficos, em que é possível ver a evolução da doença. Um deles usa cores, do azul até o vermelho, para identificar a intensificação da doença, pelo número de mortes, entre a semana 10 e a 25.
Na semana 25, a última estudada, Mato Grosso do SUl aparece em tom vermelho, com a maior concentração de casos. E eles não vem diminuindo, estão ao contrário, se ampliando.
Imprevisível - Infectologista do comitê criado pelo governo de Mato Grosso do Sul para acompanhar a situação e definir estratégias, a infectologista Mariana Croda diz que esse período atual era previsto como o de pico mesmo em análises realizadas, mas já houve projeções diversas, não confirmadas.
A indicação, diz, é que de ainda haverá a fase mais crítica da doença, nas próximas semanas.
Segundo ela, preocupam tanto a interiorização da doença, que tem a macrorregião de Dourados como foco das mortes no Estado, quanto o crescimento em Campo Grande. Em dois dias, a Capital teve 150 positivos, enquanto Dourados teve 88.
Para Mariana Croda, assim como só se tem a compreensão de fatos históricos depois que eles já passaram e é possível fazer o resgate das versões sobre ele, a pandemia também não terá sua análise correta enquanto estiver ocorrendo. "A gente só vai saber quanto atingiu o pico quanto tiver o controle da doença e puder analisar os dados", avalia.