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Cidades

Pesquisa mostra que cães e gatos não são infectados pela covid

Das 8 amostras enviadas, 2 detectaram a presença de Sars-Cov-2 em quantidade tão pequena que não foi possível sequenciar o vírus

Paula Maciulevicius Brasil | 24/02/2021 11:14
Médicas veterinárias residentes em saúde, Letícia Lopes e Tayza Souza, na coleta de exame de um dos pets. (Foto: Divulgação)
Médicas veterinárias residentes em saúde, Letícia Lopes e Tayza Souza, na coleta de exame de um dos pets. (Foto: Divulgação)

As primeiras coletas de exames para ver se os animais que convivem com famílias que testaram positivo para covid também desenvolvem a doença mostram uma quantidade tão pequena da presença do Sars-Cov-2 que nem foi possível sequenciar o vírus. Segundo a pesquisadora e coordenadora local do PetCovid, Juliana Galhardo, o resultado indica preliminarmente que cães e gatos nem chegam a ter a doença.

Na Capital, foram coletadas oito amostras em sete endereços e, destes exames, dois animais tiveram a presença do vírus detectada: um cão "salsicha" e um gato siamês. Aqui em Campo Grande, na maioria das famílias, os donos nem chegaram a perceber sintomas nos animais.

O exame feito nos animais é o swab orofaringe, aquele do cotonete, mas coletado pela boca e também o swab retal, feito no ânus. "Como a narina é muito pequenininha, você não consegue colocar o cotonete dentro do nariz, por isso se faz pela boca", explica Juliana.

Exames são feitos com intervalo de 15 dias: primeiro swab e coleta de sangue e passada duas semanas, apenas sangue. (Foto: Divulgação)
Exames são feitos com intervalo de 15 dias: primeiro swab e coleta de sangue e passada duas semanas, apenas sangue. (Foto: Divulgação)

Aprovado e financiado pelo CNPq (Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico), o PetCovid é realizado por pesquisadores do curso de Medicina Veterinária que pretende diagnosticar se cães e gatos também foram contaminados com o vírus. A UFMS é um dos braços da pesquisa que também está sendo feita em Curitiba, Cuiabá, Recife, Belo Horizonte e São Paulo.

Ao todo foram coletadas 60 amostras desde o início do trabalho nestas cidades e o resultado mostrou 11 animais com presença do vírus. "Não teve nenhuma amostra de reto positiva, todas foram orofaringe, o que indica que o vírus não está nem "passando" por dentro do animal, está ali só na boca, mas ainda é cedo para tirar uma conclusão", reforça a professora.

As amostras positivas trouxeram uma quantidade tão pequena do vírus que a pesquisa não conseguiu sequer sequenciá-lo. "A gente acredita mesmo que por enquanto, pelo que os resultados parciais nos dizem, seria um contato bem superficial dos animais com o vírus. Estes pets não tiveram sintoma nenhum, então acreditamos que também não tenham tido covid, só o vírus 'passeando' por ali", simplifica a coordenadora do projeto.

Estudos semelhantes também estão sendo feitos ao redor do mundo, como na Coreia do Sul, e segundo a professora mostram que a expectativa tem sido a mesma. "As pessoas podem transmitir mais".

Ainda é pouco - Para a coordenadora do projeto em Campo Grande, são poucos os endereços onde houve a coleta de exames nos pets. "Todos os centros juntos investigaram 60 casas, o objetivo é ter pelo menos 100 em cada Capital, estamos no início", frisa.

Professores Juliana Galhardo e Andrei Fabretti da UFMS e residentes Andresa Frade e Patrícia Estolano em uma das casas onde coleta foi feita. (Foto: Divulgação)
Professores Juliana Galhardo e Andrei Fabretti da UFMS e residentes Andresa Frade e Patrícia Estolano em uma das casas onde coleta foi feita. (Foto: Divulgação)

Sem amostras suficientes, a professora diz a título de especulação que por enquanto pode-se pensar que nem seja o caso de existir uma vacina específica da covid-19 em cães e gatos. "A maioria é assintomático, não apresenta a doença e como a quantidade de vírus é muito pequena, acreditamos que nem seja capaz de transmitir a doença", especula.

Com um número baixo de presença do vírus, o por quê alguns animais pegam dos donos e outros não ainda intriga. No próprio questionário que as famílias voluntárias preenchem, é perguntada a relação dentro de casa, se o bichinho dorme junto, onde permanece a maior parte do tempo e se o local é ventilado. "Aqui entra a parte da saúde única, de começar a entender os aspectos ambientais que podem influenciar na saúde das pessoas e dos animais", completa.

Em busca de voluntários - O projeto ainda está aberto a receber voluntários, mas as famílias precisam se enquadrar nos seguintes critérios, além de ter animais: testar positivo para covid e estar em isolamento. "A maioria das pessoas entram em contato conosco depois que termina o isolamento, sinal de que ela própria não está mais transmitindo, e se a gente investiga depois deste momento, como a quantidade de vírus já é bem pequena, o animal vai dar negativo", explica.

Os exames feitos nos animais seguem duas etapas: num primeiro momento é feito o swab e a coleta de sangue e 15 dias depois só a coleta de sangue para investigar se o bichinho tem anticorpos.

"Estamos passando as informações de forma bem clara para que as pessoas não fiquem apavoradas, não existe até o momento nenhuma evidência de que os animais possam transmitir a covid para os humanos", esclarece a professora.

Para entrar em contato com o projeto, basta agendar a coleta através do e-mail petcovidufms@gmail.com ou pelo perfil do Instagram @petcovid_ufms.

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