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Cidades

Solução para a saúde da Capital esbarra no interior, afirma secretário

Segundo titular da SES, remodelamento da rede sob gestão do Estado –incluindo o HR– está em análise

Humberto Marques | 20/06/2019 09:21
Situação do HR segue em análise para solução de problemas "bastantes ruins", afirma secretário. (Foto: Arquivo)
Situação do HR segue em análise para solução de problemas "bastantes ruins", afirma secretário. (Foto: Arquivo)

A solução para a superlotação dos hospitais de Campo Grande passa pela reestruturação da gestão nas unidades da rede estadual de Saúde, incluindo o Hospital Regional Rosa Pedrossian. A afirmação é do secretário de Estado de Saúde, Geraldo Resende, ao reconhecer que o HR ainda é palco de “problemas bastantes ruins” que vêm sendo enfrentados e para os quais há, ainda, estudos sobre um novo modelo de gestão para a unidade.

Nesta semana, o Campo Grande News confirmou que a SES avalia, junto com a Sesau (Secretaria Municipal de Saúde) alugar leitos na rede privada para atenuar a falta de vagas na rede pública. Geraldo afirma que as tratativas devem ser desencadeadas na semana que vem, ao mesmo tempo em que será amadurecido projeto para a construção de um hospital municipal.

O secretário confirmou que a solução dos problemas da Capital passam pela implementação do projeto de regionalização da Saúde –que visa a reforçar o sistema nas sede cidades consideradas polos. Logo no início do ano, porém, já houve dificuldades quanto a formatação do sistema de OSs (organizações sociais) em Ponta Porã, assumido por outra instituição do tipo, e de Dourados, onde o Hospital Geral de Cirurgias passará a outra entidade. Paralelamente, foram necessários mais aportes para o Hospital Regional de Coxim. As três cidades são centros regionais de Saúde.

“Enfrentamos problemas em hospitais regionais, nos quais estamos mediando e procurando ajudar no que for possível”, disse Geraldo, segundo quem “se resolver o problema no interior, logicamente se resolve também na Capital”. O secretário afirma que as experiências com OSs seguem em análise em todo o país, devendo pautar também a próxima reunião do Conass (Conselho Nacional dos Secretários Estaduais de Saúde, da qual ele é um dos vices-presidentes).

“É uma preocupação de todos os secretários de Estado de Saúde, que vão discutir qual de fato é a modelagem que melhor podemos ofertar, as experiências de gestão que podemos construir para os hospitais próprios nos Estados”, explicou.

Geraldo reconhece problemas no HR e afirma que Estado busca soluções que passam pelo modelo de gestão. (Foto: Kísie Ainoã)
Geraldo reconhece problemas no HR e afirma que Estado busca soluções que passam pelo modelo de gestão. (Foto: Kísie Ainoã)

HR – O secretário afirma que, desde que assumiu o cargo em janeiro, buscou alternativas para reestruturar a rede no Estado, com a assinatura de diferentes Proadi-SUS (Programas de Aprimoramento de Administração do Sistema Único de Saúde), consultando também grandes hospitais como o Alberto Einstein, Fundação Oswaldo Cruz e o Sírio-Libanês –este último, desde janeiro, participa do projeto de um plano de recuperação do Hospital Regional Rosa Pedrossian, que passa pela governança aos serviços de urgência e emergência.

O HR é apontado como um dos gargalos do setor de saúde, com constantes denúncias, agravadas em 2018, quando a falta de medicamentos e má qualidade de serviços prestados a pacientes –como a lavanderia e alimentação. Os fatos motivaram investigação do Ministério Público de Mato Grosso do Sul e, com a troca de gestão da SES, houve também substituição do corpo diretor do hospital (hoje comandado pelo médico Márcio Eduardo de Souza Pereira), enfatizando a participação de servidores do local.

Apesar das mudanças, o secretário admite que “ainda há problemas, e problemas bastantes ruins” no HR, “que impedem o hospital de cumprir seu papel enquanto referência na média e alta complexidade. Temos uma equipe nova, oriunda do próprio quadro, que procuramos resgatar para que a solução passe, necessariamente, pelos servidores efetivos”.

Ele afirma ter sido traçado um plano emergencial para conter as mazelas no HR, mas que ainda há um caminho a ser percorrido para resolver “toda a complexidade dos problemas, que são crônicos e se arrastam há mais de décadas”. A solução, frisou, passa por novas formas de governança hospitalar.

Hospital Regional de Cirurgias, em Dourados, enfrentou problemas com OS. (Foto: Arquivo)
Hospital Regional de Cirurgias, em Dourados, enfrentou problemas com OS. (Foto: Arquivo)

“É uma realidade nacional, na qual todas as Secretarias de Saúde dos Estados apontam dificuldades na gestão de hospitais próprios”. Alternativas apresentadas por outros Estados, como a profissionalização da gerência –com uma mescla de comando público e funcionamento privado– estão entre as opções. “Queremos fazer um amplo debate para ver qual o melhor meio para reconstruir o Hospital Regional, de forma que ele ocupe seu papel de referência para a saúde pública. Não dá para ter um gasto enorme com recurso público naquele hospital e ter um resultado muito aquém do esperado”.

Especialidades – Geraldo informou, ainda, que o Estado mantém investimentos programados para a regionalização, que incluem a conclusão do Hospital Regional de Três Lagoas, até o fim deste ano, “dando um hospital de referência para 12 municípios daquela região”, e de Dourados, “que, apesar de alguns contratempos na evolução da obra, esperamos que sejam superados e o terminemos daqui a dois anos”.

As obras, prosseguiu, ainda incluem o Centro de Diagnóstico e Imagem de Dourados, do qual se espera a conclusão da licitação para oferecer exames de alta complexidade em uma região de 33 municípios. Ele ainda citou obras na Santa Casa de Corumbá e no Hospital Marechal Rondon, de Jardim, “e em várias cidades de médio porte houve reformas e ampliação de hospitais”.

O redimensionamento da rede ainda inclui melhorias na rede de hemodiálise em Naviraí e Três Lagoas, e na possibilidade de abertura do serviço em outras cidades. Geraldo afirmou, ainda, que há a necessidade de “discutir urgentemente a questão da oncologia (tratamento de pacientes de câncer) em Mato Grosso do Sul, na qual há falhas. Há muita participação de Campo Grande e exagero em alguns tratamentos, com mais equipamentos do que às vezes necessita em um local, enquanto no interior está desguarnecido”.

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