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Cidades

Acusado de dar golpe de R$ 4 milhões contou "experiência" em livro

Renan Nucci | 12/09/2014 16:26
Delegado Roberto Gurgel de Oliveira Filho, de Bonito, durante entrevista coletiva em Campo Grande. (Foto: Renan Nucci)
Delegado Roberto Gurgel de Oliveira Filho, de Bonito, durante entrevista coletiva em Campo Grande. (Foto: Renan Nucci)

“Velejando na Gestão”. Este é o título livro lançado por Alexandre Alex Rodrigues Furtado, 44 anos, tido pela polícia como o maior estelionatário que já agiu em Bonito, preso no último dia 4 pela Interpol, na Venezuela. A publicação teve investimento de parte dos R$ 4 milhões arrecadados pelo golpista.

Segundo o delegado Roberto Gurgel de Oliveira Filho, nos últimos meses antes de ser preso, enquanto estava no Rio de Janeiro, Alex lançou o livro no qual partilha suas experiências na área de negócios e gestão de empresas. “Ele sempre se apresentou como escritor, empresário e palestrante”, afirmou o delegado.

Acusado de estelionato, apropriação indébita, apropriação indébita previdenciária, sonegação fiscal e lavagem de dinheiro, Alex chegou a Bonito no ano de 2007, quando fundou a Agência AR, especializada em turismo. Nos primeiros meses, demonstrou trabalho sério e muito comprometimento, para que conquistasse a confiança dos moradores e empresas de Bonito.

“Alex era uma pessoa persuasiva e sabia o que estava fazendo. Ele chegou mostrando a imagem séria e de confiança, para que pudesse ganhar credibilidade. Todos acreditaram nele logo de cara e já no primeiro ano em Bonito, começou a dar golpes”, explica.

O livro sempre foi uma obsessão do estelionatário, mas até chegar a edição e publicação do material, cometeu uma série de crimes. Ao todo foram 47 vítimas, partindo desde suas ex-esposas, as quais tiveram seus nomes usados em negócios fraudulentos, até a prefeitura do município, além de clientes e fornecedores da agência.

Durante as investigações foi descoberto que ele possuía, na verdade, um conglomerado de sete empresas que facilitavam a articulação de seus esquemas. Durante o tempo que passou em território sul-mato-grossense, fez empréstimos que nunca pagou, arrendamentos que causaram enormes prejuízos, dívidas trabalhistas e foi embora com o dinheiro de clientes que haviam comprados pacotes turísticos.

Em julho de 2013 foi embora de Bonito, alegando que iria realizar o "sonho" de lançar um livro. Alex se instalou em Paraty (RJ), onde comprou um veleiro avaliado em R$ 200 mil, o qual utilizava para fazer serviço de guia turístico. “Ele queria usar esse negócio como uma via para limpar o dinheiro sujo dos golpes que aplicou”, conta o delegado. Na época, ele manteve a empresa AR em funcionamento, mas logo em seguida a fechou, deixando muitas dívidas.

Finalmente, em 2014, ele lançou o livro onde aparece, inclusive, em uma montagem com um dos empresários mais bem sucedidos do país. “Ele fazia de tudo para passar uma imagem de pessoa importante. Sempre foi vaidoso e egocêntrico”, diz Gurgel. Após o lançamento do livro ele desapareceu, pois neste momento, já havia sido indiciado e possuía contra si dois mandados de prisão.

O delegado lembra que não foi fácil encontrá-lo. “Quando saiu do Rio, ele foi para Viamão, no Rio Grande do Sul. Quando estávamos próximos de capturá-lo, ele conseguiu embarcar em um avião para a Venezuela. Nós continuamos seguindo cada um de seus passos e informamos a Interpol. No dia 4, Alex foi preso em Puerto Lacruz, perto de Caracas, onde também tinha comprado um veleiro para trabalhar como guia. Agora aguardamos a extradição”, comenta.

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