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Capital

Morta por PM, jovem vivia em função da filha e sonhava em ser enfermeira

Aliny Mary Dias e Renan Nucci | 07/08/2014 11:20
Parentes e amigos acompanham velório de Mayara nesta quinta-feira (Foto: Marcos Ermínio)
Parentes e amigos acompanham velório de Mayara nesta quinta-feira (Foto: Marcos Ermínio)

Vítima do ciúme e da fúria do ex-companheiro, a jovem Mayara Cristina da Silva foi obrigada a encerrar a vida aos 22 anos. Parentes que acompanham, ainda incrédulos, o velório da jovem morta pelo ex-marido Luciano Gomes Chamorro, 28 anos, na tarde de ontem (6), se emocionam ao lembrar da vida e dos sonhos da jovem e, principalmente, do amor dela pela filha.

Mãe de Mayara, Claudia Regina da Silva, 43 anos, parece ainda não acreditar na inversão da ordem natural da vida. Enterrar a filha, para ela, é colocar fim a uma das alegrias de sua vida e também ao companheirismo de Mayara. Agora, o que resta para Claudia é cuidar da neta, que ficou órfã de mãe e pai.

“Minha filha era uma jovem muito tranquila e muito feliz. Ela era uma menina de muitos amigos, como qualquer jovem gostava de sair e se divertir. Era reservada porque tinha responsabilidade com a filha. Ela era uma mãe extremamente carinhosa e o centro da vida era a filha de três anos”, diz Cláudia.

A jovem, que trabalhou durante algum tempo como promotora de vendas da Oi, recentemente encerrou o contrato com a empresa e estava em busca de um emprego na campanha eleitoral. Mayara ainda cursava o Ensino Médio e o objetivo era cursar a faculdade de Enfermagem, seu sonho de infância.

Quando soube da morte, a mãe entrou em estado de choque e preferia estar no lugar da filha ao passar pela sensação de enterrar o próprio descendente. “Eu fiquei desesperada, não sabia o que fazer. Eu queria cavar um buraco no chão, me enterrar e desaparecer”, diz.

Sobre os detalhes que fizeram o relacionamento de Mayara e Luciano chegar ao fim, a mãe não quis comentar. Mas afirmou que a união que durou seis anos e havia acabado há quatro meses teve problemas. “Era conturbado desde o início. A minha neta está vivendo isso muito pequena, não tem compreensão do que está acontecendo, mas espera que ela cresça bem sem nenhum trauma”, desabafa.

Luciano matou a ex-mulher e se matou em seguida (Foto: Marcos Ermínio)
Luciano matou a ex-mulher e se matou em seguida (Foto: Marcos Ermínio)

Outro que relembra dos momentos felizes de Mayara é o primo Erondi Dias Vieira Júnior, 23 anos. Ele, que viveu boa parte da infância com a jovem, diz que as prioridades da jovem mudaram depois da chegada da filha de três anos.

“Nós fomos criados juntos, ela sempre foi atenciosa, educada e nunca se meteu em confusão. Desde que a filha dela nasceu, a Mayara se mostrava uma mãe muito carinhosa e tudo que ela não teve, queria dar para a filha”.

O corpo de Mayara, a sétima vítima de violência doméstica em Campo Grande este ano, será sepultado às 16h30, no Parque das Palmeiras, na Avenida Tamandaré.

Caso - Por volta das 12h10 de ontem (6), o PM invadiu a casa da ex-mulher e deu início a mais uma briga. A menina só não presenciou a morte dos pais porque um dos tios, irmão de Mayara, entrou na casa e a retirou do local.

Pouco depois, Luciano pegou a pistola calibre .40 e efetuou dois disparos contra Mayara. Em seguida, disparou contra a própria a cabeça. Ambos morreram no local. Indignado com o crime, um dos irmãos da jovem jogou uma pedra no carro do policial.

A mãe do policial, Loenir Gomes de Arruda, 58, fez questão de ter por alguns momentos a neta nos braços. Ela chegou a discutir com a prima de Mayara, Tassiana da Silva, 26 anos, que apontava como motivo do crime o fato de processo judicial ter arbitrado pensão, de cerca de R$ 700, para a pequena Karina e garantindo a guarda para a jovem morta pelo ex-companheiro.

Após a perícia, no entanto, os ânimos se exaltaram pela guarda da filha do casal. Familiares de Luciano se achavam no direito de ficar com a órfã, enquanto parentes de Mayara exigiam que se cumprisse decisão judicial, favorável a guarda pela jovem morta pelo ex-companheiro.

Para Thiago Macedo, a decisão sobre a guarda deve ser decidida na Justiça. Até uma decisão, de acordo com o delegado, optou-se em deixar a menina de três anos com a família da mãe, com quem vivia e estava sob tutela.

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