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Capital

"A sensação é de que a gente vai morrer", diz comerciante refém de bandidos

Nadyenka Castro | 03/08/2012 15:19

Jovem conta como foram as 4 horas com bandidos e diz que uma passageira conseguiu avisar o marido do roubo

Após o assalto, ônibus foram para a delegacia de Polícia para registro da ocorrência.
Após o assalto, ônibus foram para a delegacia de Polícia para registro da ocorrência.

“A sensação é de que a gente vai morrer”, resume a comerciante, de 27 anos, sobre as quatro horas em que ficou refém de bandidos à noite, só de roupas íntimas e em meio a um canavial. Ela é uma das pessoas que estavam nos ônibus atacados por bandidos na noite de domingo (29), na BR-267, em Bataguassu, a 335 quilômetros de Campo Grande. “Foi uma situação muito difícil. A gente percebe que a gente não é nada”, desabafa a jovem. Com medo, ela pediu para não ser identificada e para que não fossem feitas imagens.

A comerciante embarcou em um ônibus da empresa Grand Master Turismo na Capital e iria fazer compras em São Paulo. Era para ser a 11ª viagem dela só neste ano para a capital paulista, no entanto, no meio do trajeto o comboio formado por quatro coletivos foi alvo de assaltantes.

A viagem foi interrompida e aproximadamente 150 pessoas, conforme a comerciante, ficaram refém de bandidos por cerca de quatro horas. Ela estava no primeiro ônibus e, da sua poltrona, conseguiu ver a movimentação na rodovia. “Parecia uma blitz no meio da estrada”, conta a jovem, que assim como outras pessoas que também viajavam no coletivo, suspeitaram que não fosse barreira policial.

Do celular, a comerciante ligou para o marido. “Mas ele não conseguiu entender e a mulher que estava do meu lado ligou para o dela e falou do assalto”, fala. Ao saber do caso, diz a jovem, o homem foi até a empresa e procurou a Polícia.

A esta altura, os bandidos – vestidos com coletes da Polícia Federal e armados com fuzis, pistolas e metralhadoras -, já tinham anunciado o assalto. “Eles passaram recolhendo dinheiro igual recolhe oferta de igreja”, descreve . Depois disso, os ladrões mandaram todos ficar só de roupas intimas e os quatro veículos foram levados para uma via vicinal em meio ao canavial, às margens da BR-267.

No canavial - Os coletivos, conta a passageira, foram colocados um atrás do outro, praticamente grudados, e as chaves dos dois que ficaram na ponta foram roubadas. Desse jeito, não tinha como as vítimas tentar fugir.

Um dos assaltantes ainda perguntou quem era a mulher que havia avisado o marido sobre o roubo. O questionamento fez os passageiros suspeitar do envolvimento de policiais no caso. “Eles estavam muito tranquilos”, fala.

Enquanto os falsos policiais reviravam o interior do ônibus, os passageiros foram colocados no bagageiro externo. No escuro, sem ventilação e só com água, eles começaram a passar mal. “Nessa hora vi que podia morrer”, lembra a comerciante.

Os passageiros começaram a gritar e os bandidos deixaram eles sair por alguns instantes. Depois, eles retornaram para o bagageiro, mas, desta vez os motoristas conseguiram convence-los a quebrar as lanternas dos veículos e com o buraco o ar passou a circular.

Depois de um tempo, já por volta de meia-noite, os ladrões avisaram que iriam embora, mas que um deles ficaria. Quando as vítimas perceberam o silêncio, passaram a tentar arrombar a porta.

Foi quando um dos guias conseguiu ter acesso a parte interna do ônibus pelo bagageiro e soltou todos. Os passageiros passaram a procurar suas roupas e objetos.

Alguns encontraram mais do que esperavam. Foi o caso da comerciante, que viu que os ladrões não levaram os R$ 700 que ela havia escondido ao perceber a ação. Dela foram roubados R$ 300.

Eles ficaram nos ônibus que ainda tinha luz, tentaram socorro na rodovia e só conseguiram depois de muito tempo, quando passou uma viatura da PRF (Polícia Rodoviária Federal).

Como a empresa já havia sido avisada, por volta das 2 horas chegou ao local funcionários com chaves reservas e baterias. As vítimas foram então à delegacia de Polícia Civil e registraram a ocorrência.

E agora - Até o momento nenhum envolvido foi identificado. A suspeita é de que os bandidos sejam do Paraná, pois pelo menos um deles tinha sotaque paranaense. Os veículos usados pelos assaltantes e objetos dos passageiros não foram encontrados.

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