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Agentes reforçam suspeita de que provas foram ‘plantadas’ em veículo

Em juízo, servidores disseram não terem encontrados flambadores de sushi, que parecem armas, na caminhonete do empresário morto por ‘Coreia’ durante primeiras análises

Anahi Zurutuza e Adriano Fernandes | 11/04/2017 18:20
Ricardo Hyun Su Moon acompanhou depoimentos na sala de audiências da 1ª Vara do Tribunal do Júri (Foto: Alcides Neto)
Ricardo Hyun Su Moon acompanhou depoimentos na sala de audiências da 1ª Vara do Tribunal do Júri (Foto: Alcides Neto)
No dia 4 de janeiro, foram encontrados dois maçaricos em assoalho, em frente ao banco do passageiro. Na foto, perito mostra um deles (Foto: Reprodução)
No dia 4 de janeiro, foram encontrados dois maçaricos em assoalho, em frente ao banco do passageiro. Na foto, perito mostra um deles (Foto: Reprodução)

Em juízo, dois dos agentes de polícia científica que analisaram da caminhonete Adriano Correia do Nascimento, de 33 anos, morto por Ricardo Hyun Su Moon, após briga de trânsito em 31 de dezembro de 2016, reforçaram a suspeita de que provas foram “plantadas” no veículo depois que o mesmo passou por perícia. Um dos servidores afirmou que o pátio do Instituto de Criminalista não tem qualquer segurança.

O agente Ellison Ferreira Xavier foi o responsável por fotografar a Toyota Hilux no local da morte. Ao juiz Carlos Alberto Garcete, na tarde desta terça-feira (11), ele garantiu não ter visto nem os flambadores de sushi, objetos que se parecem com armas, e nem as duas garrafas de Catuaba que “aparecerem” na caminhonete depois que primeiros relatórios estavam prontos.

“A não ser que [os objetos] estivessem por debaixo do banco dianteiro do motorista e mesmo assim, eles teriam se movimento com a força da batida”.

No dia 31 de dezembro, ele relata não conseguiu acessar o lado esquerdo carro, que estava muito próximo ao córrego, após o acidente na avenida Ernesto Geisel, e embora o foco do trabalho dele tenha sido fotografar as marcas de tiros e encontrar projéteis, o agente diz ser quase impossível que os objetos tenha passado despercebidos.

Já Valdinei Ferreira Nunes, agente que recebeu a caminhonete no Instituto de Criminalística no dia 31 de dezembro e que também trabalhou na análise do carro no dia 2 de janeiro, revela não ter visto os maçaricos, mas diz ter encontrado garrafas. “Eu recolhi o airbag, erguemos os bancos. Tenho a certeza de que estes flambadores não estavam lá”, disse ao juiz.

Nunes não soube dizer se as garrafas são as mesmas mostradas pela promotoria durante a audiência de hoje.

Ele, entretanto, destacou que o pátio do NIV (Núcleo de Indentificação de Veículo), onde a caminhonete foi deixada ao menos até o dia 4 de janeiro, quando os flambadores “surgiram” na Hilux, é um local de fácil acesso, sem iluminação e sequer protegido por câmeras de segurança.

Foto anexada a processo mostra assoalho no dia do crime e não havia maçarico (Foto: Reprodução)
Foto anexada a processo mostra assoalho no dia do crime e não havia maçarico (Foto: Reprodução)

Delegado – Primeiro a ser ouvido nesta terça-feira, o delegado Enilton Pires Zalla, que esteve na cena, também nega ter visto os objetos no automóvel. “Quando cheguei ao local não encontrei estes objetos e se estivessem lá, teriam de estar debaixo do banco do motorista. Tenho certeza de que não estavam”.

Para o delegado, o aparecimento dos flambadores corrobora com a tese usada pela defesa de Moon de que o policial teria avistado algo parecido com uma arma com os passageiros da caminhonete e por isso, atirou. “Ao meu ver esta hipótese só foi levantada pelo ao autor [policial] depois que ele teve o contato o advogado dele, no dia do crime”.

No dia 31 de dezembro, o PRF se apresentou à Depac (Delegacia de Pronto Atendimento Comunitário) acompanhado do advogado Bento Adriano Monteiro Duailibi. Dias depois, Renê Siufi, criminalista “famoso”, assumiu a defesa de “Coreia”.

Caminhonete está apreendida desde 31 de dezembro. (Foto: Alcides Neto/Arquivo)
Caminhonete está apreendida desde 31 de dezembro. (Foto: Alcides Neto/Arquivo)

O crime – Adriano Correia do Nascimento, que era dono de restaurantes de comida japonesa na Capital, conduzia uma Toyota Hilux quando foi morto na madrugada de 31 de dezembro do ano passado, um sábado, na avenida Ernesto Geisel.

Na versão do policial, que era lotado em Corumbá e seguia em um Mitsubishi Pajero para a rodoviária, o condutor da Hilux provocou suspeita pela forma que dirigia e ele fez a abordagem após ter sido fechado.

Nos depoimentos, ele reforçou que sempre se identificou como policial e disse que avistou um objeto escuro no veículo do comerciante.

Ricardo Moon, 47 anos, foi denunciado por homicídio doloso contra Adriano e tentativa de homicídio contra Agnaldo Espinosa da Silva e o enteado de 17 anos, passageiros da caminhonete. A denúncia do MPE (Ministério Público do Estado) chegou dia 23 de janeiro à 1ª Vara do Tribunal do Júri .

O PRF foi preso em 31 de dezembro e solto no dia seguinte. No dia 5 de janeiro, voltou a ser preso e deixou a prisão no dia primeiro de fevereiro.

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