ACOMPANHE-NOS     Campo Grande News no Facebook Campo Grande News no X Campo Grande News no Instagram Campo Grande News no TikTok Campo Grande News no Youtube
OUTUBRO, QUINTA  23    CAMPO GRANDE 31º

Capital

Agricultor mantém horta por décadas, em área de escola que nunca foi concluída

No Jd. das Nações, local é alvo de depredação, descarte de lixo e mato alto; prefeitura diz que retomará obra

Por Ketlen Gomes | 23/10/2025 08:01
Agricultor mantém horta por décadas, em área de escola que nunca foi concluída
Em meio a obra de escola abandonada e mato alto, pequena plantação de couve chama atenção. (Foto: Henrique Kawaminami)

Na manhã de 31 de dezembro de 2012, foi assinada a ordem de serviço para a construção da “Escola do Parati”, unidade municipal prevista para o bairro Jardim das Nações, em Campo Grande. A obra deveria ser concluída até o fim de 2013, mas segue paralisada há mais de uma década.

RESUMO

Nossa ferramenta de IA resume a notícia para você!

A construção da "Escola do Parati", no bairro Jardim das Nações, em Campo Grande, está paralisada há mais de uma década. Iniciada em dezembro de 2012, a obra deveria ter sido concluída até o fim de 2013. O projeto incluía uma horta comunitária que seria coordenada pelo agricultor Raimundo Gomes da Silva. Mesmo com o abandono da construção, Raimundo manteve uma pequena horta no local, cultivando pimentão, couve e jiló. Atualmente, devido a problemas de saúde, ele reduziu as atividades. A Secretaria Municipal de Educação informou que a unidade está em processo de licitação para retomada das obras.

Com o abandono da construção, Raimundo Gomes da Silva, 65 anos, mantém no local uma uma horta que abastece o comércio da família, que fica em frente. Mas no projeto original e ideia era maior: criar ali uma horta comunitária para atender a merenda e a comunidade.

Raimundo hoje vive a maior parte do tempo em uma chácara, mas a filha administra a plantação. Ele já cultivava hortaliças no local, mas teve de retirar rapidamente quando o então prefeito, e hoje senador, Nelsinho Trad (PSD), assinou a ordem de serviço. Na época Raimundo era professor orientador no lugar e a proposta era para continuar depois que as aulas começassem, tocando o projeto junto com os alunos.

Agricultor mantém horta por décadas, em área de escola que nunca foi concluída
O então prefeito, Nelsinho Trad, e Raimundo Gomes da Silva, na assinatura da ordem de serviço da escola, em 2012. (Foto: Arquivo)

"Depois vieram as paralisações e o abandono, que acabaram trazendo vandalismo e furtos”, conta a filha dele, Helaine Gomes.

Com o passar dos anos e o agravamento dos problemas de saúde, Raimundo, que tem três próteses nos quadris, precisou se afastar dos cuidados diários com o terreno. Ainda assim, tenta manter o espaço ativo com ajuda de amigos e diaristas.

“De pouquinho em pouquinho, com a ajuda de algum diarista, ele plantava pimentão, couve e jiló. Porém, debilitado, não conseguia cuidar, levando aos trancos e barrancos, pensando na movimentação do espaço para indicar que ali tinha pessoas cuidando do local”, relata a filha.

Agricultor mantém horta por décadas, em área de escola que nunca foi concluída
Roupas, sapatos e lixo são deixados em uma das salas da escola abandonada, mostram que o local é usado. (Foto: Paulo Francis)

Abandono 

O mato alto toma conta do entorno do que era para ser uma escola, e há sinais de ocupação, com roupas espalhadas pelo chão e depredação do espaço. Mesmo assim, nos fundos da unidade, ainda é possível ver as couves-flores de Raimundo.

Quem também guarda lembranças da construção é Milton Lossávaro, 73 anos, que trabalhou na parte elétrica da escola. Ele conta que, quando a obra foi interrompida, a justificativa era a falta de verba.

“Passei por aqui para ver como está a obra. É um desprezo do poder público não terminar. A comunidade precisa de uma escola, e ela está assim, parada, sem serventia”, lamenta.

De acordo com Milton, o projeto original previa 12 salas de aula, secretaria, sala de informática e cozinha. Moradora do Jardim das Nações há 11 anos, Ana Carolina de Souza, 30 anos, vê a retomada da obra como uma necessidade urgente. Ela é mãe de uma menina autista e precisa caminhar 15 minutos todos os dias até o bairro vizinho para levá-la à escola.

“A rua que eu passo para levar a minha filha é um campo aberto, sempre jogam lixo lá. Se a obra já tivesse sido entregue, era só ir na outra rua, seria muito melhor, porque ela é autista, até pra ela vir sozinha, começar a aprender, seria bem melhor”, diz.

Agricultor mantém horta por décadas, em área de escola que nunca foi concluída
Sem asfalto, rua ao lado da escola é local de descarte de lixo constante. (Foto: Paulo Francis)

Ao lado do terreno, o acúmulo de lixo é constante. A rua sem asfalto e o entorno de campo aberto facilitam o descarte irregular de resíduos. Helaine conta que ela e a família tentaram manter a limpeza do local, mas desistiram após sofrer ameaças.

“Muitas vezes chamávamos atenção das pessoas que jogavam [lixo] até sermos ameaçados. Aí meu pai, com o trator, limpava a rua”, relembra. No entanto, devido às condições de saúde do pai, ele teve que parar de limpar o local.

A construção da escola também beneficiaria Helaine, que é professora e gostaria de poder trabalhar perto da sua casa. “Lamentamos muito, por vários motivos: a população precisa de uma escola no bairro, a obra parada traz transtornos como lixo, vandalismo, roubos e a falta de segurança é enorme”, resume.

A Semed (Secretaria Municipal de Educação) informou que a unidade, conhecida como Escola do Parati, está em processo de licitação para retomada das obras, paradas há mais de 10 anos.

A Semed afirmou que, após as etapas legais e administrativas, a construção será retomada “em breve”. A pasta informou ainda que a limpeza do entorno foi repassada ao setor responsável, que deve realizar roçada e retirada de entulhos nos próximos dias.

Receba as principais notícias do Estado pelo Whats. Clique aqui para acessar o canal do Campo Grande News e siga nossas redes sociais.

Confira a galeria de imagens:

  • Campo Grande News
  • Campo Grande News
  • Campo Grande News
  • Campo Grande News
  • Campo Grande News
  • Campo Grande News
  • Campo Grande News
  • Campo Grande News
  • Campo Grande News
  • Campo Grande News
  • Campo Grande News
  • Campo Grande News
  • Campo Grande News
  • Campo Grande News
  • Campo Grande News
  • Campo Grande News
  • Campo Grande News
  • Campo Grande News
  • Campo Grande News
  • Campo Grande News
  • Campo Grande News
  • Campo Grande News
  • Campo Grande News
  • Campo Grande News
  • Campo Grande News
  • Campo Grande News
  • Campo Grande News
  • Campo Grande News
  • Campo Grande News
  • Campo Grande News
  • Campo Grande News
  • Campo Grande News