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Capital

Apesar de estragos, família deseja que invasores também tenham casa própria

Flávia Lima | 25/09/2015 11:43
Eva Conceição e os três filhos comemoram a entrada definitiva na casa do residencial Celina Jallad. (Foto:Marcos Ermínio)
Eva Conceição e os três filhos comemoram a entrada definitiva na casa do residencial Celina Jallad. (Foto:Marcos Ermínio)
Representante da Defensoria Pública orienta a dona de casa quanto aos cuidados com o imóvel. (Foto:Marcos Ermínio)
Representante da Defensoria Pública orienta a dona de casa quanto aos cuidados com o imóvel. (Foto:Marcos Ermínio)

Após notificar na quinta-feira (24) as famílias que invadiram 101 casas no Residencial Celina Jallad, no Bairro Portal Caiobá, a Defensoria Pública, com o apoio da Guarda Municipal começou a cumprir as ordens de reintegração de posse expedidas na manhã desta sexta-feira (25).

Conforme uma representante da Defensoria, que não quis se identificar, apenas um mandado foi cumprido hoje. Ela explicou que as reintegrações irão acontecer conforme determinação do judiciário e que as ações que tramitam na Justiça são dos próprios donos das casas, beneficiados pelo programa Minha Casa, Minha Vida, em agosto.

Porém, as 759 unidades foram entregues no dia dois de setembro e as famílias começaram a se mudar aos poucos. Atualmente, 52 ações individuais estão em tramitação, sendo que até agora duas foram favoráveis.

Na manhã desta sexta-feira, a beneficiada com a decisão de reintegração de posse foi a família da dona de casa Eva da Conceição de Barros. Após passar momentos de tensão com os invasores, ela e os filhos comemoravam a entrada definitiva na residência, que conta com dois quartos, sala integrada à cozinha e banheiro, além de uma pequena lavanderia.

Emocionada, Eva já faz planos para deixar a casa mais confortável para a família. Mesmo com uma renda de apenas um salário mínimo, vinda do marido Adenildo da Silva, que trabalha como conferente de material de construção, ela já sonha em construir uma pequena peça do lado externo para abrigar o irmão e o avô, de 96 anos, que também irá morar com a família.

Mãe dos gêmeos João Vitor e João Gabriel, 7, e de Camila Vitória, 8, a dona de casa não se deixou abalar muito pelos estragos deixados pelos invasores, que sujaram as paredes e o chão da casa.“Só não sei se vou conseguir recuperar a pintura, mas o que importa é que hoje estou realizando meu sonho”, afirma.

Eva conta que chegou a Campo Grande vinda de Valparaiso, há cerca de cinco anos. Fez a inscrição no programa em 2010 e foi contemplada este ano. Enquanto aguardava a casa, foi morar de favor na casa do pai, no Jardim Anache. “O problema é que meu pai também tem a família dele e era mais de dez pessoas em uma casa pequena”, disse.

Sem ressentimentos - Mas a alegria de ser contemplada com a casa própria começou a se desfazer quando ela soube que há duas semanas sua unidade havia sido invadida por uma família. “Eu tinha acabado de fazer a limpeza para me mudar, quando recebi a notícia”, lembra.

Junto dos filhos, ela foi até a casa e constatou a presença de uma mulher e duas filhas pequenas. Ela tentou conversar e pediu que ela deixasse a casa, mas um grupo de amigos da invasora se reuniu e começou a gritar dizendo que não deixariam a casa.

Com medo, ela preferiu ir embora e buscar os direitos na Defensoria Pública. Em três dias o juiz deu parecer favorável a ela. “Fiquei com medo porque não sabia se eles estavam armados. Mesmo argumentando, a mulher dizia que também não tinha para onde ir”, conta.

Para entrar na casa hoje, foi preciso a presença de um chaveiro, já que a família invasora, que preferiu sair antes da chegada da Defensoria Pública, quebrou a maçaneta e levou a chave.

No entanto, nenhum contratempo abalou a alegria da família. Enquanto Eva ouvia as recomendações dos defensores sobre a preservação do imóvel, as crianças corriam pela casa explorando todos os cômodos e pediam para serem fotografadas em todos os ambientes.

A única preocupação agora é conseguir vaga em uma escola no bairro para os filhos concluírem o ano. Também faltam camas e colchões para abrigar a todos, mas os poucos móveis, que serão levados pelo pai na tarde desta sexta-feira, já devem ajudar na construção do novo lar da família. "Deus já me presenteou com uma casa, o resto a gente trabalha", diz Eva

Mesmo vendo a casa toda suja, a dona de casa se compadece ao lembrar da situação da invasora, que também não tinha para onde levar os filhos. "Não desejo mal a eles. Sei o que é ficar sem casa e espero que em breve ela também seja contemplada e tenha um lar para os filhos", deseja Eva.

Após a conclusão, o residencial terá 1.498 moradias, representando um investimento de R$ 73,4 milhões, dos quais R$ 2,69 milhões são contrapartida do governo estadual. O município de Campo Grande também participou com a doação de terreno.

Felizes com o novo lar, os irmãos fazem questão de mostrar as chaves da casa. (Foto:Marcos Ermínio)
Felizes com o novo lar, os irmãos fazem questão de mostrar as chaves da casa. (Foto:Marcos Ermínio)
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