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Capital

Bernal pediu a ministro prorrogação de programa que quer cancelar

Aline dos Santos | 20/09/2013 15:01
Naim Beydoun prestou depoimento segunda-feira à CPI da Saúde. (Foto: Cleber Gellio)
Naim Beydoun prestou depoimento segunda-feira à CPI da Saúde. (Foto: Cleber Gellio)

No centro de polêmica e troca de acusações, o convênio do Gisa (Gestão da Informação em Saúde), que permite o agendamento de consultas por telefone, na rede pública, teve pedido de prorrogação solicitado pelo prefeito de Campo Grande, Alcides Bernal (PP).

Em 16 de janeiro, o ofício 026, encaminhado ao ministro da Saúde, Alexande Padilha, e assinado por Bernal, pede prorrogação até 16 de abril de 2014. Nesta semana, a Prefeitura informou que vai entrar na Justiça pra reaver o valor já pago e que a Sesau (Secretaria Municipal de Saúde) fará um projeto paralelo para um novo sistema. Ao todo, o convênio assinado em 27 de agosto de 2009, tem valor de R$ 9.983.000,40. Destes, foram pagos R$ 9,6 milhões.

No entanto, há oito meses, o prefeito informou ao ministério que o “projeto está com 95,4% de execução física e 96% de execução financeira. Para finalizar exitosamente a implantação, a Secretaria Municipal de Saúde Pública (Sesau) está readequando e ampliando a capacidade da Rede Municipal de Dados que, mediante as constantes quedas e lentidão dos sistemas, tem constituídos entraves ao sistema”.

Cópia do ofício encaminhado pelo prefeito ao Ministério da Saúde (Reprodução)
Cópia do ofício encaminhado pelo prefeito ao Ministério da Saúde (Reprodução)

De acordo com o diretor-presidente do Consórcio Telemídia e Technology Internacional Comércio e Serviços de Informática, Naim Alfredo Beydoun, o convênio foi prorrogado e, diante da negativa da Prefeitura em prosseguir com a implantação do sistema, o Ministério da Saúde foi avisado. Segundo ele, o ministério sinalizou que vai agendar reunião para ouvir todos os envolvidos.

Conforme o diretor, Prefeitura se nega ao diálogo. Para ele, a única justificativa é fator político. “Não existe outra explicação. A rede e outras coisas são resolvíveis, nada é impeditivo, basta boa vontade”, salienta. Naim Beydoun afirma que não pretende acionar a Justiça contra o poder público.

Contudo, o impasse já foi parar na delegacia. No último dia 17 de setembro, a empresa fez Boletim de Ocorrência de Preservação de Direito. Conforme a denúncia registrada na Depac Centro (Delegacia de Pronto Atendimento Comunitário), o sistema Gisa ficou indisponível, situação que nunca ocorreu desde 2009. A queda aconteceu no dia seguinte ao depoimento do diretor-presidente na CPI (Comissão Parlamentar de Inquérito) da Saúde, realizada na Assembleia Legislativa.

O Gisa voltou a operar no mesmo dia. Conforme dados da Telemídia, dese então, foram agendadas 62 consultas. Entre janeiro de 2012 até este ano, foram 28 mil agendamentos. Segundo o diretor de projetos da empresa, Rodrigo Pereira, o agendamento por reconhecimento de voz está disponível para 28 postos do PSF (Programa de Saúde da Família).

Poém, já poderia ter sido ampliado para o total de 60 postos, incluindo as UBS (Unidade Básica de Saúde) e policlínica. “Não queremos que as pessoas fiquem na fila de madrugada. Em 2013, não conseguimos fazer nada”, enfatiza o diretor-presidente Naim Beydoun. Ao término da execução do convênio, a tecnologia será transferida para a Prefeitura.

Já o secretário municipal de Saúde, Ivandro Fonseca, acusou a empresa de não revelar o código fonte dos módulos, o que a mantém no controle do sistema por tempo indeterminado, além do pagamento de R$ 433 mil por ano.

Éramos doze – Ao todo, a empresa deveria implantar 12 módulos: sistema na recepção, disponível em 59 unidades; sistema para uso de médicos, enfermeiros e técnicos (instalado em duas unidades); prontuário do paciente (2 unidades); assistência farmacêutica e almoxarifado (dois PSF); vigilância em saúde (CCZ); sistema de acesso por reconhecimento de voz (agendamento eletrônico); e ferramenta para gerar relatórios (instalado em 59 unidades).

Outros cinco aguardam liberação para implantação: regulação de consultas e exames especializados; serviço auxiliar de diagnose e terapia (exames); atenção hospitalar; urgência e emergência nas UPAs (Unidade de Pronto Atendimento); e vigilância sanitária.

Segundo a Prefeitura, dos 12 módulos, quatro estão aptos a funcionar, mas não estão interligados. Diante das informações divergentes, a CPI da Saúde cogita fazer acareação entre o diretor da empresa e o secretário de Saúde.

O Datasus emitiu relatório sobre o programa. "A solução Gisa implantada demonstrou ser bastante consistente e atender à Modernização da Gestão para a Implementação de ações de Regulação da Saúde no município de Campo Grande, trazendo inovações que podem vir a ser incorporadas em soluções do Ministério da Saúde e aplicadas a outros municípios", afirma documento do órgão do ministério.

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