Caloura fake de Medicina já se passou por aluna de outros 3 cursos e deu golpe
Após divulgação de reportagem, várias vítimas da jovem procuraram a reportagem para relatar novos fatos

Não é de hoje que jovem de 29 anos se passa por caloura de cursos em universidades da Capital. Após a divulgação da matéria do Campo Grande News, mostrando que a "caloura fake" participou de plantões no Humap (Hospital Universitário Maria Aparecida Pedrossian) na última semana, como se fosse acadêmica de Medicina, várias histórias semelhantes foram encaminhadas à redação.
RESUMO
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Uma mulher de 29 anos, identificada como L.M.P., foi desmascarada após se passar por estudante de Medicina e participar de plantões no Hospital Universitário Maria Aparecida Pedrossian, em Campo Grande. A falsa caloura, que utilizava um jaleco verde, já havia se infiltrado em outros cursos universitários na capital sul-mato-grossense, incluindo Enfermagem, Odontologia e Biologia. Relatos de ex-alunos de diferentes instituições apontam que L.M.P. participava de aulas, grupos de WhatsApp, eventos esportivos e até mesmo viagens com atléticas. Em 2023, aplicou golpes financeiros em calouros de Enfermagem, vendendo carteirinhas de estudante falsas. A UFMS confirmou que não há matrícula em nome da golpista e encaminhou o caso à Polícia Federal. A mulher, procurada pela reportagem, recusou-se a comentar o caso.
Como se assumisse várias personalidades, ao longo dos anos ela se apresentou também como estudante de Enfermagem da Uniderp e acadêmica de Odontologia e Biologia da UFMS (Universidade Federal de Mato Grosso do Sul), apesar de nunca aparecer nos registros da Instituição. Aproveitando-se do desconhecimento dos calouros que ingressam nas instituições, ela se infiltrava nas salas de aula, grupos de WhatsApp, bares e atléticas.

Um dos relatos é de que, em 2015, a jovem chegou a viajar com times da atlética de Engenharia da UFMS para competições esportivas. “Ela falava que era estudante de Odontologia, mas o bloco fica longe do nosso, e ninguém nunca foi lá questionar se ela estava matriculada. Nunca desconfiamos dela. Achávamos que ninguém iria mentir dizendo que era estudante. É algo incompreensível. Ela viajou com a gente, ia ao Escobar, ao Batata”, relata um ex-estudante de Engenharia, que não quis se identificar.
Já outro ex-aluno de Direito da UFMS relembra que, na mesma época, a "caloura fake" foi desmascarada. “Ela falava que fazia Odontologia, mas aí soubemos que ela ia para a frente da faculdade e ficava no carro, dormindo. Mas não havia motivo para suspeitar: ela andava até de jaleco. Foi quando um amigo nosso saiu com uma menina de Odontologia e contou para a gente que ela não estava em nenhuma aula. Começamos a estranhar. Mas a surpresa mesmo foi vê-la no jornal, por fazer a mesma coisa em outro curso”, disse o rapaz, de 29 anos.

Em 2023, a "caloura fake" se passou por acadêmica de Enfermagem na Uniderp e aplicou o golpe da carteirinha de estudante nos calouros. A estudante Victoria Bithara, de 25 anos, foi uma das vítimas de L.M.P., quando ela se apresentou como representante da atlética do curso e ofereceu carteirinhas com benefícios por R$ 15.
“Quando entramos no curso, algumas semanas depois foi criado o grupo de WhatsApp, e ela [a golpista] já estava lá, vendendo uma carteirinha de estudante para obter descontos. Ela explicava direitinho os benefícios, os locais que ofereciam desconto, e mandou fotos de outras carteirinhas. Mas, depois de um mês que a gente pagou, ela dizia que estavam em produção. Enrolou por meses e sumiu”, relata.
Na época, várias pessoas pagaram a L.M.P., mas não registraram boletim de ocorrência após o golpe. “Nunca mais ouvimos falar dela e nem fomos atrás por conta do valor ser baixo. Ficamos assustados quando a reconhecemos se passando por estudante de Medicina. Porque R$ 15 é pouco dinheiro, mas entrar em um plantão é muito perigoso. Foram vidas em risco”, disse Victoria.
Ela procurou a reportagem para alertar outras pessoas. “Vai saber se ela não vai tentar fazer isso de novo com outra pessoa. É um alerta. A gente tem que ir atrás, por mais que a pessoa traga informações e imagens. Precisamos confirmar junto à universidade para comprovar se ela é mesmo aluna, se tem esse direito, para que não caia mais nisso.”
No ano passado, ela chegou a criar um perfil nas redes sociais como acadêmica de Biologia da UFMS. Nos vídeos, fazia explicações sobre vacinas, biologia celular, mentorias e até plantava um feijão no algodão. A última postagem foi em fevereiro de 2024.
Por meio de nota, a assessoria de imprensa da UFMS afirmou que não há matrícula em nome de L.M.P. e que o caso foi informado à Polícia Federal para apuração. A reportagem voltou a procurar a jovem, que, mais uma vez, disse que não iria se pronunciar.
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