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Capital

Com origem na favela, prefeito interino diz que vergonha não é parte da história

Vereador Carlos Augusto Borges (PSB) assumiu cargo nesta quarta-feira (17) devido à viagem do prefeito e vice

Aletheya Alves | 19/11/2021 06:25
Carlos Augusto Borges em gabinete enquanto prefeito interino. (Foto: Paulo Francis)
Carlos Augusto Borges em gabinete enquanto prefeito interino. (Foto: Paulo Francis)

Longe de dizer que deixou sua história para trás, o presidente da Câmara Municipal de Campo Grande, vereador Carlos Augusto Borges (PSB) conta que, durante seus dias de prefeito interino na Capital, não quis ficar no gabinete. Mais conhecido como Carlão, ele explica que ter vindo da favela faz com que seus pés se mantenham nas ruas e com orgulho.

Carlão recebeu a reportagem em seu gabinete provisório na prefeitura durante a tarde desta quinta-feira (18), explicando que estar ali era exceção. “Procurei ir mais nos bairros, vim aqui no gabinete para fazer alguma foto ou entrevista com vocês”, disse.

Carlos Augusto Borges enquanto exercia papel de liderança comunitária. (Foto: Arquivo Pessoal)
Carlos Augusto Borges enquanto exercia papel de liderança comunitária. (Foto: Arquivo Pessoal)

Após detalhar 43 anos de vida política sem nem precisar parar e pensar, Carlos contou que seu primeiro lar em Campo Grande foi uma área de invasão. “Viemos para cá com meu pai quando eu tinha 15 anos para a gente estudar. Moramos ali no Monte Castelo, mas depois, ele comprou uma casa no Corredor [do Nova Lima]. Não tinha documentação, mas era de um senhor”.

Durante a conversa, Carlão preferiu destacar que nunca se envergonhou de dizer que morava em uma área cercada de barracos.

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Tinha um colega que descia do ônibus várias quadras para frente do Corredor e voltava a pé. Eu perguntava se ele tinha vergonha de dizer que morava ali e ele dizia que se contasse, as meninas não iam querer namorar com ele. Eu nunca tive essa vergonha", explica.

Interligando seu cargo atual ao início na vida política como líder comunitário, ele relatou que foi a vivência entre os jovens do Nova Lima, que fez com que surgisse o desejo de se tornar militante pelo “desfavelamento”.

Vereador Carlos visitando obras no Nova Lima, em 2020. (Foto: Arquivo Pessoal)
Vereador Carlos visitando obras no Nova Lima, em 2020. (Foto: Arquivo Pessoal)

“Meu trabalho sempre foi no sentido comunitário. Militei muitos anos sobre a questão de invasões, participei do primeiro congresso estadual de MS em que criamos a primeira secretaria de assuntos fundiários. Foi criada justamente para regularizar e cuidar das favelas”, Carlão explica.

Carlos narra que seu caminho sempre partiu de seu desejo pela moradia regularizada, se tornando presidente da Associação de Moradores do Corredor do Nova Lima, posteriormente, liderou a comissão de regularização de favelas da Capital, sendo vice-presidente da Confederação de Associações de Moradores e União Campo-Grandense de Associações de Moradores de Favelas e Assentamentos.

Registro de barraco em favela na região do Bairro Nova Lima, década de 1980. (Foto: Arquivo Pessoal)
Registro de barraco em favela na região do Bairro Nova Lima, década de 1980. (Foto: Arquivo Pessoal)

Após passar por organizações e secretarias, Carlão se tornou vereador em 2008. Questionado sobre suas prioridades atuais, ele explicou que segue a mesma de quando se tornou líder comunitário, “eu acho que se eu deixar de ajudar, não tenho sentido estar na política. A política é você ajudar as pessoas, ajudar a cidade”. Por isso, diz que seus pés precisam estar nas ruas.

Cargo provisório - Carlos Augusto Borges assumiu como prefeito interino nesta quarta-feira (17) e segue até hoje. Titular, Marquinhos Trad e a vice Adriana Lopes viajaram para o Paraguai, representando a Capital em diversas reuniões para tratar sobre a Rota Bioceânica.

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