ACOMPANHE-NOS     Campo Grande News no Facebook Campo Grande News no X Campo Grande News no Instagram Campo Grande News no TikTok Campo Grande News no Youtube
SETEMBRO, QUARTA  17    CAMPO GRANDE 30º

Capital

Comportamento diferente em escola revelou abusos de vizinho que revoltou bairro

Homem teve casa incendiada na noite de terça-feira e fugiu; caso é investigado

Por Ana Paula Chuva e Bruna Marques | 17/09/2025 07:47
Comportamento diferente em escola revelou abusos de vizinho que revoltou bairro
Casa do suspeito foi destruída por aproximadamente 100 pessoas (Foto: Marcos Maluf)

Os abusos do tratorista de 47 anos que teve a casa incendiada na noite de terça-feira (16) foram descobertos após uma das vítimas apresentar comportamento “diferente” na escola. A mãe foi chamada à unidade e, em conversa com a filha, a criança relatou que o homem a beijava na boca e passava a mão em seu corpo. A residência localizada no bairro Nossa Senhora das Graças foi totalmente destruída, e o suspeito fugiu.

RESUMO

Nossa ferramenta de IA resume a notícia para você!

Um tratorista de 47 anos é acusado de abusar sexualmente de crianças no Bairro Nossa Senhora das Graças. O caso veio à tona após uma das vítimas, de 6 anos, apresentar comportamento diferente na escola, levando a instituição a contatar a mãe da menina. Após a primeira denúncia, outras duas crianças também relataram abusos. O suspeito, que mora com a esposa e quatro filhos, teria beijado as meninas na boca, passado as mãos em seus corpos e as convidado para relações sexuais. Após as denúncias, a casa do acusado foi incendiada e ele está foragido.

Uma das mães conversou com o Campo Grande News na manhã desta quarta-feira (17). A filha dela tem 6 anos e brincava com as filhas do homem. Ela contou que ficou sabendo do crime no último domingo, após a vizinha ser chamada pela escola da filha.

“A minha vizinha descobriu primeiro porque foi chamada na escola. Eles disseram que a menina estava com comportamento estranho. Quando ela chegou em casa, ela perguntou e a menina contou que foi tocada por ele”, afirmou a dona de casa de 24 anos.

No entanto, a vizinha não contou o caso assim que soube, com medo da desconfiança. Ao saber do ocorrido, a jovem conversou com a filha, que afirmou que o homem a beijava na boca, passava a mão em seu corpo e a chamava para ter relações sexuais.

“Minha filha brincava com a dela, aí ela perguntou e minha filha contou, chorando. No outro dia contei para outra vizinha e a filha dela também contou sobre o abuso. Fomos à delegacia e fizemos boletim de ocorrência”, relatou a mulher.

Ainda segundo a jovem, o homem mora com a esposa e tem quatro filhos. São dois homens adultos e duas meninas. “A mulher dele toma remédio controlado, então ele a dopa durante o dia. Faz dois anos que ele mora aí. A mulher dele ainda falou que o que ele fez não é abuso. Como não é abuso? Um dos filhos dele também falou isso e acabou apanhando aqui ontem”, pontuou.

Também nesta manhã, um dos filhos do homem estava na casa que foi incendiada, porém ele optou por não falar com a imprensa até que tudo seja comprovado. O suspeito até o momento não foi encontrado e o caso segue sendo investigado. A residência ficou totalmente destruída.

A dona de casa, de 31 anos, contou à reportagem que, no dia 8, foi chamada à escola pela coordenação. Ao chegar à escola, foi informada de que a filha, de 8 anos, estava com a sexualidade muito avançada, que ela passava a mão nos meninos e começou a falar sobre sexo. "Minha filha nunca foi assim; eu nunca recebi reclamação sobre ela na escola; é a primeira vez. Eu nunca fui ao Conselho Tutelar, não tenho esses comportamentos em casa, não escuto funk; somos só eu e meus filhos, temos nossa rotina e ela não presencia isso; por isso, estranhei", relatou.

A mulher, que na infância também foi vítima de abuso sexual, entendeu os sinais apresentados pela menina. "Eu sei como é e, na hora em que a coordenadora falou, eu já sabia o que tinha acontecido, porém, eu fui atrás para saber quem era e o que havia acontecido de fato."

Segundo a mãe, amparou e abraçou a filha; foi nesse momento que a menina contou: "Ela falou que o pai da amiguinha tinha passado a mão nela e beijado na roupa dela".

Sabendo que mais crianças brincavam com a filha do suspeito, a mulher decidiu conversar com a vítima de 6 anos. "Falei: 'Filha, conversa com a tia, fala para a tia que aconteceu alguma coisa'. Não incentivei, não falei assim: 'Ah, fulano fez'. Não, perguntei se alguém já fez alguma coisa com ela, para ela mesma falar. Aí ela começou a chorar muito e ela falou: 'Tia, ele fez sexo comigo'", relembrou.

Ainda conforme relatado por ela, a menina completou: "Beijou a minha boca de língua; em mim não doeu, mas na amiguinha (filha do suspeito) doeu." "Ela relatou isso espontaneamente; nem perguntei nada. Eu fiquei apavorada. De imediato, não contei para a mãe dela porque é um assunto muito sério; fiquei com medo de que a mãe não acreditasse."

Ao ouvir a revelação, a mulher disse que ficou apavorada e não sabia o que fazer. "Foi quando chamei um rapaz que é da ONG, que mora aqui na comunidade e que sempre faz projetos com as crianças. Conversei com ele porque está cursando psicologia e perguntei o que eu tinha de fazer. Então ele disse: 'Vamos denunciar à escola, para não aparecer o seu nome'. Fomos à escola, mas demorou; nisso, passou uma semana e nada de a escola responder, nem de chamar o Conselho Tutelar. Nada: um silêncio".

Sem saída, ela decidiu contar para a outra mãe. "A gente precisa pensar juntas; eu já estava apavorada, desesperada, não sabia mais o que fazer e contei para ela no último domingo. Quando ela ficou sabendo, fomos para a delegacia, registramos boletim de ocorrência e foi feito o exame de corpo de delito. Não houve penetração, mas ele passou a mão. Como eu disse, ele fala que não deixa provas; no caso, ele já está acostumado a fazer isso".

Após saírem da delegacia, as mulheres voltaram para casa e ficaram aguardando a polícia comparecer ao local, mas, segundo ela, nenhuma equipe compareceu, nem mesmo no dia seguinte. "A população foi se revoltando. Apareceram mais dois meninos, filhos de uma mãe que já havia ido embora porque ficou sabendo. As crianças brincavam lá também. Eu perguntei aos meninos, e um deles relatou que o homem também passava a mão nos meninos. Foi quando os vizinhos se revoltaram e foram para cima. Só que, nisso, ele já sabia que a população ia fazer isso; foi à delegacia para sair livre, porque sabe que a Justiça não vai fazer nada, pois é preciso provar e a investigação é longa".

Caso — De acordo com o boletim de ocorrência, o Corpo de Bombeiros e a Polícia Militar foram acionados por volta das 18h30 de ontem. Em frente à residência do suspeito, estavam aproximadamente 100 pessoas arremessando pedras, e o incêndio já havia começado enquanto os moradores clamavam por justiça.

Os militares fizeram contato com três mulheres que relataram que suas filhas haviam sido vítimas de abuso sexual. Elas relataram que o dono da residência praticava o crime contra as meninas e, após a informação se espalhar pela comunidade, decidiram atear fogo na casa, já que o homem fugiu.

A equipe do Corpo de Bombeiros controlou as chamas e os policiais da Força Tática contiveram a população. O caso foi registrado na delegacia e está sob investigação.

Receba as principais notícias do Estado pelo Whats. Clique aqui para acessar o canal do Campo Grande News e siga nossas redes sociais.

Confira a galeria de imagens:

  • Campo Grande News
  • Campo Grande News
  • Campo Grande News
  • Campo Grande News
  • Campo Grande News