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Capital

Condenado a 70 anos, preso simulou doença e trocou tiros para tentar fugir

Aline dos Santos e Ana Paula Carvalho | 02/05/2011 17:57
Carlos Henrique, que fez dez reféns hoje ha Máxima, foi condenado por 14 roubos. (Foto: João Garrigó)
Carlos Henrique, que fez dez reféns hoje ha Máxima, foi condenado por 14 roubos. (Foto: João Garrigó)

Refém na tentativa de fuga frustrada no presídio de Segurança Máxima, um agente penitenciário contou detalhes da ação em que dez pessoas foram rendidas por dois presos armados com uma pistola nesta segunda-feira.

O servidor, que prestou depoimento hoje na 3ª delegacia de Polícia Civil, relata que Carlos Henrique da Silva, vulgo “Danone”, de 31 anos, simulou está passando mal para conseguir sair da cela, no pavilhão 2.

“Ele estava com a boca sangrando. Não sei se ele mesmo se agrediu. E o Adilson ficava carregando o Carlos, falando que ele estava passando muito mal”, conta.

Os dois agentes retiraram Carlos e Adilson Pereira da cela e os levaram até o pavilhão 4, que concentra o atendimento em saúde. Em seguida, Carlos ameaçou os agentes com uma pistola. “Ele falava que queria ir embora sem machucar ninguém”, recorda.

Um terceiro agente viu a situação e apitou. “Os policiais subiram na muralha e viram. Então o Carlos deu um tiro e os policiais revidaram. Ele correu para dentro e trancou o pavilhão com os reféns”, relata o agente, que levou uma coronhada. Enquanto o colega que ajudou a retirar os presos da cela ficou sob a mira da arma.

“Quando a Cigcoe chegou e começou a negociação, eles foram liberando os reféns”. O último a ser solto foi o outro agente.

Algemado pela esposa – “Eu tentei fugir e não deu certo. Pega a imprensa, um advogado e vem para cá”. Com esta frase Carlos Henrique da Silva avisou a esposa, uma jovem de 20 anos, sobre a tentativa frustrada.

Ela conta que recebeu o aviso pelo celular. O preso usou o telefone de um agente para dar o aviso. A mulher entrou no presídio acompanhada por um cinegrafista, o advogado Edgar de Souza Gomes e um policial.

Segundo a esposa, o preso riu ao vê-la e entregou a arma. Ela o algemou e entregou a pistola para o policial. Mãe de uma criança de 5 anos, ela não quis se identificar. “Tenho medo de represálias”.

Revisão – O advogado Edgar de Souza Gomes foi contratado pela família de Carlos Henrique da Silva para tentar a revisão da pena. Segundo ele, o preso foi condenado por 14 assaltos, que somam pena de 70 anos.

Ele já cumpriu seis anos. “A pena era de mais de cem anos e já foi revista para 70 anos. Vamos ver agora o que pode ser feito”, afirma. O advogado nega os disparos contra os policiais durante a tentativa de fuga.

A polícia aguarda resultado do exame residuográfico para verificar se o preso efetuou ou não disparos. Na versão oficial repassada à imprensa, não houve tiroteio.

O preso deve responder também por porte de arma, tentativa de fuga e lesão corporal. Somadas, as novas penas devem somar até três anos.

Pistola – O fato de uma pistola está nas mãos de um preso menos de uma semana depois da Máxima passar por um pente-fino também será investigado. Por hora, ninguém sabe informar como a arma entrou no presídio. Os presos se negaram a dizer como obtiveram a pistola.

O diretor-presidente da Agepen (Agência Estadual de Administração do Sistema Penitenciário), Deusdete de Oliveira, admitiu falha na segurança e acredita que a arma possa ter entrado na visita do fim de semana.

“No sábado e no domingo, cerca de 600 pessoas visita, os presos. Acredito que arma possa ter entrado desmontada, em pedaços”, afirma. O presídio tem 1700 presos.

O preso Fábio Delgado também prestou depoimento sobre a tentativa de fuga na Máxima. De acordo com o delegado Dmitri Palermo, ele não teve participação direta. Ele tentou fugir, se aproveitando da situação. O preso já retornou para o presídio.

Passado - Carlos Henrique é um dos 12 presos que foram considerados lideranças da facção criminosa PCC (Primeiro Comando da Capital) durante a rebelião em 2006.

A facção realizou rebeliões simultâneas nos presídios de Campo Grande, Corumbá, Dourados e Três Lagoas no Dia das Mães. O grupo chegou a passar um ano na penitenciária federal de Catanduvas, no Paraná. Os presos retornaram em setembro de 2008. O advogado frisa que o preso não tem condenação relativa à rebelião.

Máxima foi cenário de tentativa de fuga nesta segunda-feira. (Foto: João Garrigó)
Máxima foi cenário de tentativa de fuga nesta segunda-feira. (Foto: João Garrigó)
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