De 500 ligações para Disk Aborto da igreja, só 26 resolveram ter o bebê
A morte de Marielly Rodrigues Barbosa, 19 anos, trouxe mais uma vez à tona a discussão sobre o aborto, depois do escândalo envolvendo a ex-médica Neide Mota Machado, em Campo Grande.
Criado para tentar convencer as mulheres a não levarem a diante a ideia de interromper a gravidez, estatísticas do "Disk Aborto" mostram que de 500 mulheres que procuraram o serviço de conscientização da igreja Católica, neste ano, apenas 26 resolvem ter o bebê.
O trabalho já existe há 16 anos em Campo Grande. A divulgação é feita no jornal de forma sugestiva para atrair as mulheres até o local.
“Já houve casos de gente vir do interior para fazer aborto, e quando chega vê que é uma igreja, muitos nem entram", disse a coordenadora que pediu para não ser identificada, como forma de preservar a intenção de atrair as mulheres grávidas.
Ela conta que a pessoa liga porque acredita ser uma clínica de aborto. “Eles ficam bravos dizendo que é uma propaganda enganosa”. Em média o programa recebe seis ligações por dia.
“Quando chega aqui a gente orienta sobre o valor da vida, e perguntamos se a pessoa tem conhecimento de como é feito um aborto”.
A mulher que decide ir em frente com a gravidez é assistida durante toda a gestação e tem auxilio de um psicólogo, um médico, além de receber um enxoval da pastoral.
Caso Marielly- A Polícia acredita que Marielly morreu após um aborto malsucedido. Desaparecida desde o dia 21 de maio, ela foi encontrada morta no último sábado (11), e estava com roupas aparentemente iguais as usadas em cirurgia. Ela estava sem roupa íntima e com o cabelo trançado.
Mesmo com a confirmação da gravidez por um exame de sangue feito em 28 de fevereiro deste ano, não havia feto no corpo quando foi encontrado em um canavial, em Sidrolândia.
Conforme a perícia, na região pélvica foi constatada hemorragia muito grande. O corpo foi encontrado em estado de mumificação, o que significa que ela perdeu muito líquido.
Também como o caso de Marielly, foi muito repercutido em 2007 a descoberta da clinica de “planejamento familiar” da ex-médica Neide Mota. Apesar de o estabelecimento ser próximo ao centro, ela atuou durante 20 anos, sem ter problemas com a justiça.
Na época foram encontrados na clínica remédios para indução ao aborto e um arquivo com 9.986 nomes de mulheres que passaram pela clínica.